domingo, dezembro 20, 2015

Caldas SC: Uma Reportagem da Imprensa Desportiva na Primeira Divisão (25)


Já não sei como é que este recorte do desaparecido "Mundo Desportivo" de 9 de Janeiro de 1956 me veio parar às mãos.

A reportagem revela o "derby" que já tinha merecido a minha atenção e que acabou empatado, no Campo da Mata: Caldas - Torriense.

Vou transcrever o seu começo: «As primeiras palavras têm de ser de elogio aos jogadores do Caldas. Quando o ambiente se tornou escaldante, eles foram, a bem dizer, os únicos que se conservaram calmos, procurando jogar, e não se deixando influenciar pelos incentivos contraproducentes que de todos os lados choviam sobre o terreno de jogo.»

As palavras do jornalista Manuel Mota referem-se ao facto de o Caldas se ver a perder por dois a zero e conseguir alcançar o empate, embora merecesse bem mais que isso...

O Caldas alinhou com: Rita; Piteira, Leandro e Fragateiro; Amaro e Romero; Romeu, Orlando, Bispo, António Pedro e Lenine.

domingo, dezembro 13, 2015

Caldas SC: Quintela o Jogador da Minha Rua do Meio (24)


O primeiro jogador do Caldas que me habituei a ver diariamente, morava quase no fim da Rua do Meio do bairro da minha meninice (Bairro dos Arneiros). Umas vezes olhava-o da minha janela, outras no largo que ficava quase em frente à minha porta.

Era um homem grande e careca (precocemente...), que se vestia bem e passava pela nossa rua sem nos dar grande atenção.

Mais tarde soube que se chamava Quintela e que normalmente era suplente do Caldas. Mas também me disseram que era polivalente, tanto jogava no meio campo como no sector defensivo.

Mas nunca esqueci a sua pose altiva. 

Havia ainda outra parte cómica, comentada pela miudagem. Ele tinha um Mini mas era tão grande que quase que ocupava o carro todo. Achávamos que devia ter um Mercedes...

Nesta fotografia de uma equipa dos anos 1960, é facilmente reconhecido, o terceiro em cima, a contar da esquerda.

domingo, dezembro 06, 2015

Caldas SC: Vasco Oliveira, o Atleta, o Treinador e o Dirigente (23)


Vasco Oliveira é uma das figuras que ficará para sempre ligado à história do Caldas Sport Clube,  pelo seu honroso passado desportivo, como atleta - jogou até aos 38 anos e foi o capitão de equipa durante anos -, treinador e dirigente do Clube.

Ele deixou-nos no passado dia 25 de Novembro e merece ser recordado (não como político local, pelo menos aqui, onde permaneceu tempo demais como autarca, 28 anos, mas o poder como sabemos tem dessas coisas...), porque deve ser um dos raros caldenses que foi jogador e treinador da equipa principal e também seu presidente de Direcção (nos últimos sessenta anos será caso único...). Actualmente era o presidente da Mesa da Assembleia Geral do Caldas.

Não me lembro dele como jogador, apesar da sua longevidade, apenas como comerciante de electrodomésticos e figura prestigiada e simpática nos meios desportivos caldenses. Deverá ter sido pela sua popularidade que foi desafiado a tornar-se autarca...

Tenho pena que a "Gazeta" no último número apenas tenha focado o seu papel como político, esquecendo o desportista de excelência que foi.

Outra faceta não menos importante do seu passado desportivo foi a de columbófilo (daí a escolha desta fotografia, do "Jornal das Caldas"). Além de grande entusiasta da modalidade foi dirigente da Sociedade Columbófila Caldense e também da Associação Regional e Federação Nacional.

Vasco Oliveira explicou muito bem este "hobbie" no "Jornal de Leiria", que transcrevemos: «Quando tinha 12 anos fui visitar os meus tios a Porto de Mós. Deram-me um casal de borrachos, que trouxe para as Caldas dentro de uma caixa de sapatos. A paixão ficou. É o meu hobbie e um dos meus amores.»

quinta-feira, dezembro 03, 2015

Caldas SC: Os Grandes "Derbys" do Oeste (22)


Penso que o primeiro grande rival do Caldas no Oeste, foi o Torriense, até por o Clube de Torres Vedras ter sido contemporâneo da equipa caldense na Primeira Divisão.

Durante anos e anos, este "derby" enchia o Campo da Mata, sempre com o resultado incerto, tal como acontecia num Benfica-Sporting, na Capital.

