sexta-feira, maio 25, 2007

O Roubo de Crianças



Ao passar pela acolhedora casa de palavras da Ana, Andando e Pensando, fiquei a saber que hoje se comemorava o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas.
Desde criança que ouvi falar de histórias de crianças desaparecidas e escutei os avisos habituais dos nossos pais, para ter cuidado com estranhos e nunca aceitar nada deles. Nesses relatos dizia-se que normalmente escolhiam meninos e meninas bonitas e levavam-nos para longe, para outros países. Felizmente nunca assisti a nenhuma drama destes, próximo.
Com o passar dos anos e a aproximação dos países, este problema agudizou-se.
Hoje existem dezenas de crianças desaparecidas no nosso país. Algumas foram raptadas há mais de uma dezena de anos, embora a esperança dos familiares, de os voltarem a ver, um dia, se mantenha bem viva.
É por tudo isto que compreendo perfeitamente a revolta que os pais portugueses sentem com todo este folclore noticioso que rodeia o desaparecimento da menina inglesa. Na maior parte dos casos, as autoridades nunca deram a atenção devida aos desaparecimentos, pelo menos na fase inicial. Preferiram pensar que se podia tratar de uma brincadeira e ficaram à espera horas e dias, que se revelaram, quase sempre, fatais.
Por muito que nos esforcemos, não conseguimos sentir a verdadeira dimensão da dor destes pais. É para todos eles que deixo uma palavra de esperança e que nunca desistam de lutar por um possivel reencontro.
Este título pode parecer duro, mas é mesmo disto que se trata, do roubo de crianças!

A imagem que escolhi para este texto faz parte do livro "Estas Crianças Aqui", com palavras de Maria Rosa Colaço e fotografias de Eduardo Gageiro.

21 comentários:

Ana M. disse...

Também eu acho que a polícia nunca faz grande coisa nas primeiras horas, que são as fundamentais.
No chamado "caso Madeleine", várias circunstâncias contribuíram para tanta visibilidade:
Pais britânicos (o turismo precisa deles), criança loira e linda.
Todos fotogénicos. Classe média- alta. Pessoas com grande influência, no seu país de origem e que sabem lidar muito bem com os Media. Pessoas que não escondem a sua crença religiosa.
Que tudo aproveitam (e fazem muito bem) para levar por diante esta busca infernal, que provavelmente não acabará como desejaríamos.
Posso compreender a frustração de quem perdeu um filho em circunstâncias semelhantes, sem lhe ter sido prestada a milésima parte da atenção que foi posta aqui.
Bem desejaria que todos eles aparecessem.
Infelizmente, não será esse o caso, talvez para nenhum deles.

Flôr disse...

Obrigada Luís.

Estas, tuas palavras, ficavam muito bem, debaixo das fotos das crianças desaparecidas...

Bom fim-de-semana.
Beijinho

Rosa dos Ventos disse...

Não há dor maior...

Maria P. disse...

Este é de facto um assunto que nos toca muito, expressar a dor que esses país sentem é impossivel para quem nunca passou por tal, mas é de ficar arrepiada ao imaginar e pensar em tal situação.

Creio entender as famílias de crianças portuguesas desaparecidas, porque a atenção dispensada a este caso não devia suscitar tanta confusão, devia ser uma prática normal nestas situações.

Um abraço Luís*

Maria disse...

Só duas palavras:

DÓI TANTO.....

Beijinhos

Menina Marota disse...

O que eu iria dizer a propósito deste texto a Sinhinho já o disse na sua totalidade.

Um dos meus filhos (o mais novo) já me fez passar por 2 vezes pela horrivel sensação de quase ser raptado.

Uma das vezes, no Santuário de Fátima, a outra, em Santiago de Combustela, na procissão do Corpo de Deus...

Talvez um dia escreva sobre isso...

Um mal que tende a aumentar, infelizmente.

Um abraço e bom fim de semana ;))

Luis Eme disse...

Concordo contigo Sininho.

Luis Eme disse...

Pois ficava, Ana...

Luis Eme disse...

Tens toda a razão Rosa.

Luis Eme disse...

Acredito que a partir daqui as coisas vão ser bem diferentes, Maria P., especialmente nos meios mais pequenos, onde as autoridades locais raramente acreditavam em raptos...

