domingo, setembro 16, 2007

Partir à Procura de uma Vida Diferente


Um dos meus tios, foi um dos muitos portugueses que se aventuraram a salto, até França, nos anos sessenta.
Não o fez por razões políticas, muito menos para escapar da guerra colonial, que era um "terror" para quase todos os jovens do nosso país...
Foi atrás do sonho de uma vida melhor, para ele e para os seus...
Na hora de partir, deixou muita coisa para trás, inclusive a esposa, grávida do primeiro filho...
A viagem da fronteira portuguesa até à fronteira francesa, durou catorze longos dias, com fome, frio, sede e muito medo de ser apanhado e preso.
Ele e os companheiros de fuga só descansaram quando chegaram a França, onde foram muito bem recebidos pelos locais das terras fronteiriças, que lhe deram comida e até guarida.
Hoje está por cá, mas não esquece o acolhimento que teve, no país que considera a sua segunda pátria. E se há coisa que não gosta, é de ouvir dizer mal de França e dos franceses, porque é um homem grato ao país que lhe deu a oportunidade de recomeçar uma nova vida.
Aconteceu-lhe o que acontece a tantos de nós. Partimos à procura de algo diferente, na esperança de encontramos a razão da nossa existência, e acabamos por adoptar segundas terras e segundos países...

14 comentários:

Maria P. disse...

Passei por momentos assim, dentro do nosso país.
Na partida do Alentejo para Lisboa, tanto ficou para trás...

Beijinho Luís.

Anónimo disse...

Gostei ... vou voltar.

Ana M. disse...

Ser-se obrigado a emigrar, seja l� qual for a raz�o, � uma ideia que sempre me angustiou.
Hoje tenho uma filha muito longe e n�o me habituo, nem um pouco.

Alice C. disse...

Também tenho familiares emigrantes e sei as saudades que sentem deste nosso país.

O problema são as segundas gerações, raramente voltam. O nosso país é bom para férias, de resto(dizem eles e têm razão Luís...).

Nia disse...

Acabamos por adoptar segundos países, segundos sonhos, segundas vidas...porque adoptar é também amar.E amar com tudo o que isso quer dizer.Adoptar....sonhar...renascer.

Luis Eme disse...

Fica sempre, Maria P, mas temos de seguir em frente...

Luis Eme disse...

Volta minderico... a porta está aberta, de par em par...

Luis Eme disse...

Somos todos diferentes e todos iguais, Sininho...

Então quando a emigração é quase forçada...

Luis Eme disse...

Acho normal o comportamento das segundas gerações, Alice. Se eles se sentem mais enraizados nos países onde vivem, porque razão deverão voltar?

Uma das coisas mais curiosas que me dizeram, dentro deste ambiente emigratório, foi uma amiga que estava em Londres, e começou a ficar preocupada, quando teve um sonho em inglês...

Luis Eme disse...

Tens toda a razão, Nia, adoptar também é amar...

E muitas vezes somos mais bem recebidos em terras estranhas que no nosso próprio país ou terra...

APC disse...

A nossa casa é onde nos sentimos em casa. Pais são os que nos têm como filhos. E, atentando na ligação entre Pater (pai) e Patris ("terra paterna"), cada um dirá da sua Pátria o que sentir. Para mim, é o lugar que levamos connosco para todos os outros.

Um abraço! :-)

PS - Essa estação de comboios lembrou-me muito da infância. Curiosamente, a caminho do Oeste.

Luis Eme disse...

Concordo contigo APC.

Gosto de estações e de comboios...

APC disse...

Algures no meu blog, tenho uma frase tremendamente parecida. Qualquer coisa como: gosto das antigas estações de comboios, e das dos correios; e de velhas tascas também.

É... Acarinho a memória de algumas estações e apeadeiros, daquelas que tinham um pequeno jardinzinho cuidado pelo guarda. Era outra coisa! :-)

Luis Eme disse...

As coisas que me lembras APC, até havia uns prémios para as "melhores estações", que eram afixados na parede das estações, pela sua beleza e limpeza...