Na minha adolescência esta rivalidade mantinha-se, mas não era a mais forte. Estou comvicto que nos anos setenta e oitenta o grande rival do Caldas foi o Peniche. Grandes "batalhas" foram travadas entre estas duas bandeiras de uma região, muitas vezes de forma exagerada.

Houve outras rivalidades (G. Alcobaça, Nazarenos, Bombarralense), mas nenhuma tão intensa como estas duas.

Foi por isso que gostei de ver o Peniche a intrometer-se nos primeiros lugares juntamente com o Caldas, na série F do Campeonato Nacional de Seniores.

Desde que estas rivalidades não sejam exacerbadas até ao exagero, podem contribuir para o crescimento dos clubes, que vivem sobretudo da paixão dos seus associados e simpatizantes.

sexta-feira, novembro 27, 2015

«As "Caldas" da Rainha estão encerradas.»


No final do Verão um amigo aqui de Almada pensou em passar uma quinzena nas termas das Caldas (até já tinha escolhido alojamento e tudo, graças às maravilhas da "internet"...).

Felizmente ele falou comigo antes de fazer a reserva e ficou a saber que o Hospital Termal estava encerrado e a viver mais um dos muitos impasses que tem vivido nos últimos anos e que deitaram por terra um dos maiores - senão o maior - trunfo turístico da Cidade.

Se contar o que se têm passado nos últimos vinte anos com as Termas, as pessoas ficam de boca aberta. Nunca os governantes que exerceram o poder (central e local) nestas duas décadas se mostraram interessadas em resolver o problema. Foram fingindo que resolviam as questões mais prementes (é uma história quase igual à da Lagoa de Óbidos, só que esta também tem o dedo da natureza presente...), para no final ficar tudo na mesma.

E agora parece que continuam a fingir que resolvem o problema. Pelo menos o tempo vai passando e nada de "fumo", branco ou preto...

Será que querem "matar" a história da Cidade, secar as "Caldas da Rainha"?

terça-feira, novembro 24, 2015

Caldas SC: Sena, um Grande Centro-Campista Caldense (21)


Um dos jogadores com melhor visão de jogo e capacidade técnica, que vi jogar no Caldas, foi o Sena. Embora fosse um jogador franzino (e um pouco avesso ao treino como costuma acontece com os grandes talentos...), enchia o pelado do velho Campo da Mata com o seu virtuosismo. 

No final dos anos 1970 (principio anos 1980?) deixou as Caldas e partiu para a Madeira, onde viveu uma experiência diferente, já a caminho do profissionalismo com as cores do Nacional. Não sei se fez parte da primeira equipa do clube madeirense que subiu à Primeira Divisão, sei apenas que deixou a sua marca na bela Ilha Atlântica.

Sei que a fotografia é de péssima qualidade. Foi a possível...

quinta-feira, novembro 19, 2015

Caldas SC: Os Belos Anos Setenta (20)


Crescer numa Cidade, sem grandes manifestações políticas ou culturais, acabaria por fazer que o seu principal epicentro fosse o desporto, ou seja, o futebol, ou para ser ainda mais claro: o Caldas Sport Clube.

Tudo começou com as visitas ao domingo à tarde, de mão dada com o meu pai, ainda antes da Revolução de Abril e que talvez tenham começado no final dos anos 1960. Depois de 1974 o pai afastou-se deste "ópio" e eu passei a ir com o meu irmão e com os amigos do bairro.

Nesta equipa, treinada pelo inesquecível, António Pedro, estão muitos dos jogadores que jogaram épocas a fio no Caldas, como foram os casos de Fortunato (o guarda redes das barbas...), Custódio, Franco, Forneri, Orlando, Gaspar, Sena, Lúcio ou o Vala.

Foi já no final da década, quando optei pela prática de atletismo federado no Arneirense, que me afastei do Campo da Mata e do futebol (pelo menos as tardes de domingos deixaram de ser passadas nas bancadas do velho estádio..).

segunda-feira, novembro 16, 2015

Caldas SC: Saraiva o Nosso Campeão Europeu (19)


Após a subida do Caldas à primeira divisão, o Clube reforçou-se e um dos novos jogadores que chegaram ao nosso foi o Saraiva, vindo do Norte (natural de Peso da Régua) e que se revelou um excelente defesa central.

Quem ouvia os relatos de futebol nunca esqueceu a expressão de Artur Agostinho, quando comentava os jogos do Clube Alvinegro: «Corta Saraiva, do Caldas», dita para salientar o seu valor como principal obstáculo dos avançados adversários.

O excelente jogador manteve-se no Caldas até ao fatídico ano de 1959, que ditou a despromoção de divisão do Caldas Sport Clube.

