sábado, outubro 24, 2009

Termo de Óbidos

João Miguel Fernandes Jorge é um escritor-poeta do Oeste, que nos oferece na obra, "Termo de Óbidos", algumas memórias deliciosas da sua infância e juventude, que resolveu construir com a forma bonita dos poemas.

É uma viagem extremamente rica, que percorre alguns sítios que conheço e outros que fiquei com muita vontade de conhecer, embora saiba que o tempo não perdoa e que as aldeias e as vilas cresceram demasiado nos últimos trinta anos. É por isso que a "prodigiosa memória de poeta" do João, funciona também como um registo histórico...
Sim, este livro, além de acolher uma parte da vivência do autor, também é um roteiro poético e etnográfico, que visita lugares como "A Feira de Atouguia", "Santo Antão de Óbidos", o culto no Carvalhal na "Noite de 25 de Dezembro de 2004" e até o "Café Central", esse mesmo, o das Caldas...
Outra coisa única neste livro são as pessoas que surgem, poema a poema, "pintadas" de memória pelo poeta, que como todos devem saber, é um nome grande da literatura portuguesa contemporânea.

domingo, outubro 18, 2009

Um Gato Azul Para a Isabel

No último texto que publiquei, houve quem confundisse as coisas na caixa de comentários e tentasse seguir a linha perigosa do Rui Rio no Porto (que devido à teimosia tem desviado parte da vida Cultural da Cidade para a vizinha Vila Nova de Gaia...). Felizmente os agentes ou activistas culturais "pedinchas" ou "chulos", são uma minoria, embora seja bom falar neles, quando não se quer apoiar, qualquer iniciativa artística.

Claro que o Rio tem muitos seguidores de Norte a Sul. Não é por acaso que as Caldas têm perdido muitas coisas para Óbidos, como todos sabemos, mas nem vale a pena aprofundar o assunto, trata-se sobretudo de visões diferentes sobre qual deve ser o papel da Cultura nas cidades...
É por isso que ofereço este "Gato Azul", da autoria do brasileiro Aldemir Martins, à Isabel Castanheira, que tanto tem feito pela cultura caldense, sem estar à espera de qualquer apoio autárquico
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sexta-feira, outubro 16, 2009

À Boleia do Tempo

Ontem encontrei-me com um amigo e conterrâneo, à beira Tejo.

Sei que não nos devíamos ter encontrado tão próximo das eleições, evitávamos falar de "duques e de senas tristes"...
Como é natural a conversa descambou para a política, para o quase abandono cultural de uma cidade que tem tantas potencialidades. O Costa como qualquer político que se preze, prometeu agora fazer em quatro anos o que não fez em oito (querem melhor autocrítica que esta?...). Ambos sorrimos a esta "pérola", mas temos algum receio do que ele possa fazer à cidade, pelo menos no campo urbanístico, com tanta vontade de fazer coisas...
O Rui falou-me com entusiasmo do Museu Bernardo, da revolução cultural que tem proporcionado na nossa cidade, fazendo um brinde ao Joe Berardo, porque sem ele e sem o seu museu instalado no CCB, o Bernardo não teria avançado com toda aquela energia. A Teresa também já me tinha falado igualmente com entusiasmo. Tenho de conhecer o museu e o Bernardo...
Depois de lhe dar o último livro que escrevi sobre Cacilhas, ele disse que eu devia fazer algo parecido sobre as Caldas. Tive de ser sincero e de lhe dizer que conheço de uma forma mais profunda a história de Almada que a das Caldas...
Já depois do meu livro anterior, o meu irmão também me falou na possibilidade de escrever um parecido sobre as Caldas...
Mas as coisas não são assim tão simples...

quinta-feira, outubro 08, 2009

O Meu Oceano

O telemóvel tocou várias vezes até ele atender. Era ela.

«Onde estás? Sempre vens?» As mulheres são assim, são capazes de fazer mais que uma pergunta na mesma frase...
Sentia-se tão calmo e distante, que disse: «Estava tão longe... deixei-me levar pela música forte do Oceano e consegui esquecer-me de uma boa parte do mundo. Da menos prestável.»
Curiosa como todas as descendentes de Eva, queria saber onde ele estava, «Em que Oceano estás?»
«No nosso.»
Ela ficou mais descansada, estava perto, a olhar o areal onde passearam vezes sem conta, na companhia das ondas do mar...
Extraído de um pequeno conto meu, porque sim...

quinta-feira, outubro 01, 2009

Mansões Abandonadas

Gosto deste título, "Mansões Abandonadas".
Provavelmente não é inocente, acompanha o percurso do seu autor, farto de ser mais um "santo da terra, proibido de fazer milagres"...
Falo de José do Carmo Francisco, um poeta do Oeste, natural da Freguesia de Santa Catarina, no concelho das Caldas da Rainha, terra que conheço desde sempre, porque era
o destino final das camionetas de carreira que apanhava para Salir de Matos, quando ia de visita ou de férias para a casa dos meus avós maternos...
Conheci-o graças ao jornalismo no começo da década de noventa e nunca mais nos perdemos de vista.
A sua aventura literária começou em 1981, com o livro, "Iniciais", "Prémio Revelação da Associação Portuguesa de Escritores", seguiram-se mais catorze livros, em quase trinta anos de carreira literária.
A par da poesia também tem escrito em vários jornais e revistas ("Diário Popular", "Record", "A Bola", "Ler", Sporting", "Notícias da Amadora", "O Mirante", "Gazeta das Caldas", etc), e é um dos animadores do blogue "Aspirina B".
Apesar de se sentir marginalizado enquanto poeta e ter dificuldades em publicar, José do Carmo Francisco foi reconhecido recentemente além fronteiras, com a publicação de uma antologia da sua obra poética no Brasil, na colecção "Ponte Velha", que quer ser uma ponte entre a poesia portuguesa e a poesia brasileira.
Falo do tal título feliz, "Mansões Abandonadas", editado pelas Escrituras Editora, no outro lado do Atlântico.