sexta-feira, setembro 05, 2025

A extraordinária vitória de João Almeida na 13.ª etapa da Vuelta


João Almeida venceu hoje a 13.ª etapa da Volta a Espanha, no mítico Angliru, depois de se isolar e ficar com apenas o camisola encarnada à perna, o grande Jonas Vingegaard.

As suas palavras dizem tudo: «Fiz o melhor que pude, é a subida mais dura que já fiz e a melhor vitória da minha carreira».

Com este resultado destacou-se ainda mais na segunda posição e recuperou alguns segundos em relação a Vingegaard.

(Fotografia retirada do site de "A Bola") 


domingo, julho 13, 2025

Os 40 anos do "Teatro da Rainha"


Sempre que vou às Caldas, e tenho tempo para isso, gosto de andar pelas ruas e rever ou descobrir coisas novas.

Normalmente não encontro pessoas conhecidas, embora se possa dar o caso de me cruzar com gente que não encontro há mais de três décadas (em muitos casos quatro...) e não lhes descobrir traços familiares.

Se fui ao encontro do Zé Povinho e da sua exposição comemorativa dos 150 anos, a mostra comemorativa do quadragésimo aniversário do "Teatro da Rainha", foi uma descoberta, no "Céu de Vidro", uma das entradas para o Parque D. Carlos.


Gostei de ver as imagens e também de passear, até mesmo pelas ruínas com uma cenografia especial e um auditório preparado para oferecer teatro ao caldenses.

E parabéns a todos aqueles que são e fazem o "Teatro da Rainha", que é a grande marca teatral da Cidade.

(Fotografias de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sábado, julho 12, 2025

As Caldas, o Zé Povinho e o Grande Rafael


Não é habitual falar de duas exposições em dois dias, mas como passei pelas Caldas da Rainha, aproveitei para ver a mostra artística e histórica que está patente ao público no CCC, "Zé Povinho, uma História com 150 Anos", com curadoria de Jorge Silva.

Gostei muito do que vi. Já sabia que o Zé Povinho era a figura mais caricaturada no nosso país, ao longo do tempo, mas não imaginava que até tinha sido capa de revistas como a "Gaiola Aberta" ou o "Riso Mundial".

Tudo isto graças ao grande Rafael Bordalo Pinheiro, que, além de ser o pai de muitas coisas no nosso país, inclusive da Banda Desenhada, escolheu as Caldas para começar a trabalhar na indústria da cerâmica. O Artista acabou por oferecer um novo cunho artístico às faianças da ainda Vila, ao mesmo tempo que dava uma nova vida ao Zé, oferecendo-lhe a tridimensionalidade que não possuía.

(Texto publicado inicialmente no "Largo da Memória")

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


segunda-feira, junho 23, 2025

João Almeida: já é o melhor ciclista português de sempre


Com o triunfo categórico de João Almeida na Volta à Suiça de ontem (depois das vitórias de este ano nas Voltas ao País Basco e à Romandia...), e com as excelentes prestações que tem tido na Volta a Itália (terceiro, quarto e sexto), Volta à Espanha (quinto e nono) e Volta à França (quarto), além de outras vitórias em clássicas, podemos dizer que o João já é o melhor ciclista português de sempre.

Dizemos isto sem querer beliscar as qualidades extraordinárias de Joaquim Agostinho, que além de ter chegado tarde ao ciclismo, nunca teve o acompanhamento internacional que merecia e deveria ter tido. 

São dois extraordinários talentos do ciclismo do nosso Oeste e os melhores da história do ciclismo do nosso país.

(Fotografia retirada do site do jornal "A Bola")


segunda-feira, abril 21, 2025

Caldas: um espaço turístico de eleição no Oeste


Hoje fui às Caldas almoçar com a família e como de costume deu uma volta pela cidade, com as passagens obrigatórias pelo Parque - que festejava a Páscoa -  e pela Praça da Fruta. 

Talvez fosse por ser uma época festiva, mas havia bastante movimento, nas estradas e nas ruas, numa cidade bonita, que antes de se apostar neste turismo quase desenfreado, já ela aproveitava a sua situação geográfica (bem podia ser a "capital do Oeste"...) e o facto de possuir das melhores termas do país, para ser um espaço turístico de eleição no nosso país.

