Estão Aí as Vindimas...
Desde pequenote que me habituei a percorrer as vinhas do avô. Primeiro a brincar às escondidas com o meu irmão e amigos, depois já com um balde e uma tesoura na mão, a cortar os primeiros cachos de uvas, e claro, desejoso de entrar, lá mais para a tardinha, no lagar, para transformar todos aqueles bagos em vinho, com os pés, numa quase dança milenar...
Não tenho dúvidas de que as vindimas são uma das actividades menos entediantes do campo, até por estarem ligadas ao convívio entre familiares e amigos, quase sempre alegre e brejeiro.
A habitual lavagem de roupa suja, protagonizada pelas mulheres, é quase sempre reforçada por deixas masculinas, próximas da anedota, que deixam toda a gente a sorrir, amenizando o ambiente.
Também é espaço de novidades, quase transformado num jornal de aldeia "cor de rosa", com uma lista enorme de casamentos, ajuntamentos e separações, claro. Também aparece sempre a filha de alguém, que é ou vai ser mãe solteira. O espanto das mulheres é suplantado mais uma vez pela bonomia dos homens, que deitam fora os falsos moralismos de ocasião: «para quê tanta admiração, se até os bichinhos gostam?» E lá voltam as gargalhadas, as anedotas e as histórias de outros tempos.
É por esta razão que um dos meus tios de Salir de Matos, não recusa qualquer convite para participar nesta "festa do vinho"...
20 comentários:
Bonitas recordações nos trazes aqui em tempo de vindimar para mais tarde saborear...
Beijinho, Luís
Sabes Luís M, eu gosto sobretudo das cores que pintam esta época...
Beijos.
Estava a precisar de algo parecido, com muita gente animada, para fingir que está tudo bem.
beijinho
Sabes, Luís, eu também tenho memórias das vindimas, das brejeirices dos homens e mulheres intervenientes no processo e associo-as sempre às desfolhadas. Descamisadas as maçarocas, se havia milho-rei era obrigatório dar beijinho às moças casadoiras da roda. Elas coravam até à raiz dos cabelos e os mais velhos ( homens e mulheres) soltavam a exclamação" Até parece que não gostam! Mortinha por ele estão elas!" Ainda vai sendo assim num certo interior rural onde há alguma resistência ao apelo da cidade e do litoral.
Beijinhos
Bem hajas!
Uma mémoria com cores de Outono. Gostei muito deste (re)canto do Oeste.
voltei a viajar pelo oeste, voltei a recordar os sítios por onde passei este ano
as festas também foram algumas, como sempre nas ruas todas elas bem enfeitadas. porém sou uma mera observadora e de poucas horas
as vindimas. são já saudade, saudade das corridas em criança, saudades de ver a primeira poda, de pegar no balde e ma tesoura, com pouco jeito. das conversas, das gargalhadas, um pouco de tudo
não fui criada no meio delas, era só nas férias quando vinha de ter atravessado o atlântico, para casa da minha avó , no Ribatejo
histórias que ficaram. momentos boas de recordar e ler-te é mesmo um grande prazer
o meu abraço amigo
lena
as vindimas nessas nossas zonas de oeste, neste caso mais precisamente na Vermelha, a aldeia da minha mãe, era sempre uma festa, nós, miúdos, brincávamos, comíamos as uvas e observávamos também todo aquele trabalho, até ao pisar da uva
boa recordação, Luís
beijinhos
Fantasticas!Toda a gente devia vindimar uma vez na vida.
bjo
Não sei se alguma vez comentei aqui neste Viagens. Porque venho com menos frequência do que ao casario, mas não com menos interesse. Ao contrário, se calhar. È que a minha história de vida passa muito pelo Oeste. Os retratos que vais deixando são, em alguns casos, antropológicos (como este post; como o anterior (a propósito, digo-te que fiz um interessante trabalho sobre as tascas em meio rural. E a divisão do género estava lá - tal e qual comod escreves nesse post.
As tuas viagens e vivências das Caldas, são as minhas também. Foi, por exemplo, no Parque da cidade a primeira vez que remei. E foi um sucesso...Enfim... Olha, estou aqui a pôr em dia as impressões que vou tirando deste teu canto de que gosto muito, pois sinto cheiros que fazem parte de mim. E isso conforta-me bastante.
Bejinhos
tenho óptimas recordações das vindimas, Maria...
também são bonitas, M. Maria Maio...
até eu, Joana...
boas jornadas, boas recordações, Sophiamar...
ainda bem Cristina.
volta sempre...
o nosso Oeste continua lindo, Lena...
ainda deve ser uma festa, Gaivota...
concordo contigo, Velas...
não faz mal, também "posto" com menos frequência nas "Viagens", Lúcia.
é bem saber que te sentes reconfortada, nestas viagens pelo Oeste...
As vindimas por aqui têm a cor e o sabor do Douro.Nunca me cansarei de olhar e ver os tons. Uma magia...
Nascida nas Caldas as minhas memórias viajam no tempo.
Recordar , dizem, é viver...Obrigada!
Bj.
é uma magia, neste Outono sempre melancólico, Mateso...
e claro que recordar é viver.
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