Luis Eme disse...

Só de pensar nisso, arrepia, Maria.

Luis Eme disse...

É mais um dos problemas da globalização...

Teresa David disse...

Creio que sempre houveram raptos, pedofilia, homicidios. Lembro-me de ter 3 anos e passava o verão na Costa e ter-me ficado na memória um caso de um rapazinho de 3 anos que desapareceu e já não recordo se foi assassinado, mas creio que sim, na Fonte da Telha. Nessa altura a imprensa era o boca-a-boca, logo menos abrangente. Aliás vivia-se os tempos antes do 25 de Abril e não dava jeito que estas coisas viessem a lume.
Onde quero chegar é que desde que o Mundo é Mundo que existem pessoas gananciosas ou criminosas, só que agora se dá mais por isso!
Obrigada pela visita e um abraço até ao meu regresso.
TD

Luis Eme disse...

É verdade, Teresa, no tempo do "outro senhor", passavam-se coisas do arco da velha.
Na alta sociedade aconteceram escândalos que ainda hoje são célebres, piores que o famoso "Ballet Rose".
Mas hoje existem mais perigos e mais perversões, porque as sociedade evoluem sempre nos dois sentidos, o positivo e o negativo.

Anónimo disse...

desconhecia existir um dia dedicado a este flagelo que considero ser o pior castigo para os pais que desconhecem o rumo dos filhos, sobretudo quando se trata de crianças de tenra idade que não podem defender-se. uma tragédia a que não podemos ficar indiferentes e que deverá ser punida quando confirmado o rapto ou intenção criminosa.

Kalinka disse...

Tanto e tanto que há para dizer no caso das crianças roubadas...enfim.
Coitado de quem passa por isso, muitos que estão de fora não sabem dar o devido valor...

Cá vou continuando a passear dentro de Portugal. Desta vez não fui para perto do Mar, mas sim para a planície, campo.

Ao subir a ladeira para o Castelo, dentro das muralhas, encontrei uma pequena loja muito atraente pelo seu aspecto moderno e acolhedor. Entrei e deparei-me com um moço novo que está no início da sua actividade ali, teve uma magnífica ideia, de vender os produtos e ao mesmo tempo, tem uma sala aconchegante e moderna, com as paredes pintadas de um laranja forte, contrastando com as mesas e cadeiras castanhas, que decoram aquele espaço, onde os visitantes poderão degustar os produtos que se vendem na loja: queijos típicos, vinhos da região demarcada do Alentejo, mel de rosmaninho, várias compotas caseiras de diversos sabores, chás de ervas e tantas outras delícias ali expostas.
Também vende artesanato tradicional, peças feitas de corno, mantas alentejanas, botas de pele e, adorei ver uma enorme quantidade de brinquedos antigos feitos de madeira por um artesão que tem 40 anos e vive das peças que faz: o cavalinho de madeira com uma roda, as cadeirinhas em madeira para crianças, a trotinete de madeira pintada com cores vivas…enfim, transportou-me aos tempos de infância. Prometi-lhe que ia divulgar o seu espaço, original e moderno.

Beijitos.

Luis Eme disse...

Eu também desconhecia, Alice...

Luis Eme disse...

Continuação de bons passeios pelo nosso país, Kalinka.

Cristina Caetano disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cristina Caetano disse...

No Brasil, infelizmente ainda há casos sem solução de crianças desaparecidas, principalmente no nordeste do Brasil, que são roubadas para serem usadas em prostituição.

A nossa lei já foi parecida com a portuguesa, ou seja, após o comunicado à polícia só começavam a procurar a criança depois de decorrido o prazo de 24 a 48 horas. Com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (que possui muitas falhas) a busca deve começar imediatamente após a comunicação a polícia.

Acho que não adianta procurar culpados pela falta de atenção dada a anteriores crianças portuguesas desaparecidas, o facto é sempre chocante e preocupante. A hora é de exigir mudanças para que hajam meios mais rápidos de se iniciarem buscas por qq criança que desapareça.
beijo

Luis Eme disse...

Concordo contigo, Cris.

É preciso olhar para a frente e melhorar toda esta situação, se for preciso com alterações legislativas.