Já se disse tanta coisa sobre o naufrágio da embarcação de pesca de Vila do Conde e da morte de quase todos os seus tripulantes, rente à praia da Nazaré, que só me sobra espaço para olhar para esta questão com uma outra perspectiva, sem andar à procura de culpados...
Claro que foram mortes horríveis, tanto para quem estava no mar agitado, à espera do "milagre da vida" - que não aconteceu - como para quem estava na praia, e se viu completamente impotente, para salvar aqueles homens do mar.
É fácil culpar a Marinha e a Força Aérea, esquecendo as dificuldades do seu dia a dia, graças à falta de apoio que recebem do governo, obrigando-os, de uma forma geral, a poupar dinheiro em combustiveis e nos exercícios necessários, para que garantam o minimo de operacionalidade dos seus meios materiais e humanos.
Também é fácil lembrar que o barco estava a pescar muito perto da costa, destacando que os pescadores estavam a trabalhar sem cinto ou colete de salvação...
Para mim estes aspectos são secundários.
O que faltou realmente na Nazaré foi um herói acidental, com uma coragem e uma capacidade de discernimento quase sobrenatural, que conseguisse inventar uma solução de recurso na praia, ao mesmo tempo que se fazia ao mar, para trazer os homens que pediam socorro, um a um...
Vão dizer que isto é pura ficção, mas quantas vidas têm sido salvas por pessoas aparentemente normais, que perante situações dramáticas como esta, conseguem exceder os seus limites e fazer coisas impensáveis, esquecendo que são simples mortais?...
8 comentários:
Eu penso que a inoperância está de tal forma generalizada, entre nós, que atingiu, também, todos os herois acidentais que, por aí, circulam...
Pois, a História não é só remorso ... por isso é que os historiadores fazem teses e os poetas poesia ! Mas poesia é sempre encanto ...
Abraço (de bem com a História revisitada!)
3:31 PM
É verdade Sininho...
Neste caso há uma série de irresponsabilidades e esperar pela sorte que não chegou... porque os heróis acidentais são uma raridade.
Tens razão Isabel,
História não é só remorso, mas a Poesia, é sempre um encanto...
Pois é, mas com aquele mar, e na rebentação (onde há o robalo) eu acho mesmo que nenhum heroi acidental se atreveria a entrar no mar...
Poderia ir a correr chamar pessoal, buscar cabos, etc., mas entrar no mar como ele estava... duvido.
Mas não sei. Nem imagino o que eu faria se estiveese ali, na praia, frente ao mar...
Tens toda a razão, Maria...
o mar da Nazaré não é para brincadeiras, naquela zona.
Mas vai ficar sempre no ar, que se devia ter feito mais qualquer coisa para salvar aqueles homens do mar...
Dizes bem "à espera de um milagre"!
Porquê tantos factores a desfavor de quem tem a praia à vista?
Não bastava o mar bravo?
É verdade...
Rosa dos Ventos, pensei escrever que iriamos ficar sempre na dúvida, se se teria feito tudo para salvar aqueles homens.
Mas isso é uma certeza...
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