Saraiva não passara despercebido aos principais clubes portugueses e acabou por sair, fazendo a melhor escolha possível, ao rumar para o Benfica, que se preparava para se sagrar Campeão Europeu com Bella Gutman.


Embora se diga que Saraiva se sagrou Bi-Campeão Europeu, o que é facto é que ele só jogou na época de 1960/61 (cinco jogos e um deles foi na meia-final), na temporada seguinte, 1961/62, foi sempre suplente. É bom recordar que nestes tempos não eram permitidas substituições...

Mas o que ninguém retira da história é que tivemos um Campeão Europeu de Clubes na equipa do Caldas Sport Clube.

Na fotografia da equipa do Benfica, Campeã Europeia de 1960/61 (e também Campeã Nacional), Saraiva encontra-se de pé, ao centro, ladeado de Germano e Costa Pereira. Na primeira imagem é o número cinco...

segunda-feira, novembro 09, 2015

Caldas SC: Um "Magriço" na Cidade (18)


Já escrevi aqui sobre Jaime Graça, um campeão dentro e fora das quatro linhas.

Como futebolista foi dos melhores. Foi titular da selecção que conquistou um brilhante terceiro lugar no Mundial de 1966 (os famosos "Magriços"), onde Eusébio demonstrou ser dos maiores futebolistas do mundo, com a FIFA (e a Inglaterra...) a torcer o nariz à possibilidade de um pequeno país como Portugal se poder sagrar Campeão do Mundo de Futebol.

Como sublinhei na época, foi a única pessoa que entrevistei para um jornal nas Caldas da Rainha (em Agosto de 1991, para o "Record"). 

Gostei de conversar com ele no Campo da Mata. E mais tarde em Setúbal e também no Estádio da Luz.

Apesar de ter jogado no Benfica nos seus melhores anos (de 1966 a 1975), quando o Clube da Águia dominava completamente o campeonato português, a passagem para o mundo  dos "mortais", fez com que não fosse um "deslumbrado" ou alguém "preso ao passado".

Era um homem simples, cheio de sabedoria, e sem medo de falar de coisas com "cheiro a proibido", como o "doping", por exemplo, que era uma prática corrente nos seus tempos de futebolista.

Embora gostasse de ter tido a oportunidade de treinar uma equipa da primeira divisão, não ficou ressentido por isso. Sabia que o futebol era um mundo especial, onde nem sempre se apostava nos melhores. Explicou-me muito bem isso, através da selecção do seu tempo, em que eram convocados sempre os mesmos, estivessem em boa ou má forma. No nosso campeonato principal também se fazia a rotação entre quase sempre os mesmos treinadores. Alguns eram mesmo conhecidos por terem no seu currículo várias descidas de divisão, mesmo assim conseguiam arranjar clube  com relativa facilidade (sabe-se lá porquê!).

Não tenho qualquer dúvida que Jaime Graça foi um dos bons treinadores que passaram pelo Caldas SC. Facto que pode ser testemunhado pelos atletas que faziam parte da nossa equipa, no começo dos anos 1990.

segunda-feira, outubro 26, 2015

Caldas SC: José Mourinho e a sua Passagem pelo Caldas (17)


Embora José Mourinho tenha tido uma passagem discreta pelo Caldas Sport Clube, na época de 1977/78, ao fazer parte da primeira equipa de iniciados do Clube, é bom relembrar esta passagem, até por termos sido companheiros nesta equipa que acabou por ficar na história do Caldas, por ter sido, como já disse a primeira, de um escalão onde o Clube tem tido sucesso, conseguindo manter-se há vários anos no Campeonato Nacional. 

José Mourinho só veio para o Caldas porque o seu pai veio treinar a equipa de seniores, que tinha descido para a III divisão e que felizmente voltou a subir nessa época. Recordo que ele além de jogador também era "apanha-bolas" nos jogos de seniores.

Quando se diz por aí que José Mourinho nunca foi jogador,  é mentira. Nunca foi um jogador de top, mas desde sempre que acompanhava o futebol de perto e conhecia muito bem o cheiro dos balneários, assim como tudo o que rodeava os pelados e relvados desta país.

O Zé (era assim que o tratávamos - dava mais jeito que chamar-lhe Mourinho ou Zé Mário...) jogava no meio campo, descaído para o lado esquerdo. Ao contrário de "algumas más línguas" que já utilizaram palavras enganadoras no "facebook", posso acrescentar que ele era titular da nossa equipa. Embora não treinasse connosco (estudava em Setúbal e vinha aos fins de semana ter com o pai às Caldas), não jogava por favor. Não era um fora de série, mas era muito aplicado e certinho como jogador. 

