quinta-feira, junho 03, 2010

"A Alma Marroquina" dos Mercados

Este postal é bem mais antigo que as minhas visitas na meninice à Praça da Fruta, "preso" à mão da mãe, no meio daquela confusão de gente, para trás e para a frente, num tempo em que não existiam supermercados, apenas mercearias e "lugares"...
Nesses tempos não havia preço tabelado, era tudo muito "marroquino", tudo muito discutido, o vendedor ia descendo, depois de começar "alto", o comprador ia subindo, depois de começar "baixo".
Para mim comércio era isto, discutir, virar costas ao vendedor e esperar (ou ter esperança) que ele nos chamasse, mesmo que viesse com a ladainha que estava a perder dinheiro, mas...
Na Praça do Peixe era a mesma coisa, embora aqui a coisa piasse mais fino, pois havia sempre quem não se preocupasse em vender peixe impróprio para consumo, pelo que a mãe tinha sempre duas ou três peixeiras de "confiança", daquelas que sabia que não lhe vendiam algo que não prestasse...
Infelizmente (ou não) tudo isto se foi perdendo com a modernidade...

10 comentários:

Maria P. disse...

Na minha opinião infelizmente, porque não o conviver mutúo entre o tradional e o moderno?!...

Beijinho, Luís M.

gaivota disse...

era isso tudo, luís! a minha (nossa) praça, mesmo em frente à minha casa, ao prédio onde nasci, cresci e de onde guardo ainda algumas coias...
e mais abaixo, a casa da minha avó...
mas a praça ainda "mexe" assim, não tanto à mão, ams ainda dá para escolher e meter as coisas no prato da balança
agora a praça do peixe já é mais diferente, desde que existe esta nova... mas teria sempre que haver as peixeiras certas...
e caldas ali tão perto, com tanta qualidade de vida!!!
beijinhos

Catarina disse...

Também me recordo desses tempos. Os nossos pais tinham as mercearias de confiança e os merceeiros tinham os seus clientes certos que se tornavam os preferidos e aos quais ninguém levantava a hipótese de enganar. Todos se conhec iam (refiro-me mais a locais mais pequenos do que a grande Lisboa!) e esses locais eram áreas de convívio rápido mas aprazível pelo que deduzo. O tal comércio de proximidade, não é? Agora, esses hipermercados onde tudo se vende e que de certa forma nos torna a vida mais fácil (tudo tem um preçco!) , tornaram-se em armadilhas para um consumo, por vezes, exagerado, e, consequentemente, muito dispendioso! Quantas vezes se vai a um supermercado com a intenção de comprar leite e pão e saímos de lá com dezenas de sacos?

Fernando Antolin disse...

E esta sua foto lembra-me o mercado na minha Santarém natal,mas também a praça de Torres(Vedras) e o mercado em Santa Cruz,sim que eu sou um devoto dos nevoeiros e nortadas daquela praia.E todos os verões havia o ritual das idas à Secla e dos lanches no Machado...trouxas de ovos e russos de chorar de saudades...

Rosa Brava disse...

"...Para mim comércio era isto, discutir, virar costas ao vendedor e esperar (ou ter esperança) que ele nos chamasse, mesmo que viesse com a ladainha que estava a perder dinheiro, mas..."

Infelizmente, muitos destes "mercados" acabaram, mas vai-se vendo alguns... Tenho talvez o privilégio de morar numa zona litoral, rural e piscatória ao mesmo tempo, onde ainda sentimos os prazeres daqueles tempos e sentimos o prazer de um pregão... " carapau fresco, quem quer?"...

Grata por este momento :-)))

Bj

Luis Eme disse...

pois, parece que quem manda não percebe que eles até são amigos, M. Maria Maio...

Luis Eme disse...

era uma outra cidade, Gaivota...

Luis Eme disse...

era tudo mais humano, Catarina...

Luis Eme disse...

talvez sejamos uns saudosistas, Fernando, mas houve coisas que nãoi precisavam de mudar tanto...

Luis Eme disse...

olha a tua sorte, Rosa!

porque aqui quase tudo se rendeu à modernidade...