sexta-feira, junho 29, 2007

A Poesia do Mar da Foz


O Verão está aí e a Isabel (Caderno de Campo) fez-me folhear de novo a "Senhora das Tempestades", um excelente livro de poesia e de amor de Manuel Alegre, ao Mar e à Foz do Arelho...

Foz do Arelho
ou
Primeiro Poema do Pescador

Este é apenas um pequeno lugar do mundo
um pequeno lugar onde à noite cintilam luzes
são os barcos que deitam as redes junto à costa
ou talvez os pescadores de robalos com suas lanternas
suas pontas de cigarro e suas amostras fluorescentes
talvez o Farol de Peniche com seu código de sinais
ou a estrela cadente que deixa um rasto
e nada mais.

Um pequeno lugar onde Camilo Pessanha voltava sempre
talvez pelo sol e as espadas frias
talvez pela orquestra e os vendavais
ou apenas os restos sobre a praia
«pedrinhas conchas pedacinhos d'osso»
e nada mais

Um pequeno lugar onde se pode ouvir a música
o vento o mar as conjugações astrais
um pequeno lugar do mundo onde à noite se sabe
que tudo é como as luzes que cintilam
um breve instante
e nada mais.



Manuel Alegre, Foz do Arelho, 8.8.96

12 comentários:

Maria P. disse...

Gostei muito desta viagem contigo.

Maria disse...

Esta fotografia (tirada do cais) está linda...
Consigo quase ver a aberta, e a ilha do outro lado... com muita imaginação, claro...

O Manuel Alegre ama também esta praia... e vai tentar a sorte ao robalo, frequentemente...

Rosa dos Ventos disse...

Uma bela conjugação - a imagem e o poema de Manuel Alegre!

Isabel Victor disse...

Tão bom ...
Luís Éme

Obrigada

( e ... ADORO, Camilo Pessanha !)

b*
para ti

M.M. disse...

É lindo o mar da Foz...

Luis Eme disse...

Ainda bem Maria. Este livro é muito bom...

Luis Eme disse...

A foto é minha...

Desde a adolescência que me cruzava com o poeta Alegre, ao fim da tarde, à beira mar, próximo da aberta...

Luis Eme disse...

Também acho Rosa...

É verdade, já foste ao "Rosa dos Ventos"?

Luis Eme disse...

Ainda bem que gostaste Isabel...

Luis Eme disse...

É mais que lindo Marta...

Ana M. disse...

Sorte haver um poeta a cantar assim os mares que consideramos como nossos...

Luis Eme disse...

Sorte mesmo, Sininho...