segunda-feira, novembro 26, 2007

David & Golias

Colocando de parte alguma baixaria política na guerra de poderes cor de laranja, não posso deixar de tirar o chapéu ao "alcaide" da vila de Óbidos, que, graças à sua clarividência e acção, tem conquistado pontos à cidade vizinha, presidida por mais um "dinossauro", igual a tantos outros, que se habituaram ao poder e não conseguem viver sem ele - mesmo que já tenham ultrapassado o prazo de validade como autarcas -, como se de uma droga se tratasse...
Estou a falar de Telmo Faria e de Fernando Costa, claro.

Mas não deixa de ser estúpido andarem com o passo trocado, há vários anos, não aproveitando a beleza de toda a região, com a realização de actividades conjuntas...

terça-feira, novembro 20, 2007

Os Campos de Cimento

Um dia destes percorri o caminho que fazia diariamente, para a escola primária, de regresso a casa, entre o Bairro da Ponte e o Bairro dos Arneiros ...
Consegui encontrar os amigos que me acompanhavam, sempre com mil e uma brincadeira, em ambas as direcções, numa estrada ainda pouco perigosa, com muito mais bicicletas e motorizadas que carros...
Tanto espaço aberto, hoje ocupado por urbanizações...
Desapareceram as áreas verdes (pinhais e hortas) que cercavam o bairro, a estrada única de entrada deu lugar a outras passagens e até a uma ponte sobre a Linha do Oeste, que quase apagou a antiga passagem de nível.
A velha casa do Zenário (penso que é assim que se escreve...) e os mil e um anexos que a rodeavam foram substituídos por apartamentos...
Já no meu bairro, parei na rua detrás, junto da escola primária, que vi construir. Olhei os desaparecidos campos de terra escura, onde corri quilómetros atrás das bolas que apareciam, sempre pela equipa da rua do meio (a rua 26, que é agora a rua do Compromisso...).
Olhei os prédios em frente da escola e puxei pela memória, à procura dos moradores da minha geração. Apareceram o Fernando, o Pedro e os irmãos, o João e o Hilário, a Luísa... quem também não perdeu a oportunidade de aparecer foi a impagável leiteira - que distribuía o leite e o "jornal" porta a porta - e o marido claro, muito pequeno e magro, uma autêntica caricatura ambulante.
Senti-me quase prisioneiro naquela selva, porque os Campos agora são de cimento...

A fotografia não tem muita qualidade mas retrata os primeiros tempos do Bairro dos Arneiros, nos anos cinquenta, com a casa do Zenário, logo à sua entrada...

quinta-feira, novembro 15, 2007

O Penedo Furado

Muitas vezes, depois de conversas de trabalho informais, sobra algum espaço para sabermos mais coisas uns dos outros.
Foi o que aconteceu ontem à tarde, quando uma senhora descobriu que eu era de Caldas da Rainha. Sem que a interrompesse, disse que costumava passar férias na Foz do Arelho durante a infância e visitava sempre a cidade da louça e das cavacas (são palavras dela...).
Ainda teve o cuidado de dizer que já não se perdia por aqueles lados há uns bons vinte anos.
O mais curioso foi perguntar-me se aquela rocha com um buraco enorme, ligeiramente afastada da praia, ainda existia. Com o desenvolvimento da conversa percebi que estava a falar do Penedo Furado. Disse-lhe que sim, ainda lá estava, embora a erosão o colocasse cada vez mais em perigo.
Fiquei a pensar nas coisas que nos lembramos, nas memórias que ficam da infância...

domingo, novembro 11, 2007

Recordações do Preto

Na casa dos meus pais sempre houve animais, mas nunca os baptizámos com nomes muito humanos, não sei porquê...
Por termos espaço e vivermos ligeiramente afastados da cidade, sempre tivemos um cão de guarda e companhia, e por vezes também um gato (é verdade, nunca tivemos mais de um gato... e era sempre gato mesmo, nada de gatas, provavelmente por causa dos gatinhos...)
De todos estes animais nunca esqueci o "Preto", o bicho mais inteligente que conheci.
Não era gato de casa, de passar o tempo a ronronar e a roçar-nos as pernas, preferia ficar a olhar-nos no seu canto. Só chamava a nossa atenção com as suas habilidades. Por exemplo, era um caçador nato. Eu adorava ficar sentado no quintal a vê-lo nas suas "caçadas", a saltar pelo ar atrás das presas, e de vez em quanto lá apanhava um pássaro mais distraído...
Tinha outra característica, a preferida da mãe. Era incapaz de roubar o que quer que fosse da cozinha, ao contrário de outros sonsos que viveram lá por casa, que não podiam ver nenhum alimento à "pata de semear".
Também era um galã de telhado, no tempo das "gatas" desaparecia, só vinha a casa para as refeições...
Como acontece com tantos gatos, foi atropelado quase mortalmente. O meu pai encontrou-o estendido na estrada, a miar, próximo da nossa casa e trouxe-o para dentro.
Tinha ficado paralisado da cintura para baixo e chorava, quase como um ser humano. Eu também chorei. Acho que foi a primeira e última vez que chorei por um animal.
No dia seguinte, de manhã, já estava a preparar-se para uma nova etapa da sua vida, arrastando-se pelo quintal, incapaz de ficar à espera da morte num canto, sossegado ou a gemer...
Claro que dias depois os meus pais tomaram a decisão de o levar ao veterinário, para ser abatido, pois aquilo não era vida para um animal como o "Preto"...
Depois deste incidente, não houve mais gatos lá em casa...

sábado, novembro 03, 2007

As Asas São Para Voar em Liberdade

Nunca gostei de ver pássaros presos em gaiolas...
Isso acontece desde a minha infância.
Além destes objectos repugnantes serem as coisas mais parecidas com prisões, sempre olhei as aves como os seres mais livres do mundo, graças às suas asas, capazes de as levarem para lugares longínquos...
O meu filho gostava de ter um animal de estimação e já falou de pássaros. Claro que não lhe vou satisfazer este pedido.
Continuo a não gostar de ver pássaros presos em gaiolas...
É tão bonito o voar dos pássaros...
É por isso, que às vezes gostava de ter asas, de voar por aí...