quarta-feira, novembro 26, 2008

Não é Apenas a Paixão pelo Bordalo...

Não é apenas a paixão por Rafael Bordalo Pinheiro, que torna a Isabel uma pessoa especial. Muito menos o facto de ser livreira, pelo menos no sentido comum da profissão.

O que a torna especial é o amor que tem às coisas da cultura, que tanto pode ser uma taça de louça artística, um desenho ou um livro.

A paixão pelos livros faz com que a sua livraria, cujo nome é tão vulgar ("107", imaginem só...), seja já um quase "ex-libris" das Caldas, por ser tão conhecida, pelo menos nos meios literários de Norte a Sul.
Sem a Isabel não existiam os "Cafés Literários", não havia a possibilidade de se escutarem as palavras sábias de tanto escritor, nem a possibilidade de se coleccionar os seus autógrafos (sim, que os livros são um objecto especial, com múltiplas funções, além da leitura...).

Por tudo isto (e por tantas outras coisas), obrigado Isabel, por teres escolhido as Caldas, para lhe dares "banhos" de cultura!

sexta-feira, novembro 21, 2008

Comboios e Pessoas Especiais

Gostei de ler e de ver nas notícias televisivas o ar de satisfação de Manoel de Oliveira, homenageado pela CP, com direito a passadeira vermelha na gare de São Bento, na atribuição do seu nome a um Alfa pendular.

Ele está quase nos cem e continua um bem agradecido a todos, sem se sentir assim tão especial, como devia, pois é um grande cineasta e um grande portuense.
Gosto de o transcrever: «sinto-me profundamente comovido por saber que este comboio (com o seu nome) vai fazer a ligação do Porto para a Régua e o Douro, essa terra prodigiosa e extraordinária da vinha e do vinho.»

Sinto-me feliz por ele nunca ter "emigrado", por se sentir um mal amado, por ter sido sempre mais ovacionado no estrangeiro que entre nós.
Manoel de Oliveira sempre soube que o povo português é o menos culpado do seu défice cultural...

Ele não aparece aqui por acaso, eu adoro viajar de comboio e gosto muito da tão desprezada e esquecida Linha do Oeste...

sábado, novembro 15, 2008

Gatos do Mundo

Continuo com dificuldade em perceber a "humanização" que se tem feito dos animais, especialmente cães e gatos.

Percebo que muitas destas mudanças têm que ver com o papel que os animais adquirem em alguns lares. São quase os filhos que não apareceram, por uma razão ou outra, tendo um tratamento que os faz viverem num limbo, entre o mundo dos animais e dos humanos.
Sempre cresci na companhia de animais. Claro que na casa dos meus pais sempre houve espaço, um bom quintal para os nossos cães andarem à vontade. A avó também sempre teve gatos.
Os cães sempre tiveram o seu espaço no quintal, nunca entravam em casa. A única excepção era a cozinha, onde o cheiro a comida, fazia com que ultrapassassem a fronteira...

Toda esta conversa surge porque a minha sogra sempre teve gatos. Também tem um grande quintal, onde eles andam à vontade e marcam o seu espaço, em vários lugares como a nespereira, polida pelas suas garras. Claro que a porta de casa não lhes está completamente vedada, entram e saem sem crises, quando apanham a porta aberta. Os únicos lugares de acesso reservado são os quartos e a sala de fora.
Foi por isso que me espantei pelo tom de censura aplicado por uma senhora, que falava com ela, por os gatos andarem no quintal e na rua. Teve mesmo o descaramento de lhe dizer que: «Assim não vale a pena ter animais», como se o lugar deles fosse em casa...
Ouvi e calei, porque a conversa era entre mulheres...

Respeito quem pensa que o lugar dos animais é em casa. Não penso assim, mas seria incapaz de dizer que eu é que estou certo e os outros errados.
Mas continuo a pensar que o lugar dos animais é em contacto com a natureza, em espaços onde se sintam em liberdade, onde possam correr e saltar...

segunda-feira, novembro 10, 2008

Bordalo Pinheiro e as Caldas

Rafael Bordalo Pinheiro podia muito bem ser comparado a um "vendaval artístico", que passou pelas Caldas, no final do século XIX, tantas foram as marcas que ficaram. E que felizmente permanecem, mais de um século depois, numa cidade que nunca mais deixou de se afirmar pela arte da cerâmica.
As Caldas continuaram presentes na sua arte gráfica, como é o caso deste número de "pontos nos ii", onde faz eco à inauguração do Caminho de Ferro na então Vila.

terça-feira, novembro 04, 2008

Há Tanto Oeste!

As "Viagens Pelo Oeste", de vez em quando, são motivo de conversa, com algum escárnio à mistura, para variar.

Curiosamente, estava longe de pensar que o Oeste, apesar da proximidade da Capital, fosse quase desconhecido para tantas pessoas, pelo menos como ponto turistico.
Quase todas as pessoas já passaram por lá, mas não se lembram de visitar um museu ou um monumento, com a excepção dos Castelo de Óbidos e Mosteiro de Alcobaça. Algumas até mesmo em relação ao Parque das Caldas, têm apenas uma vaga ideia, um lago, uns peixes e uns patos...
É graças a esta "ignorância", que fico a sensação que muitos portugueses preferem andar centenas de quilómetros para passearem, ou quando o dinheiro abunda, apanharem um avião e partir para parte incerta, onde existam filas de coqueiros e água salgada com vinte e vários graus...
E é tão fácil sugerir uma "viagem pelo Oeste", mesmo num único dia...
Lugares obrigatórios? Alcobaça (Mosteiro); Nazaré (Praia e Sítio); S. Martinho do Porto (Baía); Caldas da Rainha (Praça da Fruta, Parque D. Carlos, Museu José Malhoa, Museu da Cerâmica), Óbidos (Castelo e Vila no seu interior), Foz do Arelho (Mar), Peniche (Cabo Carvoeiro), e fico-me por aqui...

Mas se existem tantos lisboetas que não conhecem os jardins da Gulbenkian, porque haveriam de conhecer o Oeste?