sábado, dezembro 08, 2007

Caldas: Que Cidade Cultural? (I)

Perguntaram-me que espécie de cidade, eram as Caldas da Rainha, em termos culturais.
A primeira frase que me ocorreu foi: «não sei.»
Era uma pergunta das difíceis, porque a cidade continua a não ser muito fácil de caracterizar, apesar de possuir excelentes casas de artes.
O pior da cidade é continuar muito fechada e conservadora e isso tem sempre o seu preço.
Desculpei-me que não era a melhor pessoa para falar da cultura caldense, porque estava fisicamente afastado há pelo menos duas décadas, e só sabia do que se passava, pela imprensa regional.
Mas lá fui falando, descobrindo aqui e ali, pontos positivos e negativos.
O aspecto mais negativo (para mim, claro) foi o fecho do histórico Casino do Parque, mais tarde Casa de Cultura, onde se faziam coisas muito importantes e onde estava sediado o Teatro da Rainha (que felizmente voltou...). Esta história nunca foi bem contada, mas havia uma grande “dor de cotovelo” dos sociais democratas instalados no poder (ainda lá estão, os malandros...), perante a sensibilidade e capacidade de trabalho cultural dos “esquerdistas”, “comunas”, “drogados”, “vagabundos”, etc. A forma de destruir aquele trabalho, demasiado visível, foi inventar umas obras, piores que as da Santa Engrácia... como todos os caldenses sabem...
O aspecto mais positivo que referi foi a instalação da ESAD (Escola Superior de Arte e Desenho), que mudou bastante as coisas, pelo menos no campo das artes plásticas. Trouxe gente nova que conseguiu baralhar as cabeças “velhas” da gente instalada no poder, que tiveram de aceitar uma série de “modernices” a abrir algumas galerias de arte, aqui e ali.
Quando se falou de pessoas lembrei-me de Bordalo Pinheiro, de José Malhoa, dos escultores António Duarte e João Fragoso, e senti que Bordalo continua a ser a presença artística mais viva, apesar de ser o único que não nasceu na cidade e que até teve uma passagem mais curta e há mais tempo na cidade termal...
E nem estava a pensar na “louça malandra”...

Este desenho de Bordalo com dedicatória a todos os caldenses, assenta que nem uma luva neste texto...
(continua...)

6 comentários:

Maria P. disse...

Pelo menos uma vez por mês vou às Caldas, de facto parece parada no tempo, e é pena, pois acima de tudo está bem situada geograficamente, perto de tudo, e ao mesmo tempo afastada o que permite algum sossego, não tem sido bem desenvolvida, digo eu...

Beijinho a Oeste:)

Maria disse...

Muito bem, Luís. Sendo este o primeiro de alguns (quantos?) posts sobre a nossa cidade, começaste bem.
Também acho que o marasmo laranja tem contribuído para que a questão cultural na cidade seja quase inexistente... embora haja ainda quem resista...

Beijinho (caldense, claro!)

Anónimo disse...

Caro Luis

lendo as suas palavras, reconheço que as Caldas actualmente não tem uma posição forte no que diz respeito à cultura...os museus existentes e vários por excelencia, são na maior parte museus passivos ou seja, estão às moscas e para as moscas...existem caldenses que nunca entraram num museu das Caldas mas se calhar já foram ao Louvre, ao Prado....as Caldas tem museus é correcto, mas não basta ter museus para se ser considerada cidade de cultura, tem de haver sinais em muitas vertentes da existencia de cultura e claro isso não passa por uma cidade, mas sim pelas bases de um país....Creio que timidamente a autarquia tem feito exposições e incentivado a cultura, mas de um forma muito timida e sem convicção, ou seja fazer porque fica bem....a cultura não passa só pelos museus, mas sim pelas escolas e pelo exemplar da autárquico.....mas se olharmos para esta cidade e verificarmos o caos urbanistico, a quantidade de edificios em ruína naquilo que chamam zona histórica da cidade (até dá vontade rir)as ruas sujas, o esgoto doméstico de uma cidade de milhares de habitantes a correr direito sem tratamentos na maior parte do tempo para a mais bela lagoa em Portugal, então não somos uma cidade com referencias culturais...somos uns vaidosos com muitos museus...
um abraço Vitor Pires

Luis Eme disse...

E esta Maria P?

Vais mais vezes às Caldas que eu...

abraço

Luis Eme disse...

O que resiste é o que não é laranja e continua com vontade de criar e de saltar obstáculos, Maria...

abraço

Luis Eme disse...

A gente do centro e da direita sempre teve dificuldade em lidar com as coisas da cultura. Não sei porquê, uma vez que a cultura deveria ser apartidária...

E é uma pena o desperdício de tanto museu de qualidade.

abraço Vitor