O meu filho quis ir ver um jogo de juvenis do Beira Mar, o clube mais próximo da nossa casa, para ver jogar o Miguel Arcanjo (que já foi nome de craque, nas Antas...), nosso vizinho, que quer ser craque a sério, com o apoio e o orgulho do pai, talvez com a esperança de ter uma velhice mais calma...
O campo sintético ainda não tem bancadas, pelo que assistimos ao jogo no "peão".
Quase ao nosso lado, o progenitor de um dos jovens, não parava de "incendiar" o jogo, com a frase: «Dá-lhe! Dá-lhe!...». Percebi quem era o rapazola, porque olhava de lado para o pai, envergonhado pela sua tentativa de se meter dentro da partida.
Esta expressão irritante, que me fez mudar de lugar, levou-me à infância, aos jogos de rua, em que raramente havia assistentes. Aliás o único assistente que me lembro de ver, era o protagonista da história que vou contar, pai do Sérgio, um rapaz fraquito e sem grande talento. O homem já devia sonhar, com a existência de craque lá em casa...
Quando este perdia a bola (era quase sempre...) lá estava o senhor, de bigode eriçado, empoleirado na varanda, a gritar: «Dá-lhe! Dá-lhe!...» E o Sérgio, sem saber o que fazer, já que era a bola que lhe fugia dos pés, a maior parte das vezes...
Nós olhávamos uns para os outros, com um sorriso malandreco, gozando o prato...
Claro que o senhor, nunca mais deixou de ser o «Dá-lhe! Dá-lhe!...», para a malta da rua...
14 comentários:
Engraçado o meu pai é do Beira mar ou não fosse cagareu!
bjinho
Ao ler as tuas palavras (e talvez por influência do teu livro) imagino-te numa agradável tertúlia a desenrolar historias noite dentro...
:)
Beijinho*
Gosto de passar por aqui, porque leio as tuas histórias, com muito prazer.
Beijitos, Luís
Uma pergunta... contar bem histórias será tão bom com lê-las ou ouvi-las?
Espero bem que sim, senão só nós é que gozamos.
Abraço.
Ai, és capaz de não acreditar, tou a ouvir os Trovante com "Saudade" e a tua menção ao Beira Mar fez me ir de volta para Aveiro, em dias de muito riso e bem menos peso. Mas deu-me tb um arrepio na espinha já q estou na parte das investigações do Pedro e acho o teu "Bilhete" cada vez mais interessante. Vamos a ver, tenho me refugiado em três leituras ao mesmo tempo, ver se mantenho a sanidade diante de mt trabalho e pouco lazer.
Tá confirmado, "há sempre alguém que nos diz tem cuidado. Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco. Há sempre alguém que nos faz falta. Ai... Saudade."
Beijinhos... quase noruegueses! :)
Hoje a Foz, estava linda...;)
Tem um bom domingo
bjs
Um contador de histórias fabuloso é o que tu és, delicio-me sempre que te visito.
Vim sorrateiramente convidar-te para espreitar o meu kalinka, acabei de responder a um desafio sobre cinema e...há muito a dizer, deixo apenas um pequeno extracto:
SOBRE O FILME: O PIANO
Toca-me como se a minha pele fossem as teclas do piano.
Toca-me numa melodia única.
Toca o meu sexo com os tons de maresia e os meus seios com os tons de jazz.
Toca as minhas coxas entreabertas em portas de sedução
Toca os meus lábios em acordes de paixão.
ADOREI ESTE FILME.
Beijinhos de saudades.
Eu falo do Beira Mar de Almada, um clube quase de bairro, Velas, e não do mais famoso Beira-Mar do país...
Tenho mais jeito para escrever que para contar, Maria P...
embora adore uma boa conversa, com estórias e história à mistura, especialmente em família ou no círculo, cada vez mais reduzido de amigos...
E eu gosto que passes por aqui, Anoris...
Claro que sim, Samuel.
É também por isso que respondo aos comentários...
O Pedro... esse malandrote...
O que seria de nós sem a Saudade, Ida?
Que bom, Cor do Mar...
Tenho saudades da fúria e da frescura do mar da foz...
És um doce, Kalinka...
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