terça-feira, fevereiro 23, 2010

A Areia da Foz do Arelho

Estive a fazer um exercício de memória, em busca das primeiras recordações que tinha da Foz do Arelho.

Lembrei-me de uma manhã de nevoeiro, onde descobri a beleza dos seixos, aquelas pequenas pedras entre o esférico e o oval, de várias cores, quase sempre polidas pelo mar. Era pequenote e trouxe o balde quase cheio para casa...
Não me lembrei do frio, da maresia que nos refrescava a cara e o corpo, nos dias em que o sol teimava esconder-se, até pelo menos à hora do almoço.

As praias de Salir e S. Martinho do Porto, mais frequentadas pela família, não tinham nada daquilo, apenas a areia fina manhosa, que adorava colar-se ao nosso corpo e que sempre detestei...
Nesses tempos a família era mesmo uma instituição, lembro-me de fins de semana na praia, com os meus avós, tios e primos. Era uma animação...
Os almoços tornavam-se em autênticos piqueniques, em pinhais próximos da praia, com direito a sesta e tudo. Da ementa havia sempre arroz de tomate e panados, que comíamos em pratos de plástico, num ambiente de alegria e partilha, que hoje está tão em desuso...

A Foz do Arelho desse tempo tinha fama e algum proveito de ser uma praia perigosa, porque facilmente se perdia o pé nas margens da Lagoa. E a aberta também costumava fazer das suas, especialmente a nadadores incautos, que se assustavam ao mínimo sinal de remoinhos e por lá ficavam...
Mesmo com estes perigos, no começo da adolescência, começámos a saborear a praia sem a companhia dos pais. De bicicleta, lá íamos nós do Bairro dos Arneiros até à Foz do Arelho. Eu era o mais pequeno e o mais "reguila", daquele grupo de amigos que já não há...

Interrompi esta "prosa" para ir levar a minha filha à escola.

O vento fez-nos companhia, na caminhada. Houve mesmo um momento em que fechei os olhos e recordei outras caminhadas, já adulto, à beira-mar, fora de época, em que também fechava os olhos e sentia aquela frescura atlântica, tão agradável, perfumada com o sal do Mar mais comunicativo que conheço...
Sim, o mar da Foz , fala, ruge, irrita-se. É por isso que está a tomar conta do areal. É provável que ande um pouco indeciso, porque também gosta de ter companhia. Só espero é que não se lembre dos "auto-falantes" de Verão, para não se enfurecer ainda mais...

14 comentários:

Maria disse...

O mar da Foz está à beirinha de levar a famosa avenida que o snr. costa quis construir. Mais três ou quatro dias de temporal e... oxalá eu me engane...

Esses pique niques de antigamente eram demais. Também os frequentei, em família, avós incluídos, e uma manta de trapos estendida no pinhal onde as formigas nos faziam companhia...

Beijinho, Luís.

Maria P. disse...

Depois de te ler fechei os olhos e por um momento foram tantos os momentos que a tua prosa me fez recordar...

Beijinho, Luís m.

J.L. Reboleira Alexandre disse...

O Costa pensava que o mar ia ficar indiferença à presença desses Auto-Falantes! Francamante. Há termos que normalmente não uso, mas aqui não resisto. Coisa mais pirosa, nunca vi !

Ingrid disse...

Não gosto de quem agride a natureza; não gosto do dr. Fernando Costa; não gosto de música na praia; não gosto de quem finge que não se passa nada.

E gosto muito da Foz do Arelho!

J.L. Reboleira Alexandre disse...

Já agora no meu comentário todos viram que deveria ter saído indiferente em vez da indiferença.

Ao comentário da Ingrid acrescento: eu gosto muito de música na praia, mas apenas daquela que nos é oferecida pelas ondas a bater na areia.

Belarmino disse...

Ai não gostas da areia de S. Martinho?

Vi logo que eras esquisito. Que gostas de areia grossa. Espero quer seja só a areia...

Anónimo disse...

Como foi possível?
Conheci a Foz de Arelho na minha juventude, ficávamos uma quizena no Inatel.
Uma das coisas mais dislumbrantes era o seu imenso areal. Era uma canseira deliciosa, irmos a pé em grupo, da praia da Lagoa (junto ao cais) até ao mar.
Gostei muito de viajar consigo pelo Oeste.

Mara

Luis Eme disse...

talvez escape, Maria.

os piqueniques eram uma delicia...

Luis Eme disse...

ainda bem, M. Maria Maio.

Luis Eme disse...

talvez o Costa aprenda com alguns erros, Alexandre...

Luis Eme disse...

temos gostos próximos, Ingrid.

Luis Eme disse...

sem dúvida, Alexandre. e a da Foz é do melhor que há...

Luis Eme disse...

Belarmino, gostos não se discutem.

Luis Eme disse...

pois era, Mara.

as correrias que fazia entre o cais e o Mar.

o cais era lugar para mergulhos e muitas vezes quando a maré estava a vazar, aproveitávamos a boleia até à aberta.