Os bairros foram engolidos pela modernidade... as ruas e as avenidas, cortaram com este elemento de identificação tão forte, o tempo arrancou-nos mais esta raiz.
A palavra bairro para os meus filhos deve soar a uma coisa estranha, é uma palavra que têm dificuldade em colar a qualquer mapa...
Sei que o tempo não pára. Por exemplo, eu também já não sou do tempo das "vilas", esses aglomerados interiores, cheios de casas e anexos.
Se contasse aos meus filhos as "guerras" que travei com outros bairros, principalmente o da Ponte, que não se ficavam pelos jogos de futebol. Nem sei como é que não havia muitas cabeças partidas, quando a coisa dava para o torto e o jogo transformava-se numa área de lançamento de pedras. Não devíamos ter muita pontaria e ainda bem...
Ainda hoje sinto alegria, quando me dão notícias do meu bairro, onde tinha os meus amigos e a certeza de que era feliz...
A fotografia é de João Martins, do seu álbum, "Os Putos".
12 comentários:
Os bairros lá ainda existem, tal como os deixaste.
Sabes que a tua casa da Rua do C. foi pintada?
:)))
Beijinho, Luís
Gosto da fotografia, muito.
Também cresci num bairro, era tudo mais próximo, talvez até próximo de mais. Toda a gente sabia a vida de uns e de outros.
Nas cidades grandes, o anonimato é rei, para o melhor e para o pior.
beijinho para ti, Luís.
Pois é amigo Luís, eu era do Bairro da Ponte, mais propriamente do Largo do Estragado, também vivi esses tempos do Futebol, da Bilharda, do Pião, eu sei lá…e quanto a não haver cabeças partidas tinha a ver com a perícia de fugir delas.
E o orgulho que tinhamos de ter um bairro!
Era um parágrafo mais na nossa identidade.
Aqui chamos localidades a bairros. Os bairros - ex. a Baixa Lisboeta seria um bairro brasileiro - a que tu te referes, do que sei, seriam os condomínios fechados que foram criados por aqui.
A rua onde moro parece um dos teus bairros, todo mundo se conhece, nem sempre se falam, mas todos sabem da vida de todos e quando alguém desaparece sentimos a falta e perguntamos pela pessoa. É engraçado! ;)
Beijinhos
já me tinhas dito...
espero que tenha ficado mais colorida, Maria...
pois, alguns os bairros também têm essa falta de privacidade, Isabel.
o mundo não é perfeito...
também, Zé, também havia ali pericia...
é verdade, Francis, era mais um paragrafo das nossas vidas...
não, Cris, os bairros de cá eram maiores que um condominio fechado, era mais uma "baixa lisboeta"...
Como a maioria da criançada, naquela altura eu também vivi num bairro, nas Caldas da Rainha, o Bairro do Viola.Ficou marcado para sempre, mesmo sem sabermos naquela altura o significado que tinha nas nossas vidas. Havia quermesse nos Santos Populares, marchas organizadas pelo Sr.Jaime, alfaiate do Bairro, jogos à bola onde eu, como rapariga entrava, pois de vez em quando a bola ia parar a uma serração vizinha, e o dono não achava graça nenhuma à bola, mas, se fosse uma menina loirinha e de olhos azuis lá buscá-la com um ar de inocente ele até a ia dar às mãos...Coisas!
Lembro-me que naquela altura a RTP iniciava as suas emissões e como só havia um café no Bairro, o do Sr. Luis, era lá que a criançada se juntava para ver a televisão. Era uma alegria total! Enfim, um desenrolar de lembranças que não tem fim.
Lurdes Peça
sim, Lurdes, muitas boas recordações, de um tempo tão diferente...
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