quarta-feira, janeiro 09, 2008

As Guerras de Balneário...

A recente zanga entre Luisão e Katsouranis, fez-me recordar a diferença de ambientes que existe entre o futebol e as outras modalidades desportivas.
Quando joguei futebol nos iniciados e juvenis do Caldas, notei logo que existiam pequenos grupos, graças a algumas vedetinhas que já manifestavam o desejo de dividir para reinar. Além disso, nem todos éramos amigos, alguns de nós só nos encontravamos nos treinos e jogos, devido à projecção do clube, que ultrapassava a própria cidade...
Depois de ter andado uns tempos dividido, acabei por me decidir pelo atletismo, no Arneirense. Foi o melhor que fiz, porque no clube do meu bairro, éramos todos bons amigos. Havia uma relação muito forte entre treinador, dirigentes e atletas, funcionávamos quase como uma família.
Anos mais tarde, já como jornalista, contactei desportistas de todas as modalidades. Percebi que grande parte deles (alguns dos quais campeões do mundo e da europa) eram muito mais humildes que qualquer jogador de futebol da terceira divisão.
E eram terrivelmente injustiçados pela comunicação social, que só se lembrava deles quando eram campeões da europa, do mundo ou ganhavam uma medalha olímpica...
Hoje as coisas continuam iguais. No futebol, passa-se tudo ao contrário, qualquer miúdo que suba aos seniores do Benfica ou do Sporting, é logo colocado no Olimpo, mesmo sem ter provado nada. É sempre catalogado como o novo qualquer coisa. Muitos acabam por não aguentar a pressão, e adeus sonho bom, de craque da bola...
Voltando aos balneários, é raro o clube que consegue funcionar sem grupos e sem "guerras" entre as várias "tribos" do futebol que fazem parte do plantel. Muitos não se falam nem se cumprimentam e só passam a bola dentro de campo, se não existir outra alternativa. Chamam nomes uns aos outros no balneário, nos treinos, nos jogos, e por vezes, chegam mesmo a vias de facto, como todos nós sabemos.
Se neste Benfica actual, além da "tribo" portuguesa, existe ainda a brasileira (sempre numerosa e influente...), a argentina, a africana, a grega, a alemã e a paraguaia, torna-se extremamente difícil gerir estas culturas talentos e línguas, tão diversificadas, mesmo com um grande lider no comando da equipa...
Claro que o mal maior, está na própria cultura futebolística, que tanto idolatra como destroi, jogadores e treinadores, esquecendo que eles não são de barro nem de plástico, são pessoas, como nós...
Esta fotografia é dos anos cinquenta e mostra-nos Matateu a driblar um jogador do Caldas, no Campo da Mata, durante a passagem do clube pela primeira divisão.

6 comentários:

as velas ardem ate ao fim disse...

Eu estou muito zangada com o meu Sporting!

bjo

Maria P. disse...

Fizeste uma excelente descrição dos factos, li e...estava a ver este cenário em certos locais de trabalho, sem ser no desporto, também acontece...sempre os "grupinhos".

Abraço*

Ana M. disse...

Ó senhores, até aqui venho dar com o futebol?
Livra!

Bom fim de semana

Luis Eme disse...

Zangado é forte... mas enerva-me ver o Benfica e o Sporting perderem tantos pontos, estupidamente...

abraço Velas

Luis Eme disse...

É verdade, Maria P, grupinhos existem em todos os lados... então em lugares com muita gente...

Faz parte da nossa natureza, gostar mais, gostar menos, não gostar...

É como esta coisa da blogosfera... sentimos uma empatia maior por umas pessoas que por outras (mesmo sem as conhecermos fisicamente...)

abraço

Luis Eme disse...

É futebol, mas de linha lateral, Sininho...

abraço