Como companheiro também era um puto porreiro, sem quaisquer tiques de vedeta, incapaz de se armar em "filho do treinador"...

domingo, outubro 18, 2015

O Fólio de Óbidos


Ainda não falei por aqui do Fólio, mais por falta de dados que por outra coisa (não é por isso que me vou associar ao "facebook"...).

Tenho a sensação de que este Festival Literário está virado sobretudo para o exterior (que pode estar errada...), aproveitando todas as potencialidade turísticas desta "Vila-Museu" para a colocar nos calendários internacionais da literatura.

Também estranho que gente que escreve, fisicamente mais próxima que eu de Óbidos (sim estou a falar de vocês dois, Cristina e Henrique...), ainda não tenha escrito uma linha sobre o Festival, mesmo que fosse crítica.

Nem sequer sei se este Festival contribui para a felicidade dos leitores e escritores do Oeste. Espero que sim, pelo menos dos primeiros.

quinta-feira, outubro 15, 2015

Caldas SC: Francisco Vital, o Homem Golo (16)


Estávamos no final dos anos 1960 e sei foi a primeira vez que fui assistir a um treino das camadas jovens do Caldas (ou terá sido mesmo um jogo, de juvenis ou juniores?). A memória às vezes deixa-nos na dúvida.

A Cidade era maior e eu bem mais pequeno... E os bairros tinham fronteiras, não estavam colados uns aos outros como acontece nos nossos dias. Sei que fui com um grande grupo de amigos ao Campo da Mata, naquela que era uma quase despedida do menino prodígio do futebol juvenil caldense, o Vital, capaz de meter golos de todas as maneiras e feitios nas balizas do adversário. Foi por essa razão que tinha sido contratado pelo Benfica...

A partir daí era normal ouvir falar do Vital, que continuava imparável com as cores do clube da Luz, nos juvenis e juniores.

E nunca mais o perdi de vista.

Subiu a sénior e ficou-se pela Segunda Divisão Norte, onde continuava a dar nas vistas como goleador. A tal ponto que acabaria por dar o salto do Riopele para o FC Porto de Pedroto, onde seria bi-Campeão Nacional. Embora nunca se tenha afirmado como titular no Porto, era uma espécie de "arma secreta", que entrava praticamente em todos os jogos, para dar mostras da sua veia goleadora.

Depois teve uma passagem breve pelo futebol espanhol no Bétis e quando voltou jogou no Benfica (voltou a ser Campeão), no Boavista, no Belenenses, para terminar a carreira de jogador no Vizela, com 33 anos (e iniciar a de treinador...).

Vestiu a camisola da selecção A uma vez, tendo marcado um golo. Ou seja, manteve a sua boa média como goleador.

E depois escolheu ser treinador e andou por dezenas de clubes, até pelo Vietname... Voltaria ao Caldas como treinador entre 1992 e 1994, na segunda divisão.

Mas o seu momento grande como técnico aconteceu em 1997, quando passou de adjunto a técnico principal do Sporting CP, ainda que fosse apenas por sete jogos.

segunda-feira, outubro 12, 2015

As "Visitas de Médico" à Cidade


Na semana passada passei pela Cidade, para almoçar com a minha mãe.

Como faço sempre, chego um pouco mais cedo e dou o meu "passeio higiénico". Passo pelo Parque, pela Praça da Fruta, Rua das Montras e desta vez passei pela "Gazeta" para comprar um livro. Acabei por encontrar um amigo que não via há uns dez anos. Foi bom conversar com ele, do nosso bairro, do nosso clube, dos nossos amigos comuns, da vida...

Em relação ao nosso "desencontro" de tanto tempo, disse-lhe a verdade. Quando vou às Caldas, são quase sempre visitas de poucas horas. Passeio um pouco, almoço e meto a conversa em dia com a minha mãe e parto.

Mas foi bom encontrar este companheiro dos velhos tempos, pois foi possível falar-lhe de um projecto literário caldense (constantemente adiado) e da vontade que tinha de me encontrar com ele e com mais dois ou três amigos, em jeito de mesa redonda, para tirar algumas dúvidas e por saber que as conversas "são como as cerejas".

Mas não sei quando é que nos iremos encontrar. Talvez a partir de agora a agenda fique um pouco mais vazia...

quinta-feira, outubro 08, 2015

Caldas SC: A Subida à Primeira na "Gazeta" (15)


Os noventa anos da "Gazeta das Caldas" estão a ser um acontecimento histórico na Cidade, com a presença das capas mais emblemáticas da sua já longa vida, pelas ruas e por áreas comerciais.

