Desde bastante cedo que me habituei a ler jornais.
Iniciei este hábito (ou vicio...) no começo da adolescência com a leitura de "A Bola", a chamada Biblia dos jornais, título que irritava e fazia "comichão" aos diários generalistas.
Os jornais dessa altura (anos setenta) eram bastante diferentes, quer no tamanho quer no conteúdo.
"A Bola" tinha a particularidade de ter na sua redacção um dos quintetos memoráveis do jornalismo português, Carlos Pinhão, Vitor Santos, Carlos Miranda, Alfredo Farinha e Homero Serpa. Habituei-me a ler as suas excelentes crónicas que ultrapassavam o universo futebolístico e eram grandes lições de prosa, em qualquer parte do mundo.
Mais tarde comecei a ler outros jornais, mas nunca fui tão fiel a nenhum deles, como fui ao trissemanário desportivo.
Uma das coisas da qual me orgulho, a nível profissional, em vários serviços por onde passei, foi arranjar maneira de comprarmos jornais diferentes, diariamente, de segunda a sexta. Além de ter fomentado a leitura também fomentava a diversidade. Recordo-me que o jornal que os meus companheiros menos gostavam de ler da lista, era o "Público" de sexta feira. Eu, antes pelo contrário, achava que era uma das nossas melhores escolhas...
Hoje continuo a ler jornais, embora deva confessar que já não os compro diariamente, graças às suas edições on-line. Claro que é dificil deixar o "papel", não é por acaso, que sempre que há um artigo que me interessa, vai de imprimir...
Uma das leituras que não dispenso é a "Gazeta das Caldas". Embora possa discordar de algumas opções editoriais, não tenho dúvidas que é um dos melhores jornais regionais que conheço e também a maneira mais acessível de saber como vão as coisas na minha cidade natal.
Nada melhor para ilustrar estas palavras, que o óleo, "Lendo o Jornal", de José Malhoa.
3 comentários:
Quanto aos jornais, o toque do papel continua a ser irresistível e folhear um jornal é, ainda, um gosto não encontrado nas edições on-line. Estas têm, entretanto, uma enormíssima vantagem: Não sujam as mãos...
Ainda tive o prazer de participar numa tertúlia de café em Almada, à qual estavam ligadas muitas pessoas que escreviam em jornais e também gente com obra literária publicada.
Claro que esta tertúlia acabou por ser engolida pelo tempo, pela vaidade e pela mesquinhez de alguns homens.
Nunca esqueci uma frase do grande Zé Gomes Ferreira (uma das pessoas que gostava de ter o prazer de ter conhecido pessoalmente...): «Impera no meio literário português, além do habitual emaranamento de vaidades, uma hipocrisia de arrancar a lua do céu para forrá-la de papel amarelo e chamar-lhe sol».
Ele caracteriza muito bem a nossa pequenez, que até cria as tais subdivisões em drs. e outros, como se um título académico, só por si, ensinasse alguém a escrever e a sentir o peso e a leveza das palavras...
Voltando à tal tertúlia, Zé do Carmo, apesar dela ter ficado "infectada" com os tais virus, onde a vaidade, a inveja e o cinismo, vão vencendo o verdadeiro companheirismo, ela foi importante, porque me "formou" como cidadão almadense, dando-me a conhecer muitos dos seus acontecimentos e personagens relevantes da sua história.
Os jornais, como não podia deixar de ser, eram o cerne da questão da tertúlia, eram lidos, comentados e até motivo para sorrirmos...
Concordo contigo Sininho, os jornais possuem um encanto único. Mas também acho que têm vindo a perder o conteúdo. Muitas vezes folheio o jornal e fico com a sensação que não ficou nada retido... provavelmente o meu nível de exigência que aumentou, mas também acho que escreve-se menos e pior que há uma dúzia de anos nos jornais.
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