Nem mesmo a incompetência autárquica - fruto dos muitos anos de poder "laranja" - conseguiu deitar abaixo, esta cidade única, que vai recuperando as suas melhores valias, graças a uma Câmara, quase "independente dos partidos"...

Também aproveitámos a companhia do meu irmão, para irmos ver o mar à Foz do Arelho, que estava cheia de gente, a aproveitar aquele Sol do momento, por saber que a chuva também andava por ali, escondida nas nuvens com várias tonalidades de cinzento.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)

Nota: Publicado inicialmente no "Largo da Memória" (19 de Abril).

 

quarta-feira, janeiro 22, 2025

Ainda a desagregação das freguesias (a pensar no meu Oeste)...


Publiquei o texto que se segue no meu blogue principal ("Largo da Memória") e depois copei-o para o "Casario" e agora para as "Viagens", porque continua a parecer-me um absurdo, a união das freguesias de 
Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório.

Até pode ser apenas um problema meu, e os habitantes destas duas aldeias, sentirem-se mais "urbanos" por estarem ligados a uma das freguesias da Cidade...

«Consultei a lista das freguesias que são ser desagregadas de outras (são cento e trinta e cinco) e não encontrei qualquer sinal do Concelho de Almada, mesmo que algumas uniões sejam autênticos erros de casting, pelo menos para quem conhece a história local e o dia a dia destes pequenos centros urbanos.

O mesmo se passou em relação às Caldas da Rainha, onde até existe uma união entre uma freguesia urbana unida a duas rurais (Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório)... e irá continuar a existir. Aqui é que se deve sentir o "abandono autárquico"...

Mesmo assim, estou satisfeito, pelas mais de cem freguesias que voltam a caminhar, apenas com os seus pés. Sei que se trata de uma reposição justa e uma forma de servir melhor as suas populações.

Sei do que falo. Assisti às mudanças de um concelho com o de Almada, que passou de onze para cinco freguesias. O que foi mais notório foi a "desresponsabilização" dos autarcas, com a velha desculpa, de que lhe era impossível estar em todo o lado ao mesmo tempo. Isso fez, entre outras coisas, que cada vez apoiassem menos as colectividades recreativas, culturais e desportivas, tal como outras instituições que serviam os almadenses. Neste caso particular, diziam sempre que não havia dinheiro para tudo...

Por se tratar de um Concelho onde há um grande envelhecimento da população (especialmente nos centros urbanos mais antigos, como são os casos de Almada, Cacilhas, Cova da Piedade ou Trafaria), a anterior divisão de freguesias permitia uma maior proximidade junto das populações. Infelizmente, esta ligação foi desaparecendo com o tempo, assim como a própria identidade dos lugares, quase sempre com uma história muito própria, e bastante rica, como são os casos de Cova da Piedade, Trafaria ou Cacilhas.

Se acho natural que as freguesias do Feijó e Laranjeiro, assim como a Charneca e Sobreda de Caparica, devem permanecer unidas, acho que pelo menos a Cova da Piedade, o Pragal e a Trafaria, deviam ser freguesias autónomas.

Todos tínhamos a ganhar, especialmente os habitantes destes pequenos centros urbanos.»

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sábado, janeiro 04, 2025

Salir de Matos é Vila


No nosso almoço de Natal a mãe deu-me a novidade de que Salir de Matos passou de Aldeia a Vila.

Claro que para mim continuará a ser a aldeia da minha meninice, o lugar especial onde passei grande parte das férias grandes com o meu irmão, na casa dos avós.

Esta escolha deve ter acontecido graças à sua centralidade (não acredito que tenha mais habitantes de que há dez ou vinte anos...), porque num primeiro olhar, noto que Salir de Matos tem muito poucas coisas de Vila, pelo menos segundo o tal "meu olhar" quase citadino...

(Fotografia de Luís Eme - Salir de Matos)


sexta-feira, dezembro 20, 2024

Um Natal com cada vez mais dificuldades em esconder debaixo do tapete as "misérias humanas"...