No "Centro Comercial Vivaci" gostei de ver a capa do jornal de 28 de Junho de 1955 que festejava a subida do Caldas Sport Clube à Primeira Divisão.

Além da fotografia da equipa, o título da notícia era o seguinte: «A ASCENSÃO DO CALDAS À 1.ª DIVISÃO ABRE NOVAS PERSPECTIVAS AO TURISMO E AO DESPORTO CALDENSES», acompanhada do subtítulo: «É PRECISO SE COM TODAS AS FORÇAS LOCAIS PARA ASSEGURAR A POSIÇÃO ALCANÇADA  (parece que falta aqui uma palavra).»

sábado, outubro 03, 2015

A Balada dos 90 Anos da "Gazeta das Caldas"


Presto aqui a minha homenagem à "Gazeta das Caldas", da qual sou assinante há já umas três décadas, pelos seus 90 anos cheios de vitalidade e bom jornalismo, com um poema da autoria do poeta caldense, José do Carmo Francisco.

Balada para 90 anos da «Gazeta das Caldas»

Na balada que é só minha
A memória é uma mistura
Estou nas Caldas da Rainha
Cruzo a Rua da Amargura
Faço exames numa escola
Em Abril e era a terceira
Num frio de usar camisola
O medo era uma torneira
Em Julho a quarta classe
O diploma vem de Leiria
E sem que eu esperasse
Tive um fato nesse dia
Nos Armazéns do Chiado
Que era na Praça da Fruta
Anos depois assustado
Eu começava outra luta
Minha prima Deolinda
Tinha manteiga no pão
Na recruta que não finda
Seu amor era oração
Reencontrei Juventino
Num café à sua mesa
Mal sabia que o destino
Me reservava a surpresa
Hoje se sou jornalista
Devo ao querer imitar
Em jornal ou em revista
Seu percurso singular
Que começou na aldeia
No Jornal Catarinense
Onde a força duma ideia
É razão que tudo vence
Foi nesta automotora
Que o Mundo cresceu
Do menino de outrora
Ao adulto que sou eu
Entre horário da carreira
E o comboio a atrasar
Já não havia maneira
De chegar ao nosso lar
Nem o Vítor da carrinha
Nem o senhor Guimarães
Resolviam à noitinha
Problema de pais e mães
Garagem dos Capristanos
Primeiro café de surpresa
E passados tantos anos
Continuamos na mesa
Noventa anos de idade
Cabeçalho dum Jornal 
Começou numa cidade
Vai ao Mundo em geral
Coração em pé de guerra
Ele chega a todo o lado
É o tempo da minha terra
Numas folhas condensado
Tenho meu nome e retrato
Treze anos de presença  
Há um secreto contrato
Que liga nossa diferença
Numa idade mais madura
Abre-se ao Mundo o jornal
A memória é uma mistura
E esta balada é plural
Nela cabem os projectos
Os sonhos e as alegrias
Os jornalistas concretos
A escrever todos os dias

José do Carmo Francisco               
     

quarta-feira, setembro 30, 2015

Os Quarenta anos da Cidade


A outra revista que me foi oferecida é uma edição da "Gazeta das Caldas", que tem como título, "Caldas da Rainha - Quarenta anos de Cidade, Cinco Séculos de História", e foi publicada em 1967.

É uma revista que aborda a efeméride, com testemunhos, algumas sínteses históricas e também homenagens a caldenses que se destacaram nesses tempos.

Um dos seus aspectos mais interessantes são as páginas de publicidade, sobre tantos lugares que já não existem...

terça-feira, setembro 29, 2015

O "Diálogo Dum Repórter com o Mundo Português"


O meu amigo Luís, sempre que encontra alguma coisa sobre as Caldas lembra-se sempre de mim.

Foi desta forma que fui presenteado com três revistas (que desconhecia a sua existência...).

Duas delas são da autoria de Armando Carneiro e têm o título, "Diálogo Dum Repórter com o Mundo Português" e foram publicadas em Maio e Junho/ Julho de 1971.

A primeira é dedicada da primeira a última página às Caldas. Além de fazer a história da nossa Cidade, tem uma entrevista ao presidente da Câmara de então, eng, Luís de Paiva e Sousa, a reportagem da visita de Marcelo Caetano e Américo Tomás, para a cerimónia da inauguração da estátua do marechal Óscar Carmona, a 18 de Abril.

