O primeiro clube pela qual senti uma simpatia especial foi o Caldas Sport Clube, um histórico da minha cidade e de toda a Região Oeste.
Esta paixão natural foi alimentada pelo meu pai, que me levou pela primeira vez, pela mão, de visita ao Campo da Mata, quando devia ter uns cinco, seis anos.
Desde essa altura, nunca mais deixei de visitar a Mata da Rainha D. Leonor, para ver o clube alvinegro, esgrimir argumentos com os adversários. Só aos dezassete, dezoito anos é que me começei a afastar do Caldas e posteriormente também da cidade.
Os seus momentos de ouro tiveram lugar na década de cinquenta, quando esteve na primeira divisão (entre as épocas de 1955 e 1959) e eu ainda não tinha nascido. Pelo que tenho lido, foi uma equipa que deixou boas recordações na montra principal do futebol português, porque gostava de dar espectáculo. Jogava sempre para ganhar, em qualquer campo, apesar das suas limitações óbvias.
Uma das suas principais figuras era o António Pedro, um centro campista de grande classe, que só não foi internacional nos anos cinquenta, por jogar num pequeno clube.
Este sonho durou quatro épocas, depois, como tudo o que é bom, acabou... e o Caldas não conseguiu voltar à divisão maior, andou quase sempre pela segunda divisão (quando descia à III, onde se encontra agora, subia quase sempre na época seguinte).
Há uma expressão que se popularizou por todo o país, que deve ser desta época: «Estás arrumado como o Caldas.» Provavelmente da temporada em que o clube desceu de divisão.
Embora nunca fosse uma "águia", ainda joguei nas suas equipas de iniciados e juvenis.
Na equipa de iniciados tive como companheiro, entre outros amigos, o José Mourinho, esse mesmo o "Number One" do Mundo (Prometo voltar ao assunto, neste espaço).
Claro que nunca perdi o "meu clube" de vista. Mesmo hoje, continuo à procura dos seus resultados e da sua classificação nos jornais desportivos, e como é natural nestes casos, fico de "orelha murcha" com as suas derrotas e de "cara alegre" com as suas vitórias...
(Fotografia da autoria de José Neto Pereira, da época 1956/57)