Não sei se lhe chame uma coisa curiosa, até porque pode ser mais comum do que aquilo que eu possa imaginar.

À medida que os anos vão passando,  tenho cada vez menos paciência para o Natal.

Sei que em parte isso deve-se a este mundo que nos rodeia, ter cada vez menos ares natalícios (as luzes e as montras não contam...). Gaza, Beirute, Damasco ou Kiev, são os maiores exemplos...

Por outro lado, como tenho os filhos já adultos (ainda não há netos...), perdeu-se um pouco o encanto e a sua alegria contagiante (mesmo que passageira...) em receber presentes...

Tenho vários defeitos, mas a hipocrisia, o cinismo e a inveja, não estão no "pacote" (e ainda bem, são das coisas mais miseráveis e vulgares dos seres humanos...). E esta época trás todas essas coisas - em "tamanho xl" - para as casas, para as ruas, para as igrejas e sobretudo para as lojas.

E se há coisa que nós vamos perdendo com os anos, é a paciência para fazermos fretes.

Claro que isto não tem nada a ver, por exemplo, com a reunião natalícias das famílias. Numa época em que este núcleo especial tem sido tão desvalorizado, é bom que as pessoas que se encontrem, nem que seja, na tal "uma vez por ano"...

É com gosto que janto a 24 com a minha sogra, passo ceia com os meus cunhados e mais família (onde até costuma aparecer o "pai natal"...). Ou almoço a 25 com a minha mãe e o meu irmão...

Mas não consigo suportar este regresso ao passado, ao tempo dos "coitadinhos", com os ricos a voltarem a "escolher" o seu pobrezinho, para a sua ceia (voltou-se a isto, com mais visibilidade, porque os ricos estão mais ricos e os pobres mais pobres...) ou a ver o presidente da república a servir refeições aos sem abrigo (ele bem podia fazer com que o natal para esta gente não fosse apenas um dia. Até lhe dou a ideia de, quando sair do cargo, fomentar estes encontros, mensalmente...).

Nota: Texto publicado primeiro no "Casario" e depois nas "Viagens" e por fim, no "Largo".

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


quarta-feira, outubro 30, 2024

As perseguições boas do passado...


Estava com as mãos na terra castanha, a apanhar as ervas que cercavam os pés das videiras, antes de as podar, e a pensar no prazer que tenho em mexer e remexer nesta areia diferente, que me pinta as mãos de castanho, por deixar as luvas arrumadas na prateleira da garagem, voluntariamente...

Sou o único que faz isso. Todos os restantes elementos da família, antes de fazerem qualquer coisa, no terreno com cada vez menos uso, enfiam as luvas nas mãos, como se este mundo lhes fosse estranho. E é...

Nenhum deles teve um Avô, agricultor a tempo inteiro, numa aldeia que era o espaço privilegiado das férias grandes, minhas e do meu irmão, que tinham muito mais campo que mar, na infância... 

Penso sempre nele, quando olho para as minhas mãos castanhas enquanto mexo na terra estranha, que produz muito mais ervas daninhas que plantas para consumo interno. Se tivesse escutado os seus conselhos em vez de andar a brincar com o meu irmão, muitas vezes em "terrenos proibidos", onde deixávamos sempre a marca do nosso calçado, quase como "impressão digital", talvez o hoje fosse diferente... Mas aqueles eram tempos de brincar, e eu estava longe de sonhar ser agricultor, até por saber e ver a roda viva do avó, que saltava quase diariamente de fazenda em fazenda, porque era ali que estava o seu sustento...

E gosto de pensar no Avô, não só por ser um tempo feliz, este da infância, mas por sentir um grande orgulho neste homem, excessivamente sério, incapaz de apanhar uma peça de fruta, mesmo da que cai no chão, de uma fazenda que não fosse sua...

Nota: Texto publicado inicialmente no "Largo da Memória".

(Fotografia de Luís Eme - Óbidos)


segunda-feira, outubro 28, 2024

O romantismo do meu querido Caldas...


Graças ao Canal 11 (da FPF), acompanho de perto os jogos de futebol do meu querido Caldas.

