O Verão está aí e a Isabel (Caderno de Campo) fez-me folhear de novo a "Senhora das Tempestades", um excelente livro de poesia e de amor de Manuel Alegre, ao Mar e à Foz do Arelho...
Foz do Arelho
ou
Primeiro Poema do Pescador
Este é apenas um pequeno lugar do mundo
um pequeno lugar onde à noite cintilam luzes
são os barcos que deitam as redes junto à costa
ou talvez os pescadores de robalos com suas lanternas
suas pontas de cigarro e suas amostras fluorescentes
talvez o Farol de Peniche com seu código de sinais
ou a estrela cadente que deixa um rasto
e nada mais.
Um pequeno lugar onde Camilo Pessanha voltava sempre
talvez pelo sol e as espadas frias
talvez pela orquestra e os vendavais
ou apenas os restos sobre a praia
«pedrinhas conchas pedacinhos d'osso»
e nada mais
Um pequeno lugar onde se pode ouvir a música
o vento o mar as conjugações astrais
um pequeno lugar do mundo onde à noite se sabe
que tudo é como as luzes que cintilam
um breve instante
e nada mais.
Manuel Alegre, Foz do Arelho, 8.8.96
12 comentários:
Gostei muito desta viagem contigo.
Esta fotografia (tirada do cais) está linda...
Consigo quase ver a aberta, e a ilha do outro lado... com muita imaginação, claro...
O Manuel Alegre ama também esta praia... e vai tentar a sorte ao robalo, frequentemente...
Uma bela conjugação - a imagem e o poema de Manuel Alegre!
Tão bom ...
Luís Éme
Obrigada
( e ... ADORO, Camilo Pessanha !)
b*
para ti
É lindo o mar da Foz...
Ainda bem Maria. Este livro é muito bom...
A foto é minha...
Desde a adolescência que me cruzava com o poeta Alegre, ao fim da tarde, à beira mar, próximo da aberta...
Também acho Rosa...
É verdade, já foste ao "Rosa dos Ventos"?
Ainda bem que gostaste Isabel...
É mais que lindo Marta...
Sorte haver um poeta a cantar assim os mares que consideramos como nossos...
Sorte mesmo, Sininho...
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