Olho para o meu dia a dia em Almada e percebo o quanto os ambientes locais nos podem influenciar...
Um dos bons exemplos é a relação que tenho com as Colectividades do Concelho.
Sou sócio de sete colectividades populares. Claro que só me sinto verdadeiramente atraído, por duas delas, a SCALA - Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada e a Sociedade Filarmónica Incrível Almadense.
Enquanto vivi nas Caldas nunca fui sócio de nenhuma Associação, desportiva, recreativa ou outra coisa qualquer.
Às vezes penso que fui influenciado pelo lado anarquista do meu pai, que sempre o afastou de clubes, partidos ou outros grupos colectivos. Gostava de pensar pela sua cabeça e de caminhar com os seus próprios pés...
Mas mais importante que a sua influência, foi o ambiente da cidade, muito pequeno-burguês, pouco dado aos orgulhos colectivistas que ainda hoje se vivem em Almada.
Quando descobri a Incrível Almadense - que está quase a fazer cento e sessenta anos -, fiquei encantado com o seu passado de luta e com tudo o que tinha dado a largos milhares de pessoas. E não resisti, fiz-me sócio.
A SCALA é uma história diferente, tem muito a ver com a minha paixão pelas artes e letras, e claro, com alguns amigos que tive o prazer de conhecer...
A sabedoria popular bem nos diz: «Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.»
Mas chateia-me pensar, que se vivesse nas Caldas, provavelmente, nem sequer seria sócio dos Bombeiros Voluntários da Cidade...
A fotografia que ilustra este texto é do começo do século XX e mostra-nos o Mercado das Caldas...
12 comentários:
Eu sou suspeita, já que sou sócia dos Bombeiros...
Então e o CCC? E as outras colectividades? Eu acho que se tu vivesses lá havia outra animação nas colectividades, pois és um Homem de empenhos vários...
Beijinho, Luís
Associamo-nos quando sentimos o apelo. E isso, latu sensu. Em fazendo-nos felizes, é de se manter! :-)
Apreciei muito esta edição, pela genuinidade do correr da pena! :-)
Um abraço.
Caro
jah vai longo o tempo que iniciei a leitura habitual deste espaco. ao percorrer estas pahginas revivo o muito de mim, talvez nao no sentido purificado erudito do degrau acima que noto, mas no apelo ao comum a que chamo as Caldas onde nasci. Procurei localizar o espaço onde se realiza a feira desta foto mas nao consegui chegar lah, em todo o caso cresci naquilo a que chamo a fronteira entre a cidade e o campo e onde nasci jah´eh cidade central. Recordo a feira semanal na encosta onde se situam os Pimpoes...recordo as discussoes, as barracas, os porcos ha solta, as vacas de um castanho dourado e os vendedores de cobertores da Covilha. recordo os ciganos de luto que me assustava e um dia vi uma cigana de saias muito compridas que num momento de aflicao nas suas necessidades a vender uma camisola abriu um pouco as pernas e uma agua amarela corria no chao empoeirado e assim continuou o negocio. ainda sinto o cheiro das sopas e de ver o vinho sempre entornado nos balcoes de tabua corrida....A seguir ah feira desejava que chovesse sempre...para, e acabada a chuva ,espiolhar todos os sulcos deixados pelo correr da agua para encontrar moedas, montanahs de moedas perdidas pelas bebedeiras. Agradeco todos os textos publicados.~
Vitor Pires
Em toda a minha vida só fui sócia de um clube pequenino - na altura. Hoje já tem site na net e tudo...
Chama-se ele "Estrela e Vigorosa Sport" e é nas Antas...
Era eu uma jovenzinha «inconciente» e ia lá bater umas bolas, tentando aprender a jogar ténis decentemente, coisa que nunca veio a acontecer.
No ping-pong já me safava melhor...
No capítulo associativista, portanto, sou mais ou menos uma nódoa...
É isso!
Estamos mais dependentes do contexto espacio/cultural onde vivemos do que aquilo que pensamos!
Às vezes infelizmente...
Abraço
Não sei Maria, Caldas é uma cidade muito fechada...
Mas dos Bombeiros de certeza que seria, como sou dos de Cacilhas...
É como dizes APC, precisamos de sentir o tal apelo...
Isso é essencial...
Gostei da visita e das palavras simpáticas, Vitor Pires.
Apareça sempre.
Já ouvi falar do teu clube, Sininho, provavelmente numa canção do Veloso...
Pois estamos Rosa, para o bem e para o mal...
Dos Bombeiros não sei, mas dos Pimpões, valia a pena , embora nos tempos que correm o Associativismo já não é o que era.
No entanto, tiro o meu chapéu à Incrivel Almadense que é uma grande Associação que tive o prazer de conhecer à cerca de doze anos quando fiz parte da Direcção dos Pimpões.
Se não fosse, pelo menos devia, ser também sócio dos "Pimpões", uma grande colectividade caldense, que tem sabido subsistir e inovar com novas ofertas de associativismo.
Também lhe tiro o chapéu, e a todos os homens, como o Zé, que têm feito tanta coisa boa pela cultura almadense, através dos "Pimpões".
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