Embora saiba que existe algum exagero em chamar à equipa da minha primeira cidade, a menos profissional de todas as que participam na Liga 3, gosto de pensar dessa maneira.

Até porque o futebol jogado pela equipa de José Vala está cheio de romantismo, os jogadores estão ali para trocarem a bola uns com os outros, para se divertirem, mesmo que joguem com uma qualquer "super-equipa", construída para subir de divisão.

Claro que este "romantismo" também transporta alguma ingenuidade. É por isso que esta equipa perde tantos pontos nos últimos minutos, como aconteceu ontem, no Campo da Mata.

Não é que eu queira que o Caldas se transforme numa equipa matreira, calculista, que apenas pense nos pontos, mas é preciso ganhar alguma frieza, principalmente na parte final dos jogos. 

Até porque algumas partidas agora têm mais de 100 minutos...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


quarta-feira, outubro 23, 2024

"Somos, mas já não somos..."


Hoje foi um dia. quase passado integralmente no Oeste, para estarmos com o nosso tio da América.

Com um almoço da família à antiga, com múltiplas viagens pelo passado, com o regresso dos avós, do pai, e claro, de muitos lugares onde fomos felizes, em quase mil aventuras, tanto em Salir de Matos, como no Bairro da nossa meninice, ou em espaços especiais, como o Parque ou o nosso Mar...

Parque que nos levou a uma revisitação do Museu do nosso Malhoa, um lugar especial na nossa infância (pensava que era só eu que o recordava com um olhar ternurento, mas o meu irmão ao almoço, quando falámos que íamos passar por lá, também nos disse que era um sítio especial, desde sempre...).

E claro, aquele espaço não nos desilude, mesmo que a sua arte tenha pouco de moderna. Talvez até seja por causa dele que sou tão "conservador" nos meus gostos artísticos...

Depois fomos ver o Mar, aquele que tem uma cara séria e uma voz de trovão. Esse mesmo, o da Foz do Arelho. Antes ainda passámos pela Lagoa de Óbidos, que nos sorriu agradada com a visita.

E depois fomos pela estrada Atlântica, até Salir do Porto e depois São Martinho do Porto.

Contei que Salir era a praia da nossa infância. Íamos no "Comboio-Correio", quase sempre lotado de veraneantes, nesses longínquos anos sessenta. Claro que mal crescemos um palmo, tanto eu como o meu irmão e os amigos do bairro, elegemos a Foz do Arelho, como a "praia da nossa vida"...

Já em São Martinho do Porto fui contando à nossa "estreante" no Oeste, que esta praia além de ser a "banheira das duquesas", era o espaço de eleição dos "betinhos", tanto do Oeste como da Capital. Além deste pormenor, eles perceberam que aquele Mar era mais "sujo". Acrescentei que também era mais sonso, não tinha nada a ver com a Foz do Arelho...

E depois foi o regresso a casa.

Quando comecei a escrever estas notas de viagem, pensava que "somos, mas já não somos", destes lugares, mesmo que eles fiquem para sempre, dentro de nós...

Nota: texto publicado inicialmente no "Largo da Memória".

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sexta-feira, agosto 23, 2024

"O Grande 'Dom Rafael' e a Arte de Rua..."


Gosto de Rafael Bordalo Pinheiro, quase desde sempre, por estar muito presente na terra onde cresci e fui aprendendo a "ser gente".

Não digo isto por ele estar associado a toda a espécie de "loiça malandra" característica das Caldas, mesmo que esta lhe tenha passado ao lado (é um pouco como o Bocage com as anedotas...). Digo-o por sempre o olhar como um extraordinário artista.

O "António Maria" continua a ser do melhor que se fez no nosso país em sátira social e politica (e já lá vão quase 150 anos...). A criação e caracterização do Zé Povinho, continua impagável (e actual...).

Penso muitas vezes que se ele estivesse entre nós, seria o nosso "Banksy", deixando a sua marca nas demasiadas paredes abandonadas do nosso país e muito provavelmente, algumas "orelhas a arder"...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

Nota: Texto publicado inicialmente no "Largo da Memória".