segunda-feira, dezembro 03, 2007

O Homem do Apito

Por hoje ser um dia especial, vou falar de um arrumador de carros, sempre munido de boné de pala e de apito, que costumava trabalhar no largo do Hospital Termal, nas Caldas da Rainha.
Estava longe de ser uma pessoa simpática e coxeava, arrastando uma das pernas.
Nunca soube o seu nome.
Sei, que nós, durante a meninice, gostávamos de lhe oferecer vários mimos e de nos escondermos atrás dos carros, a ouvir a sua habitual reacção.
Ele quando ouvia a palavra «coxo», ficava fora de si, olhava para todos os lados e oferecia impropérios a quem por ali passasse, que eram a nossa alegria...
Traquinices de infância, de um tempo que não volta...

Espero que estas palavras não soem a mau gosto, por hoje se comemorar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Retratam a realidade e também a maldade que existe dentro de nós, desde pequenotes...
O pior de tudo, é trinta e tantos anos depois, continuarmos sem saber lidar com as pessoas diferentes...

15 comentários:

Maria disse...

Felizmente crescemos e essa "maldade" de pequenotes desaparece, porque a vida ensina....

Excelente fotografia do Hospital, Luís.

Beijo

Anónimo disse...

Caro Luis

Recordo-me perfeitamente desse homem...vestido a rigor de chapeu e fato escuro e de má cara...sempre mal humorado e com alguma vaidade de ser o "chefe" do largo...mas dava-lhe desconto porque pensava eu para mim que por ser coxo obrigatoriamente teria de estar de mau humor...era o que pensava, hoje penso diferente..mas tambem conheci o "marreco" o terror guardião dos cacos da Secla..um dia fui apanhado por ele quando tentava fugir....levava num saco umas canecas de faiança...caí quando fugia e senti que as canecas se partiram todas....Claro foi-me impossivel fugir pois ele apanhou-me ali mesmo..Zangado e de cara feia disse-me: Meu malandro que levas tu? e eu..cheio de medo disse: são cacos Senhor!!! (hoje da-me vontade de rir quando me recordo da minha resposta pois remeteu-me para a historia de Portugal da rainha santa.. Coisas que acontecem na inocencia de uma crianca que era eu....
Conheci a "nhanha" a "cuca" e tanta gente que na terra soh dos importantes se fala pois a miseria a muitos envergonha, mas felizmente alguem recorda o "coxo" dos hospital....boa memoria e afinal ele ainda anda vivo...mas nao apita mais...
um abraco
vitor Pires

Pitanga Doce disse...

Luis, vai ao Pitanga que a nossa amiga está lá.

abraços

Pitanga Doce disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cristina Caetano disse...

Luís, acho que desde que não as ignoramos - muitas pessoas têm a tendência a fingir que não as vêem - já é um começo.

Beijo

Ida disse...

Gosto da tua coragem e da ausência de hipocrisia de que se reveste este post. És mesmo um must e que memória, rapaz! Digo, pq às vezes, lembramos de alguns personagens longínquos, mas somos incapazes de articular mais do que uma frase sobre os ditos.

É uma maneira bem original e nada piegas de marcar o dia. O fato é que ser politicamente correto na linguagem não diminui o preconceito que muitos trazem por dentro.

Se quiseres, dá um pulinho no link a seguir e vê como uma miúda de 12 anos consegue lidar com essas diferenças de forma tão pouco hipócrita qto. Beijinhos

http://125zul.blogspot.com/2007/11/crianas-especiais.html

Isamar disse...

Quanto gosto ler-te, luís! Este tipo de post toca-me profundamente.
Infelizmente, continuamos a não saber lidar com a vida.

Beijinhossss

gaivota disse...

gostei de aqui vir, o nosso hospital, muito boa a foto
e o tema, que bem me lembro desse arrumador de carros...
e o que corríamos por aí, brincávamos às escondidas por entre os carros, enquanto ele se desesperava a "enxotar-nos"
deixo 1 beijo

Luis Eme disse...

Nem sempre Maria, infelizmente.

A fotografia é de um "postal" da minha colecção...

abraço

Luis Eme disse...

Bom saber que ainda está vivo, Vitor.

Realmente, a nossa cidade, sempre teve uma boa colecção de cromos.

abraço

Luis Eme disse...

Já lá fui e até fiz uma vénia, Pitanga.

abraço

Luis Eme disse...

Sem sombra de dúvida, Cris.

abraço

Luis Eme disse...

Mas olha que cheguei a pensar, que tinha "exagerado", por ser o dia que era, Ida.

Mas é tão fácil entrarmos nestas brincadeiras de "manetas", "pernetas", coxos", quando somos pequenotes...

abraço

Luis Eme disse...

Pois não Sophia...

abraço

Luis Eme disse...

E eu gostei de ver por cá "Gaivota".

abraço