Tudo começou no Oeste, no velho Campo da Mata...
Na início acho que gostava muito mais de ir com o meu pai ao futebol, de mão dada, pelas ruas da Cidade até à velha Mata, pelo orgulho que sentia da sua companhia, que pelo espectáculo do futebol.
Acho não, tenho a certeza.
O meu pai era um mestre dos silêncios, nunca foi de muitas palavras. Nem mesmo durante o jogo. À nossa volta gritava-se, chamavam nomes (alguns dos quais desconhecia na inocência dos meus seis anos...) ao árbitro e aos jogadores adversários. O meu pai via o jogo pelo jogo, irritava-se com os falhanços dos jogadores do Caldas, mas raramente arranjava bodes expiatórios ou gritava.
Embora não o interiorizasse na época, foi a partir desse momento que percebi que o futebol era composto por dois espectáculos, um dentro do campo e outro nas bancadas.
Felizmente, sempre me interessou mais o que se passava no terreno de jogo, os golos e a arte dos futebolistas.
Mais uma vez o dedo do meu pai estava presente. Nunca usámos cachecóis ou bandeiras, éramos uma espécie de espectadores anónimos no meio dos adeptos...
Foi sempre assim pela vida fora. Já em Lisboa. nunca subi para o histórico terceiro anel, que tanto abanava como tremia, com cachecol, nem mesmo nas noites europeias frias do Inverno...
Esta prosápia deve-se ao corropio aqui de casa, com bandeiras, cachecóis, lenços, cornetas, durante o jogo de Portugal, que ganhámos á Turquia. Percebo que sou o único que aprecia o futebol, o resto da "turma" gosta mais do outro espectáculo, até querem ir festejar a vitória para a rua...
10 comentários:
Eu devia ter mais ou menos 6 ou 7anos, quando o meu pai começou a levar-me para o jogos, sempre a mesma frase antes de sair:
"Não percas a menina!" - dizia a Mãe...
Um dia aconteceu, foi em Peniche, tal foi a emoção do jogo, que deixaram de ver a "menina"... Sabes onde estava? Junto do Forte com o fotografo da equipa, ele a tirar-me fotos, ainda tenho uma dessas imagens...:)
Ser filha única, tive estas coisas boas estive em todas, de raparigas ou rapazes como se dizia.
Mais uma vez, por ti, arrastada para as minhas memórias...
Beijos, Luís M.
P.S. Desculpa de me alonguei!:)
eu só me lembro de ter ido duas vezes ao futebol, mas não me importava nada de assistir a um dos jogos da nossa selecção, viver de perto aquele ambiente :) beijo
Eu sou ao contrário: adoro a festa, as emoções que a selecção proporciona. De futebol, percebo muito pouco, nem sequer sei os nomes de grande parte dos lindinhos da selecção.
abraço
desporto, sempre!
no campo da mata, esse de que falas, tenho tantas recordações!
olha, digo mesmo que joguei futebol, a equipa feminina liderada pelo micael!
já lá vão 40 anos, certamente (pelo menos!)...
beijinhos
alonga-te sempre, na visita às tuas memórias, M. Maria Maio...
a emoção expande-se nos estádios, a positiva e a negativa, Alice...
nunca me esqueço de estar no terceiro anel do estádio da luz, num jogo que o Benfica perdeu 4 a 1, com o Liverpool, e sentir como cada golo dos ingleses, gelava e encolhia aquelas bancadas miticas...
gostas da festa, Joana...
eu gosto mais de futebol, confesso.
e não era vulgar, uma mulher da tua geração, gostar de futebol, Gaivota...
"Éramos uma espécie de espectadores anónimos no meio dos adeptos..." - belo retalho nostálgico de uma cumplicidade feita de silêncios! Gostei mesmo muito!
Sabes?... Hoje vim aqui de propósito para tentar perceber como te divides por entre os teus blogs; isso para levar um comigo, "linká-lo" e não mais o perder. Não que eu ande blogueira de novo, que não ando. Na verdade, até o blogger se lembrou de me atraiçoar dificultando-me a tarefa de editar; e eu nem me importo!... Simplesmente, estava a ler coisas antigas e veio-me à lembrança as vezes que gostei de aqui vir, e o sempre que gostei de por lá te ver.
Como é? Levo o Oeste ou o Ginjal? :-P
Sei o que deixo: é um abraço! :-)))
era verdade, APC...
sou quase como o "Pessoa", os meus blogues têm personalidades distintas...
o Oeste é mais nostálgico e também mais campestre, mais Alberto Caeiro...
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