Todos nós sabemos que há muitas maneiras de se começar ou acabar uma conversa.
Nunca pensei que a nossa se iniciasse com os filmes que já não vemos, naquele reencontro próximo do Chiado.
Quando me perguntaste se ainda ia muito ao cinema, devias saber a resposta... não, claro que não.
Nem sequer me desculpei com os DVD's, com as pipocas ou com as salas minúsculas dos tempos modernos.
Pensar que o cinema foi um bom tema de conversa, para te recordar uma frase que me disseste no começo dos anos oitenta. Foi a primeira vez que me disseram, com convicção, que: «Os filmes são sempre tão diferentes da vida...». Respondi apenas, «alguns...», como tinha sido o caso do filme novelesco que tínhamos acabado de ver, no desaparecido "Estúdio Um", nas Caldas da Rainha, com um daqueles finais felizes que não há...
Ainda insisti, que sempre existiram filmes feitos de pedaços de vidas. Tu abanaste a cabeça, acrescentando: «os filmes são feitos apenas de sonhos ou pesadelos.»
Perguntei-te se ainda era teimosa. Sorriste e disseste que sim, que há coisas que não mudam...
Lembro-me bem da moça que agora é uma mulher madura, e estava ali, a meu lado, desviar a conversa para o mundo dos livros, que podiam demorar meses a serem lidos e nunca apenas a hora e meia a duas horas em que a fita era exibida na sala escura e silenciosa. Eles sim, tinham uma intensidade dramática mais próxima do nosso dia a dia, da vida...
Tu não te lembravas de nada, daquele filme e da nossa conversa.
Eu continuava a pensar que, talvez os filmes não sejam assim tão diferentes da vida. Depende apenas do realizador...
Pois, é que a vida também é feita de sonhos e pesadelos.
Tu sorriste e disseste que sim...
23 comentários:
«Quem sonha de dia tem consciência de muitas coisas que escapam a quem sonha só de noite.»
Edgar Poe, "Histórias"
Gosto de sublinhar certas palavras ao ler, estas foram sublinhadas em tempos idos, agora recordadas aqui, graças a este post, de excelente reflexão.
Um abraço.
Pois, é que a vida também é feita de sonhos e pesadelos.
Tu sorriste e disseste que sim...
a mais pura das verdades.
um bjo
Terno post, Luis. Uma coisa é certa: certos filmes permitem-nos sonhar. Como certos livros. mas, quase sempre, encontramos pedaços de vida, das nossas vidas, em momentos de papel ou tela.
Beijos
E ela sabe que tens um blogue, onde escreves estas coisas, Luís?
O Sérgio Godinho sempre foi muito inspirador... como os filmes ;)
Bjs
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"IN-CANTO " - LUISA AMARO
Guitarras Percussão e Dança Oriental.
Compareça
olha o tu agora vens lembrar...
a vida também tem sorrisos e diz-se que sim...
beijinhos
Boa Noite
aconselho vivamente que assistam ao espectáculo é de muito bom nível
De sonhos, pesadelos, encontros e desencontros... :)
Beijinhos
é verdade Elsa...
pois é, Velas...
pois encontramos, Lúcia...
isso agora, Joana...
o Sérgio é aquela máquina, Paula...
e eu recomendo que além da publicidade, deixem também uns bilhetes reservados na bilheteira para as "Viagens"...
eu sou assim, Gaivota...
também, Cris...
E eu também digo que sim e acrecento: a vida e os filmes ,são os pesadelos e os sonhos e os "assim-assim" também.
esqueci-me dos assim-assim, Nia...
Que bom voltar cá e encontrar matéria para concordar contigo, meu querido Guardador.
Penso que sim, os filmes são feitos de tanta coisa parecida com a vida e de tanta coisa que nada tem a ver, mas que, talvez por isso, tenha tudo a ver, pois a vida é, na maior parte do tempo, "stranger than fiction", outro título de filme. E como dizes mt bem, depende sempre do realizador.
Beijo cinematográfico que eu não me desculpo, e embora não vá ha tempos a um templo de telona, sempre dou um jeito de descolar um dvd na esquina de casa. Hoje foi dia de algo muito parecido com a vida, com gente pobre, desgraçada, crianças assassinadas, carnaval, alegria, partilha, desejo... pena que dificilmente vá passar por aí, e mesmo que passasse, tu não o verias, por certo.
o cinema é assim mesmo, Lóri, confunde-se com a vida...
como é hábito cheguei mais uma vez atrasada. consumidora crónica da sétima arte permite_me discordar quando dizes que "Eu continuava a pensar que, talvez os filmes não sejam assim tão diferentes da vida. Depende apenas do realizador..." depende essencialmente de nós. já vi ene vezes o mesmo filme em fases diferentes da vida e tocam_me de maneira diferente desligadamente de quem seja o realizador. aí esse papel é um pouco meu. depois há os eternos. as longas metragens que nos ficam na memória.retendo_as de igual modo independentemente das fases.
e os reencontros próximo do chiado ficam nessa memória também...
bem haja pela partilha
claro que não chegaste atrasada, Ivone.
sim, depende de nós, mas também do realizador, se for realista ou fantasista...
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