A ceifa dos campos está associada ao Verão...
Lembro-me no começo da adolescência de a minha avó me ter ensinado a ceifar. Embora, na verdade, nunca me ajeitasse muito com a foice.
Pouco tempo depois, tive oportunidade de colocar em prática os ensinamentos da avó. Não sei bem porquê, sei apenas que eu, o meu irmão e o meu pai, tivemos de ceifar o pasto que o avô tinha semeado para o gado, na parte superior da Ambrósia.
Claro que aquilo era mais brincadeira que ceifa, ao ponto de o pai, ceifar mais de metade do pasto...
Para não ficarmos muito desanimados, explicou-nos o porquê de ceifar tão bem, contando-nos as suas aventuras no Alentejo, nos tempos de escassez de comida e de trabalho...
O pai e o seu avô, assim que se aproximava a época das ceifas, faziam a trouxa e partiam para da Beira Baixa para o Alentejo, onde passavam dias e dias a ceifar, de sol a sol, atrás do "pão", amassado por algum parente do diabo...
Claro que nem tudo era mau, havia sempre o convívio, a alegria do povo que vinha de várias regiões, para o Sul, e as histórias, que ia ouvindo aqui e ali, sobre outros mundos, além da sua Beira, tão inóspita...
O belo óleo, "A Salmeja", é da autoria de Silva Porto.
16 comentários:
E as tuas palavras fizeram-me lembrar esta cantiga, que sempre ouvia no Verão no meu Alentejo em tempo de férias "grandes"...
CANTA, ALENTEJANO, CANTA
Canta alentejano, canta,
o teu canto é oração,
tens a alma na garganta
solidão, ai não, ai não!
Solidão, ai não, ai não!
Quem canta, seu mal espanta.
O teu canto é oração:
canta, alentejano, canta!
Eu gosto muito de ouvir
cantar a quem aprendeu.
Houvera quem me ensinara,
quem aprendia era eu!
Beijos Luís M.
Esta viagem pela memórias pode-nos levar longe, às tradições, aos costumes que se perdem no tempo...
Um abraço.
Estou aqui há que tempos, sem saber como te comentar. Porque me apetece brincar contigo um bocadinho, foi o primeiro impulso.
Depois pensei se seria correcto ou não, mas o impulso é mais forte...
Acho uma delícia esta frase "Embora, na verdade, nunca me ajeitasse muito com a foice." E apetece-me perguntar.... e com o martelo?
Desculpa, Luís, mas bem tentei, só que não saía outro comentário... sou genuína, às vezes 'infelizmente'...
Beijinho, com carinho
(foi só brincadeirinha)
venho deixar os meus parabéns pelo "cacilhas"!
beijinhos
lembro-me de algumas coisas do campo. vinha passar féria a casa dos meus avós no ribatejo, lembro-me de andar de carro de bois divertida ir até Golegã, á feira de S. Martinho, banhar os pés no tejo e fascinar-me com o almorol, mas só me lembro... parece que foi há tanto tempo
gostei de te ler, recordei!
hoje só me lembro do mar, o mar que me há-de levar...
fica um abraço meu
lena
E o essencial para se ceifar bem é não cortar os dedos!
1 abraço.-
Hoje nas Caldas da Rainha
As interpretações vocais fantásticas dos Swingle Singers. Festival de Música das Caldas da Rainha
http://www.ccc.eu.com/artigos/artigo.asp?nid=138&sec=8
Gostei de vir aqui. Voltarei.
Há muitas coisas que fazem parte do nosso património comum de lembranças. Vou fazer a ligação lá no meu espaço...
Abraço
obrigada pela canção, M. Maria Maio...
pois pode, Elsa...
pois é Maria... ainda há pouco tempo dei uma martelada numa unha, que andou uns tempos negra.
mas gosto muito do simbolismo da foice e do martelo, da unidade entre os camponeses e os operários...
utopias das estrelas, Maria...
só percebi os parabéns por "Cacilhas", depois de ler a "Gazeta", Gaivota...
obrigado
e foi, Lena, há algum tempo...
sem dúvida, Higino...
espero que tenha sido um sucesso CCC...
volta sempre, Méon...
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