A Ida lançou-me o desafio de falar sobre os livros que li e que mais me marcaram.
Pensava não serem assim tantos, mas depois comecei a pensar e apareceram títulos e autores para todos os gostos, que me obrigaram a fazer uma quase selecção. Escolhi dez, não por serem os melhores, mas sim por serem os mais marcantes, em épocas diferentes da minha vida, que passo a referir:
Engrenagem, Soeiro Pereira Gomes – A descoberta do mundo do trabalho e do falso milagre que são fábricas, no começo da adolescência;
Sinais de Fogo, Jorge de Sena – Uma história de um outro país, que em encantou no fim da adolescência;
Malhadinhas, Aquilino Ribeiro – Marcou o meu regresso à leitura e o conhecimento deste grande escritor;
O que Diz Molero, Dinis Machado – Um retrato delicioso de uma outra Lisboa, quase de banda desenhada;
Bichos, Miguel Torga – Uma fabulação encantadora com tanta bicharada;
O Delfim, José Cardoso Pires – Um outro encontro com o tal país que pensamos distante, mas que deixou para aí alguns fantasmas;
Por Quem os Sinos Dobram, Ernest Hemingway – Um retrato prodigioso da luta pela democracia durante a Guerra Civil de Espanha;
Bairro da Lata, Jonhn Steinbeck – Fascinante. É talvez, o único grande livro que li, que não inventa qualquer história de amor;
O Velho que Lia Romances de Amor, Luís Sepúlveda – Tão simples e tão bonita esta história de amor pelos livros;
Capitães da Areia, Jorge Amado – Um retrato genial de um Brasil cheio de filhos da rua;
E como “extras” deixo ainda a poesia, toda, de Sophia de Mello Breyner Andresen, Fernando Pessoa, Zé Gomes Ferreira e Manuel Alegre.
Escolhi propositadamente esta escultura de Francisco Simões, uma musa com um livro nas mãos (bem podias ser tu Ida...), a única do concelho deste extraordinário artista, excluido das escolhas de Arte Pública do Município de Almada...
8 comentários:
Na prosa temos 4 coincidências...na poesia...todas!
Abraço
É curioso como gerações diferentes (não muito distantes, mas diferentes) têm em comum livros idênticos.
E os jovens que hojem têm 20 ou 25 anos? Será que lêem, ou só teclam? Vou até aos de 30....
Ai que delícia, Luís! Eu amei a escultura logo que a vi e fico encantada, tanto com o teu parentêses meiguinho, como por saber que fica no teu concelho. Há muita arte de qualidade por aí!
Qto às tuas escolhas, caramba, tenho de correr atrás disso tudo, exceto Cardoso Pires, Torga e Hemingway, sim senhor. Qto ao Sepúlveda, li dele "A história do gato que ensinou a gaivota a voar" que é uma gracinha, preciso ler esse outro. Da poesia, sou Pessoa em duas prateleiras da estante, desde a minha adolescência, na alma Álvaro de Campos, e nas tardes pós-almoço em casa dos meus pais em que recitamos juntos, de memória, quase tudo da Mensagem e das Quadras. Há alguma Sophia, que conheci há poucos anos, talvez 5. Do Manuel Alegre conheço pouco e nada do Zé Gomes Ferreira.
Vou pôr mãos à obra que já se faz tarde.
Que bom que voltaste, fazem falta o teu olhar e a tua virtual presença por aqui. Beijo do tamanho do Maracanã! :)
São boas coincidências, Rosa...
Tens razão, Maria.
Uns lêem, outros não, como nas nossas gerações... claro que os autores devem ser outros...
Olá Ida.
Eu nas leituras, se gostar de livro, devoro toda a obra dco autor. Foi o que fiz com os dez escolhidos...
No começo da década de noventa dei aulas em Vila Franca de Xira e apanhava o comboio em Santa Apolónia, que parava em toda a parte e demorava 45 minutos para cada lado. Eram viagens santas, aproveitadas para ler... foi nesta altura que devorei quase tudo de Hemingway, Steinbeck, Camilo e Aquilino, porque a biblioteca da escola tinha escelentes livros que ninguém lia (fiquei com a sensação que era a única pessoa que requisitava livros, que faziam o favor de viajar comigo...)
Eu trocava sem pestanejar o stress dos engarrafamentos (que também me roubam 45min, às vezes mais) por poder usar o comboio e ter o luxo de pôr as leituras em dia. Mas sempre tenho livros na mesa de cabeceira e é assim que vou diminuindo um tantinho a minha ignorância sobre tantos autores que por aí andam.
As bibliotecas, por sua vez, são um luxo quase sempre subaproveitado por jovens e velhos. É pena.
As coisas que me lembras Ida...
longe vai o tempo em que adormecia a ler e acordava tantas vezes com o peso do livro no rosto...
O nascimento dos meus filhos retirou-me esse prazer, porque para dormirem não podem haver luzes acesas em casa...
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