Nós somos tão diferentes uns dos outros...
Nos nossos dias é tão fácil encontrar pessoas que pensam que não precisam dos outros. Quanto mais poderosas se sentem, mais desprezam os outros...
Claro que isso deve-se ao próprio rumo da nossa sociedade, que vagueia ao sabor de um capitalismo quase sem regras, que nos vai empurrando para as ruelas estreitas do individualismo e egoísmo.
Podia falar de uma frase-mensagem que Álvaro Cunhal sugeriu para o final de um dos romances de Manuel da Fonseca, em que nos é transmitido que: «Um homem sozinho não vale nada!»
E não vale mesmo, por muito que se iluda.
Prefiro antes recordar uma das fábulas que o meu avô nos contou na infância, a de "O Rato e o Leão", que vai ainda mais longe e nos mostra que o ser mais importante e forte, quando menos espera, precisa de ajuda, até do ser mais insignificante que gira à sua volta...
Ainda nos consigo ver, sentados nas escadas da cozinha, em silêncio, deliciados com a arte de contador de histórias do nosso avô...
Já não me lembro de todo o enredo, sei apenas que o Leão, apesar de ser o rei dos animais, ficou preso numa armadilha feita de rede. Por lá ficaria se não aparecesse um pobre e pequeno rato, que vendo o Leão prisioneiro, foi em seu auxilio. Tanto roeu as malhas da rede que conseguiu destruir uma das malhas da rede e libertar o Leão...
Esta história pode parecer pouco actual, mas não é. Continuam a existir muitos "leões" nesta selva, que só conseguem ser libertados com a ajuda de simples "ratos" ...
A Aguarela que dá cor a este texto é da autoria de Georges Rotig.
10 comentários:
"por muito que se iluda", Luís, e como se iludem. Ego é uma coisa invisível para quem o tem exageradamente proporcionado e faz estragos visíveis à sua volta, só ele/ela não nota. Tens toda razão, mas só se importa quem olha em volta, como tu, e já não há muito quem o faça. As pessoas estão muito preocupadas a olhar pra dentro do que lhes agrada nelas mesmas e para as pontas dos seus dedos. É pena... mas sobrevive-se. Beijos e bom fim de semana.
Tão verdadeira a frase-mensagem de Álvaro Cunhal, tão verdadeira também a fábula do leão e do rato...
Só gostava de saber se, no final e depois de solto, o leão ficou amigo do rato ou se o tentou apanhar e comer....
Isto por mera curiosidade, por causa dos leões que pululam nesta selva onde vivemos.... só por curiosidade...
Beijinhos, Luís
Que verdade aqui tão bem exemplificada.
E geralmente os "leões" esquecem quem os salva e tentam apanhar os "ratos" para os comer...
Beijinho e bom fim de semana*
Infelizmente, continuamos a ser uns minúsculos ratos que uns novos leões querem comer.
Gostei de reler esta fábula contada por ti.
Bom fim de semana.
Beijinho
Explicas muito bem como funciona o nosso "ego", Ida.
Mesmo assim continuo com dúvidas, se os "caras" mais "egados" (acho que inventei uma palavra...) não percebem que vivem num filme, ligeiramente afastado da realidade...
O pior é que esta "selva" está cheia de leões...
Esses leões que falas (e que andam por aí...) são os piores, Maria.
Como não admitem ter sido ajudados por um ser mais fraco, só há um caminho para desfazer o equivoco, colocar um final na história do "rato"...
Tens razão Maria...
Princípios, valores, já eram, nesta sociedade cada vez com mais espelhos de "bruxa"...
O que me faz ter alguma esperança, Ana, é acreditar, que mais tarde ou mais cedo, eles descobrem que: «Um homem sozinho não vale nada.»
Só em face do perigo, Luís.
Só em face do perigo.
Passado este, volta tudo à primitiva forma...
Pois volta... esquece-se, de uma forma cada vez mais leviana, Sininho...
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