quinta-feira, novembro 08, 2012

Os Pratos Metálicos...


Estava à procura de uma imagem para um trabalho, quando encontrei este quadro de Mário Fani, que estava guardado para publicar por aqui, um dia destes, com o pensamento no meu pai e no meu sogro, que já não estão entre nós.

Ambos nascidos e criados na Beira Baixa, tinham um fascínio pelos pratos metálicos, com que deveriam ter a maior parte das refeições durante os anos que viveram nas suas aldeias, que ainda continuam quase perdidas no interior.

Digo fascínio, porque pude testemunhar nos dois casos que, quando por uma ou outra razão, almoçavam sozinhos e tinham de tirar os pratos do armário, escolhiam sempre os de metal, quase escondidos e com muito pouco uso (a mãe usava-os apenas para os fritos...).

Só hoje é que pensei na razão pela qual o faziam. 

Provavelmente aquele gesto simbolizava o seu regresso à infância, à mesa da casa dos pais. Apesar de terem sido tempos de fome (ambos cresceram durante a Segunda Guerra Mundial...), estava tudo ali, reflectido naqueles pratos...

5 comentários:

Avô Cantigas disse...

Foram outros tempos, que o menino felizmente não viveu.

Anónimo disse...

Caro Luis

Esta curiosa invocação dos pratos metálicos, provávelmente os esmaltes (?)trouxeram-me à lembrança o garfo preferido do meu avô, garfo este de ferro já bem oxidado de ferrugem e com o cabo de chifre de boi...dizia ele que as batatas e o peixe cozido tinham outro gosto, mais genuíno....Creio que a fome que passaram está na origem dessas particularidades....quando se tinha pouco, tudo era bom e tinha outro gosto, outro paladar...uma costoleta tinha outro gosto quando era dividida por 5 pessoas....sou testemunha disso.

um abraço
Vitor Pires

Luis Eme disse...

pois, felizmente.

Luis Eme disse...

sim, de esmalte, Vitor.

acho que é isso mesmo, a fome, memórias com reflexos das dificuldades...

Anónimo disse...

Eu também tive um prato de alumínio grosso não sei como foi, um tio deu à mãe... era o nosso prato... não se partia... naquela época, partir um prato, era sova à vista...parabéns pela recordação.