Durante o ciclo preparatório e o ensino secundário, nas Caldas, tive como companheiro de turma e amigo de mil e uma brincadeiras, João Buiça.
Recordo-me, que numa das vezes que visitei a sua casa, ele mostrou-me um jornal antigo, com algum orgulho. Tratava-se de um exemplar de "O Século" ou o "Diário de Notícias" (penso que era "O Século", mas não tenho a certeza...), de 2 de Fevereiro de 1908, em que era noticiado o regicídio de D. Carlos, Rei de Portugal.
Ele era nada mais nada menos que bisneto de Manuel Buiça, o autor do tiro fatal, de carabina, que atingiu sua alteza real.
Como devem calcular, com os meus onze, doze anos, adorei ouvir aquela história...
Em conversas posteriores vim a saber da perseguição que foram vitimas, durante bastante tempo, inclusive no Estado Novo. Os Buiça só se sentiram verdadeiramente livres, depois da Revolução de Abril.
Esta ilustração, onde se vê Manuel Buiça a disparar a carabina, foi publicada no jornal francês, "Le Petit Journal", após o Regicídio.
24 comentários:
Lembro-me de ser pequenita, e da morte do rei ser falada, lá em casa. Ficou-me sempre retido na memoria esse feito, tipo "mistério" ...
Tem um bom f de semana Luis
Beijoca*
...como na �poca a fotografia era uma arte mt incipiente, existem sobre o regic�dio, bel�ssimas ilustra�es...~esta � uma delas....
no outro lado do mundo, tb.
vir aqui � sempre uma festa.para os olhos.e para alma. e salva-se a mem�ria.
abra�o. Luis.
e obrigada.
at� breve...saio por uns dias...
mas volto. espero....:)
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São estes relatos que nos chegam contados na 1ª pessoa que fazem a diferença na história...
Abraço*
Sao estas estórias que nos fazem sorrir e ter um sentido na vida.
bjinho
Interesso-me pela História e sempre que enconto alguém que me possa relatar um facto histórico com elementos escritos, fotografias ou um simples relato verbal fico fascinada.Compreendo o teu fascínio.
Beijinhossss
Já tinha saudades de ler as tuas histórias...
Apesar de ser contra qualquer tipo de crime (e foi um assassinato) estas histórias têm o seu quê de misterioso, como se de um filme se tratasse... mas foi bem real...
A imagem é belíssima.
Um abraço ;)
Em criança, com essa tenra idade, tudo tem um significado mais "colorido" o tamanho ou a proporção dos factos aumenta como uma lupa...
São estas histórias que nos fazem continuar para a frente mas nunca nos deixa faltar o passado.
Um beijo
Os idealistas, que se sacrificam em nome de uma causa, são normalmente asprimeiras vítimas, pois as aves de rapina logo os eliminam quando deles não precisam.
Veja-se com a implantação da Republica e com o 25 de Abril, quem hoje está bem, não é o povo
Saudações amigas
C. Valente
e
com a mão mais junto ao coração, vim dar-lhe um beijo. boa noite.
Vim a correr..estou cansadita...Em primeiro lugar para te tirar do meio deste possível tiroteio...rei é rei...mas tu és mais importante para mim que o Rei D.Carlos, por isso..sai daí que ainda podes ser ferido com a carabina!
E depois...desculpa deixar-te tanto tempo "naquela esquina"! :)
E então, vim buscar-te...vamos tomar um café?
Ups...se calhar agora não...são 2.30 AM.
Vamos tomar café depois?
Por acaso, nunca se falou muito disso na minha casa. Os reis, rainhas, principes e princesas, eram mais coisa de contos, Cor do Mar...
A primeira vez que olhei com mais atenção para este facto foi na casa do Buiça...
Pois existem Isabel...
de vários ângulos e com vários primeiros planos...
Fazem sim senhor, Maria P...
são as nossas próprias histórias...
Concordo contigo, Velas...
Somos parecidos nestes gostos, de histórias com pessoas, Sophiamar...
Eu também sou contra estes "derramentos de sangue", mas sei que por vezes são necessários, para se mudarem as coisas, Menina Marota.
Há pessoas que defendem que o nosso país não evoluiu depois de Abril porque não houve derramento de sangue. Não vou tão longe, embora as coisas tivessem voltado rapidamente para os mesmos lados...
Pois tem, fabulamos a vida com mais facilidade, Manuela...
É uma realidade de todas as revoluções.
Depois das "batalhas" submergem sempre os oportunistas de discurso fácil, para tomarem conta do poder e darem cabo das ilusões dos idealistas, C. Valente...
Eu beijo-te, ao começo da tarde, Alice...
Na tua esquina não há tiros...
apenas carros para aqui e acoli...
Vamos lá então ao café, Nia, com a prosa e poesia da vida...
Caro Luis EME
Foi com alguma surpresa que li o teu comentário sobre os nossos tempos de escola e essa visita ao passado da minha família. Espero ter contribuido para despertar o interesse pela história nos companheiros da escola.
Um grande abraço Amigo Milheiro.
João Buiça
O que é feito de ti, Buiça?...
Pelo menos fizeste com que publicasse estas palavras...
Lembras-te do jornal? Penso que estava escondido por cima (ou dentro) de um roupeiro, na tua casa...
Achei que devia fazer uma abordagem diferente do Regicídio, numa altura em que se tenta branquear a história, transformando o rei num "mártir" e os autores do regicidio nuns "assassinos" e contar este pequeno episódio...
Gostei muito da tua visita, um abraço Buiça.
Estou bem! Tambem eu sou professor; parece que é de família. Gostei das tuas palavras é sempre bom saber que os amigos não se esquecem. Quanto ao regicidio existem sempre pessoas que pretendem contar a história à sua maneira;um dia quem sabe a verdadeira história possa ser contada sem distorções e sem aproveitamentos politicos.O Jornal estava guardado no roupeiro;tens boa memória.Mas para além disso ainda existem muitas outras informações e um grande espólio da familia. Um abraço J.B.
Também andei na escola com o João Buiça, e não sei em que perspectiva é que um assassinato pode deixar de o ser. vejo que ele continua a estalar de orgulho.
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