O segundo número aborda a arte cerâmica, que faz parte da história das Caldas, muito graças ao grande Rafael Bordalo Pinheiro, entre outras particularidades viradas para o futuro da região. Há também uma curiosa reportagem sobre o saudoso CCC (Conjunto Cénico Caldense).

Belas prendas que recebi!

segunda-feira, setembro 28, 2015

Caldas SC: Fernando Vaz o Senhor Treinador (14)


O Caldas teve o privilégio de ter contado na época de 1955/56 com Fernando Vaz no comando técnico da sua equipa de futebol, que conseguiu o grande objectivo do clube: a manutenção na I Divisão.

Penso que não estou a exagerar, se dizer que este foi o melhor treinador que passou pelo Caldas Sport Clube ao longo de toda a sua história.

Quando chegou às Caldas Fernando Vaz já tinha treinado o Sporting (adjunto de Cândido de Oliveira e técnico principal), o Belenenses, o S. Braga, o V. Guimarães e o FC Porto. Embora jovem, contava com 37 anos, já tinha ganho bastante experiência com a passagem por alguns dos nossos melhores clubes.

Antes de ter sido convidado para adjunto do seu grande amigo e mentor, Cândido de Oliveira, fora jornalista no jornal desportivo, "A Bola" (novamente pela mão do Mestre Cândido...), onde era chefe de redacção, quando decidiu ser treinador a tempo inteiro.

Este Casapiano esteve em actividade mais de trinta anos, sendo o treinador que tem mais jogos disputados na I Divisão (626), conquistando ainda um campeonato pelo Sporting na época de 1969/70 e três Taças de Portugal (uma pelo Sporting e duas pelo Vitória de Setúbal), além de outras excelentes classificações e várias subidas de divisão em clubes mais modestos.

Treinou os seguintes clubes: Sporting, Belenenses, V. Setúbal, S. Braga, FC Porto, V. Guimarães, Caldas, CUF, Académica, Atlético, Beira-Mar e Marítimo (onde se despediu dos estádios como técnico na época 1978/79).

Passou mais que uma vez pelo mesmo clube. Só no Vitória de Setúbal permaneceu dez épocas e no Sporting - o seu clube de coração - nove, cinco como técnico principal e quatro como adjunto.

Fernando Vaz abandonou a carreira de treinador mas não os estádios, pois voltou ao jornalismo na "A Bola", que exerceu até se despedir de todos nós, a 25 de Agosto de 1986. 

Além de ter este currículo extraordinário, foi um treinador que deixou muitas saudades na nossa Cidade. Foi várias vezes convidado para regressar, mas não voltou a treinar o Caldas Sport Clube  ao longo da sua memorável carreira...

terça-feira, setembro 15, 2015

O Poder da Igreja nas Aldeias


Ao falar com um amigo que está prestes a apresentar um livro sobre a história da Aldeia onde nasceu, ele contou-me da grande influência que os padres tinham no quotidiano da sua Terra. Muitos descendiam mesmo das famílias mais importantes. Ou seja, era uma forma de perpetuar o poder existente.

E foi assim durante séculos. Até pelo menos ao 25 de Abril.

Nada de muito estranho. Todos sabemos que a Igreja Católica esteve sempre ao lado dos mais fortes e ricos, limitando-se a prometer a "vida eterna" aos crentes mais desvalidos pela vida, que pelo menos deviam permitir-se pensar que havia qualquer coisa estranha naquela história. 

Ainda por cima estes padres eram mais comuns do que deixavam transparecer. Além de terem uma governanta para todo o serviço,  fomentavam um "exército" de mulheres que cortejavam de várias formas. E tinham sempre vários afilhados, com o facto curioso de alguns terem a sua "cara chapada"...

E nem vou falar de outras atrocidades. Da sua cumplicidade com as perseguições políticas levadas a cabo pela PIDE...

Sei que em algumas aldeias as pessoas ainda gostam de olhar para o padre como um "deus", mas felizmente as coisas mudaram e já não são o que eram. 

terça-feira, setembro 08, 2015

Olhar pata Trás e Descobrir os Limites da Liberdade


Sem que existisse um motivo especial, lembrei-me do quanto era livre na infância...

Claro que houve logo uma voz (daquelas interiores...), que exclamou que a inocência e a ignorância tornam-nos aparentemente livres. E é verdade.

Como nasci e cresci distante de qualquer tipo de poder, no seio de uma família simples com hábitos vulgares, assentes no trabalho diário, o tal de "onde nasce o pão", tenho dificuldade em me ver  a viver numa ditadura na infância.

