quarta-feira, fevereiro 16, 2011

As Ligações Familiares Sempre Presentes

Há quem não goste da excessiva familiaridade das aldeias ou dos bairros pequenos, onde toda a gente se conhece, ou pelo menos faz por isso. Eu sempre achei este aspecto divertido e curioso.

Provavelmente isso acontece por ter sido sempre um "turista", alguém que chega de fora ou está de passagem na aldeia.

Só durante a infância é que passei mais tempo em Salir de Matos, durante uma boa parte das férias grandes. A partir da adolescência, as visitas passaram a ser mais espaçadas e eu passei a ser alvo do olhar dos aldeões de todas as idades. Ouvia-os a tentarem colocar-me em qualquer família (nas aldeias não se sussurra em silêncio...) , até acertarem. Sorria quase sempre para dentro e fingia que não percebia, sem fornecer qualquer pista...

Além destes "reconhecimentos" de rua, existem ainda as não menos curiosas conversas de café, onde também é possível ganharmos um ou outro familiar, mesmo que afastado, quando menos esperamos.

Algumas pessoas praticamente analfabetas demonstram-nos o quanto é importante a memória visual e oral. São capazes de construir verdadeiras árvores genealógicas, durante mais de um século, sem precisarem de um papel ou de uma caneta.

Eu adoro estas viagens, gosto sempre de conhecer mais coisas dos meus bisavós e de outros parentes afastados.

O óleo é de François Barraud.

8 comentários:

Laura disse...

Que imagem tão linda.

Também acontecia o que dizes quando visitava a aldeia dos meus pais. Não gostava nada.

Nuno Gaio disse...

As aldeias são uma parte importante da nossa cultura, apesar de pouca gente se interessar pela gente que ainda resiste ao progresso. Aprendo sempre muito quando lá vou.

Isamar disse...

A vida na aldeia tem características muito peculiares como aqui salientas. Eu retornei à aldeia onde nasci e aqui passo longos períodos sem sequer sentir uma pequena saudade da cidade onde sempre vivi, fiz amigos e fui bem acolhida.Sabe-me bem este silêncio, esta familiaridade com todos os habitantes, esta gestão do tempo onde do stress não se fala porque não é conhecido.
Devo acrescentar que estou a escassos vinte quilómetros de alguns centros urbanos onde me abasteço de tudo quanto necessito.

Bem-hajas!

Um abraço fraterno

p.s. gostei muito da concepção deste blogue

Luis Eme disse...

as aldeias são assim, Laura...

Luis Eme disse...

eu também, Nuno.

e gosto daquela serenidade.

Luis Eme disse...

muitas qualidades para a nossa vida, Cata-Ventos...

gaivota disse...

eu gosto, gosto mesmo!!!
caldas já era cidade... muito cheia de qualidade de vida, bom mercado, peixe e carne, legumes e fruta, tudo do melhor da nossa zona!
vivo na zona de loures, uma aldeia que nem vem no mapa! onde todos se conhecem e ainda se vai à fonte buscar água, da boa...
e depois temos a nazaré, onde todos também se conhecem!
(tenho sorte!!!)
beijinhos

Luis Eme disse...

eu também, Gaivota.

gosto da afabilidade, do bom dia e boa tarde.

algo que existe na zona onde vivo (já não há bairros...), sempre que passo por uma zona de casas mais modestas, troco sempre cumprimentos com os moradores, que estão invariavelmente na rua, ou à porta, a estender a roupa ou a fazer outra coisa qualquer...)