domingo, agosto 26, 2012

A Facilidade com que se Inventam Palavras nas Aldeias


A minha avó materna sempre teve alguma facilidade em inventar palavras, pelo menos eu pensava assim, quando era mais jovem.

Tenho quase a certeza que nunca a corrigia, limitava-me a sorrir. 

E também não pensava muito nas coisas, muito menos na razão desta facilidade.

Agora já quase crescido, com os cabelos a branquearem, deu-me para decifrar este "enigma", que nem teve nada de complicado, apenas me exigiu alguma razoabilidade.

A sua capacidade de invenção estava ligada sobretudo à liberdade com que se comunicava (e ainda comunica...) oralmente  nas aldeias. 

A falta de escola, de regras gramaticais, do conhecimento formal dos verbos, substantivos e adjectivos, entre outras coisas ainda mais estranhas, tornava a sua linguagem original e autêntica. 

Não conseguiam ler livros mas a oralidade oferecia-lhes um mundo de palavras, que podiam utilizar a seu bel prazer.

O óleo é de Samane Turnbull.

4 comentários:

Lóri disse...

Bela forma de comentar o fenômeno tão criticado por outros que, sem razão nenhuma, se auto-atribuem o título de proprietários da língua e com direitos a anular a criatividade popular e sua espontaneidade. Vim agora de uma semana pelo Alto Alentejo e que bem que me soavam todas as palavras.
Beijinhos da Península, e tb perto do Tejo!

mfc disse...

Essa liberdade gramatical é um prazer de se ouvir!

Luis Eme disse...

olá querida, Lóri.

há quanto tempo!

e claro, a língua é de todos os que a amam, mesmo sem saberem...

Luis Eme disse...

pois é, MFC, até tem música. :)