Mas se pensar mais um pouco, descubro que havia coisas estranhas, embora nem me desse ao trabalho de pensar nelas. Havia um medo diferente do que existe hoje. As pessoas tinham mais consciência dos limites que existiam na sociedade, do que podiam e não podiam fazer.

Era ainda mais fácil alguém abusar da autoridade que tinha. Qualquer soldado da GNR tinha "um rei na barriga" (e as deles eram quase sempre enormes...).

Havia uma ideia generalizada (pelo menos no seio da minha família...), de que quem era polícia (GNR, PSP ou PIDE) não era boa pessoa. Os seus elementos eram escolhidos a dedo, por serem tipos capazes de cometer  até actos criminosos, a coberto de uma lei  com demasiados olhos.

Claro que esta minha visão (que pode estar um pouco distorcida), era de quem cresceu numa cidade de província e passava férias na aldeia...

O óleo é de Célia Reisman.

quarta-feira, agosto 26, 2015

Ausência em Agosto


Reparo agora que consegui passar o Agosto sem pôr os pés nas Caldas.

Podia dizer que o tempo correu mais rápido do que devia... mas os minutos, as horas e os dias continuam iguais. Nós é que vamos ficando diferentes.

E entre outras coisas,  nem sempre fazemos o que queremos...

terça-feira, agosto 18, 2015

Meu Querido 15 de Agosto


Nos últimos anos temos passado o 15 de Agosto nas Caldas. Este ano não aconteceu. Talvez possa por isso ser considerada uma daquelas excepções que confirmam a regra...

Claro que já não há feriados como os da minha infância, com a tradicional Feira a encher a Mata da Rainha, com as idas ao circo dos sempre divertidos palhaços montado no pelado do Caldas (as crianças riem-se por tudo e por nada e ainda bem...), uma vez ou outra a entrada de mão dada com o avô, grande aficionado, na praça de touros (o Chibanga era inesquecível, por tourear de joelhos...).

Tudo isto me parece ficção, mas se visitar os jornais da época, descubro que aconteceu mesmo...

Mas o mais me falta são as pessoas. E não são só os amigos. Lembro-me especialmente do pai e dos avós maternos...

O óleo é de Ceci Fernandez Quintana.

segunda-feira, agosto 10, 2015

Dribles na Primária


Ao ler o Dinis Machado, das crónicas de futebol, mesmo sem ter a ver, lembrei-me que rente à escola primária costumávamos jogar futebol com uma pedra da calçada, de sarjeta a sarjeta.

Novitos não pensávamos nos buracos que as pedras faziam nas nossas botas de cabedal, muito menos que com cada golo que metíamos, estávamos a entupir a sarjeta-baliza rente à escola primária do Bairro da Ponte.

E que saudades do Dinis, um homem simples, que nunca se deslumbrou com nada, nem mesmo com o Molero...

quinta-feira, julho 16, 2015

"Quico" na Taça Davis


O caldense Frederico Silva integra uma das melhores selecções de sempre de ténis, que no próximo fim de semana vai defrontar a Finlândia em Viana do Castelo, para a Taça Davis.

Fazem parte da selecção orientada por Nuno Marques: João Sousa, Gastão Elias, Rui Machado e Frederico Silva (primeiro da esquerda).

segunda-feira, julho 13, 2015

Fiquei no Mínimo Curioso...


Soube há pouco que a baía de S. Martinho do Porto inspirou mais um livro: "São Martinho do Porto, Momentos...".

O texto é de Filipa Vera Jardim e as imagens de Pedro Soares de Mello.

É uma obra que me deixou curioso e quero conhecer, numa livraria perto de mim.

quinta-feira, julho 09, 2015

A Fonte dos Namorados


Durante a passagem pelas Caldas, houve uma manhã dedicada ao "ciclismo", num passeio a três, com o meu irrmão e o meu filho.

Fomos até à Foz do Arelho, sem pressas e com algumas paragens aqui e ali.

Na viagem de regresso parámos na famosa "Fonte dos Namorados", no centro da Vila da Foz, que era ponto de paragem obrigatória para nos refrescarmos, nas quase corridas de bicicleta da adolescência com alguns amigos inesquecíveis.

domingo, julho 05, 2015

Duas Praias Tão Diferentes


Apenas numa manhã visitámos duas praias, a Foz do Arelho e São Martinho do Porto.

Na primeira fomos recebidos pelo frio e pelas nuvens quase escuras.

