sábado, outubro 14, 2006

O Cine-Teatro Pinheiro Chagas


O Cine-Teatro Pinheiro Chagas faz parte do meu imaginário infanto-juvenil. Foi a sala onde vi as primeiras sessões de cinema, através de clássicos inesquecíveis de Walt Disney, como a “Gata Borralheira” ou a “Branca de Neve e os Sete Anões”.
Depois da Revolução de Abril lembro-me de ter assistido a inúmeras matinés (penso que as entradas eram gratuitas...), onde foram projectados inúmeros filmes de animação e de aventuras.
Pouco tempo depois fechou para obras...
Acredito que nessa altura a maior parte dos caldenses pensavam que se tratava de um fecho temporário...
Mas a verdade é que nunca mais abriu as suas portas.
Começaram por destruir o seu interior, até que em 1992, o cinema histórico da antiga Praça do Peixe veio mesmo abaixo.
O processo de destruição do Pinheiro Chagas é muito parecido com o da Casa da Cultura - substituta do Casino do Parque, depois de Abril de 1974. Fecharam para obras, mas não voltaram a abrir as portas.
Foram dois dos maiores atentados à cultura da Cidade das Termas. O mais curioso, foi nunca ter visto ninguém explicar o que se passou de facto com estes dois encerramentos.
Continuo a pensar que estes encerramentos foram motivados por razões políticas. Especialmente a Casa da Cultura, cuja orientação cultural tinha uma matriz de esquerda, que contrariava a política conservadora do Município local.

8 comentários:

Alice C. disse...

Fiquei curiosa com essa história e estava a ver se alguém acrescentava mais alguma coisa num comentário. Mas, parece que não temos sorte, Luís.

100smog lda. disse...

seria interessante ver esse local total mente reestruturado!!!

Maria disse...

Pois é, e agora que se comemoram 50 anos do CCC (Conjunto Cénico Caldense) dá que pensar porque é que será que os atentados à Cultura continuam? Hoje mesmo no Porto, no Teatro Rivoli...
É que o CCC era muito incómodo para o regime de então...
Passaram pelo CCC nomes grandes do nosso teatro, e como este espaço não é suficiente para falar de todas as actividades do CCC, remeto para uma consulta à Gazeta das Caldas de 6 de Outubro, que tem um suplemento dedicado ao cinquentenário do CCC.
Deixo aqui só uma nota pequenina: numa comemoração dum centenário de Beethoven, há 37 anos (faz em Dezembro) estava a sala repleta de gente e de alguns senhores com gabardine e óculos escuros.
O Zé de Sousa sobre ao palco e declama um excerto da "Pedra filosofal", de António Gedeão.
Foi ver o pessoal todo de pé, a aplaudir até às lágrimas. E os senhores de óculos escuros nem se atreveram a fazer o que quer que fosse...

Obrigada por me trazer à memória o Pinheiro Chagas, onde vi tantos e tantos filmes na minha infância/juventude.

Luis Eme disse...

Tinhas razão Alice...

Luis Eme disse...

O local já está reestruturado... mas sem "Pinheiro Chagas".

Luis Eme disse...

Obrigado pela visita Maria.
Falo do CCC um pouco mais abaixo...

Maria disse...

Luis
Já tinha visto, mas há tanto a dizer sobre o CCC e da importância do CCC e da cidade de Caldas que, noutros tempos, era referência obrigatória da resistência política e da promoção da cultura, que achei que qualquer coisa que eu comentasse seria necessariamente muito extenso. Por isso me abstive.
Mas quando vi o velhinho Pinheiro Chagas não resisti.
E ainda não falámos do Salão Ibéria (acho que era assim que se chamava) que se situava no Parque e onde também podíamos ver cinema.
Devo por fim dizer-lhe que acompanho o seu blog desde o início. Já tive muita vontade de comentar alguns textos, de acrescentar algumas coisas, mas vem-me a preguiça...
Obrigada por ter posto a minha terra na blogoesfera.

Luis Eme disse...

O CCC foi realmente um marco da cultura nas Caldas.
Claro que lembro do Salão Ibéria... o nosso "piolho" da sétima arte. Teve mais sorte que o Pinheiro Chagas, já que "morreu" de morte natural (ruiu parte do edificio).
Maria, comente sempre, seja para acrescentar ou até para discordar...
É verdade, as Caldas também é a minha terra (ou uma das minhas terras...).