Como a "Estrada Atlântica" estava ali à mão, lá fomos até à Baía de S, Martinho. Ainda parámos em Salir do Porto, com o rio resumido a um fio de água, mas só para ver as vistas.


Felizmente o Sol tinha aparecido (às vezes escondia-se atrás das nuvens mas nada de preocupante) e passámos ali o resto da manhã. 

Mas aquela areia e aquela água não têm nada a ver com as minhas boas memórias balneares. Talvez seja demasiado "rústico" para areias tão finas... 

Ou então é algo ainda mais simples, o mar que aprendi a amar desde a infância foi o da Foz do Arelho, que além da sua linguagem selvagem tem uma areia que não se cola aos pés...

sábado, julho 04, 2015

Cirandando pelo Oeste


Foram três dias de viagens, apesar do tempo incerto rente ao oceano (nem faltaram banhos no Atlântico gelado), de muitas conversas (mais em família que entre amigos...) O tempo nunca deu para tudo (e agora ainda é mais curto)...

O jardim dos tios Zé e Lurdes continua a ser o mais bonito de Salir de Matos.

segunda-feira, junho 29, 2015

Viagem pelo Oeste


Vou finalmente passar uns dias no Oeste.

Espero ter tempo para ter tempo.

Só assim será possível ir ao campo e ao mar... e passear pela cidade.

segunda-feira, junho 22, 2015

O Verão Mais Fresco do Oeste


Pode parecer estranho, mas das coisas que sinto mais saudades no Verão, é do microclima do Oeste, que faz com que as temperaturas nunca sejam tão elevadas como as a Sul do Tejo, por exemplo.

Sei que a maresia e o nevoeiro não são das coisas mais agradáveis para quem está de férias, mas que bom que é sentir a frescura do Verão a Oeste...

quinta-feira, junho 11, 2015

Caldas: a Cidade Real e a Cidade Imaginária


Hoje de manhã enquanto conversava com um amigo sobre Almada começar a estar "irrespirável", disse que gostava de voltar para as Caldas, mesmo que não fosse a tempo inteiro. Até porque talvez o meio tempo fosse o ideal.

Ele disse-me que a Cidade em que eu penso, pode não existir. Isso acontece muitas vezes...

Sorri, sem querer entrar em mais pormenores ou discutir as diferenças entre a tal cidade real e a imaginária.

A única coisa que sei é que preciso de mudar, preciso de ir para um lugar onde esteja menos envolvido física e emocionalmente, onde não sinta tanto na pele as injustiças diárias protagonizadas por quem se limita a usar apenas a carapaça dos "justos".

Talvez ainda seja possível regressar a uma certa Lisboa e usar Almada quase apenas para dormir...

quinta-feira, junho 04, 2015

Caldas SC: A Família Vala (13)


O outro "clã" futebolístico do meu bairro foi  a família Vala (já não vivem lá...).

Cresci a ver e a admirar o Vitor no pelado do Campo da Mata (muito mais que o José...). Ele jogava a extremo e além de ser rapidissimo, era daqueles jogadores que se costuma dizer "deixam tudo em campo". E  embora não fosse um goleador nato, marcava golos decisivos...

Os filhos dos dois irmãos seguiram-lhes as pisadas, com alguma naturalidade.

Sérgio, o filho de Vitor, mais como treinador das camadas jovens do Caldas. José Vala (herdou o nome do pai) foi um bom jogador da equipa principal durante várias épocas (um pilar na defesa). Depois foi treinador adjunto e após uma "chicotada psicológica" ascendeu a treinador da equipa principal. Não teve muito sucesso (o que é normal para quem foi apenas uma solução de recurso e ainda por cima "prata da casa").

José Vala (na fotografia) continuou a sua carreira de treinador como técnico da Associação de Espeleologia de Óbidos, que milita nos campeonatos regionais, mas pelo que tenho conhecimento trata-se de uma equipa com algumas ambições e com excelentes condições de trabalho.

O mais curioso é que pensava que o José era bastante mais novo que eu. E afinal só tem menos dez anos. Lembro-me de me cruzar com ele de mão dada com a mãe, mas podia eu ter dezasseis anos e ele apenas seis...

Não me posso esquecer que deixei as Caldas com  dezoito anos...

Adenda: O comentário de José Vala (que agradeço) explica o quanto é perigoso escrever apenas de memória, sem consultar as fontes (imprescindíveis para qualquer trabalho). Embora o meu erro (na árvore genealógica) não seja de palmatória, explica que uma boa conversa ou pesquisa é sempre importante, para retirar qualquer dúvida que surja, mesmo na blogosfera...