Nas cidades a vida é mais pequena que aqui na minha casa no cimo deste outeiro. (Alberto Caeiro)
terça-feira, junho 30, 2009
sábado, junho 27, 2009
O Meu Primeiro Observatório do Mundo
A Janela da sala do rés de chão onde vivi até aos treze anos, foi o meu primeiro observatório do mundo.
Foi o primeiro lugar onde me lembro de olhar o mundo com olhos de ver.
Adorava ficar por ali nos dias de chuva, a ver as pessoas a passarem na estrada de lama amarela (era muito pequenote, o alcatrão ainda não tinha chegado ao Bairro dos Arneiros...), cheia de buracos transformados em poças de água, extremamente perigosas com a passagem de qualquer carro, algo que não era tão frequente como nos nossos dias, embora bastasse um mais apressado, para pintar quem passava na rua de castanho...
Era uma rua sem passeios e sem alcatrão, um "perigo" que me divertia nestes primeiros invernos do meu contentamento, em que aprendia a olhar o mundo e as pessoas...
O quadro de Manuel Amado, com a janela, de "O Quarto de Pessoa", é um belo espaço de sonhos...
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segunda-feira, junho 22, 2009
Eva Vital Recordista Absoluta
Eva Vital estreou-se na selecção A de atletismo da melhor maneira, na Superliga Europeia de Atletismo que se disputou este fim de semana em Leiria.
No sábado fez parte da estafeta de 4 x 100 metros femininos que bateu o recorde nacional absoluto, com a marca de 44,70' (Eva Vital, Naide Gomes, Carla Tavares e Sónia Tavares).
No domingo bateu o recorde nacional dos 100 metros barreiras de juvenis e juniores, com 13,66', além de ter conseguido mínimos para o Mundial de Juvenis...
Grande Eva!
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quinta-feira, junho 18, 2009
Dias de Calor no Parque...
Na última vez que estive no parque com o meu filho, contei-lhe algumas das "batalhas navais" que travei no Lago do Parque, no começo da adolescência.
Sei que era quase sempre o mais pequeno da "pandilha". É o que acontece quando temos um irmão mais velho dois anos e os seus amigos são os nossos...
Talvez por isso fosse também o mais reguila, as "costas quentes" fazem destas coisas...
A batalha naval que guardo na memória com mais gozo, foi travada contra os "betinhos" do liceu, muitos deles colegas de turma do meu irmão, como o João Pedro "catatau", entre outros. Sei que graças à nossa perícia demos um banho monumental aos "meninos", que eram mais que nós e por isso mesmo resolveram fazer uma "espera", a pedirem meças, em terra firme...
Um amigo mais velho, que assistiu de camarote deliciado ao banho que demos, fez-me sinal, num dos bancos, para ir ter com ele. Reguila e rufia, antes de fugir, ainda me atirei às canelas de um deles, que já não recordo o nome...
Depois foi a debandada geral. Como éramos mais dados ao desporto e às correrias, os "betinhos" foram forçados a desistir da "forra"...
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terça-feira, junho 16, 2009
A Oeste do Oriente...
Nunca estive no chamado Oriente. O único lugar que conheço com algumas remiscências destes "mundos estranhos", é Marrocos.
Mas por ali, fiquei sempre com a sensação que o uso do lenço ou do véu, é facultativo. A única vez que estive mesmo num país qualquer, que se poderia chamar Irão, Líbano ou outra coisa qualquer foi no papel, numa "micronarrativa" (nessa altura não se chamavam assim...) que escrevi num ano qualquer, quase no final do século XX...
«Estranhamente a noite tornou-se dia, naquele quarto de pequenas dimensões. A mulher que se escondia dentro daquela coisa estranha, com um nome ainda mais estranho, que quase lhe roubava o rosto e corpo, assim que fechou a velha porta de madeira, com duas voltas na chave, libertou-se da "amarra". Fiquei quieto, com os olhos presos ao corpo quase visivel por debaixo da veste que me pareceu transparente. Acho que abri a boca, surpreendido com toda aquela beleza que começava nos cabelos bonitos, longos e sedosos que se libertaram e lhe cairam pelas costas. Pior só quando me olhou pelo espelho, tão fundo. Entrou de tal forma dentro de mim, que me senti despido, sem ter tido tempo para desapertar um único botão da camisa. Ali, naquele reduto, Gabina era mulher por inteiro, podia exibir toda a sua beleza sem reparos ou retaliações, tendo como testemunha o meu ar feliz e surpreendido...»
Não consegui identificar o autor do quadro... Adenda: Esqueci-me de dizer o essencial, não sinto qualquer atracção por estes países, como destinos turísticos ou outra coisa qualquer...
quarta-feira, junho 10, 2009
A Minha Estação: Caldas-Tejo
Tinha escrito qualquer coisa sobre a pretensão que algumas pessoas têm, de ser apenas cidadãos do mundo, de se distanciarem dos lugares que pisaram com a frequência natural de quem não é filho de nenhum artista de circo.
Mas o papel escondeu-se debaixo de outros papeis (esses mesmo que rodeiam a minha existência...).
Tinha escrito qualquer coisa do género: só se fosse mentiroso, me dizia cidadão de Nova Iorque, Paris, Londres, Buenos Aires, etc.
Sou orgulhosamente cidadão das Caldas da Rainha e de Almada, é aqui que residem grande parte das minhas influências e confluências.
Lembro-me de pequeno, sem os conhecer bem, já gostar de Malhoa, Rafael ou Proença.
Isto não aconteceu por acaso...
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sábado, junho 06, 2009
Um Desafio Poético
A Cristina lançou-me um desafio, completamente aberto, que apelava à construção e colagem de palavras.
A minha escolha acabou por ser parte da poesia do quase "patrono" destas minhas "viagens", ou seja, o lado mais campestre de Fernando Pessoa: Alberto Caeiro, o homem que descreveu o mundo sem pensar nele, em jeito de entrevista...
- Gostou de regressar à “Cidade Grande”?
- Nas cidades as grandes casas fecham a vista à chave, escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu, tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos podem dar, e tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
- Já vi que a realidade actual chocou-o...
- A espantosa realidade das coisas é a minha descoberta de todos os dias.
- Mantém viva a sua filosofia...
- Eu não tenho filosofia: tenho sentido...
Se falo na natureza não é porque saiba o que ela é, mas porque a amo, e amo-a por isso...
- Pelo menos continua um homem apaixonado...
- O amor é uma companhia. Já não sei andar só pelos caminhos, porque já não posso andar só.
- Foi por isso que voltou com os seus dois filhos, o Pedro e o João? Como olha para eles?
(Antes de responder olhou com satisfação para o Pedro que brincava com o irmão ali ao lado).
- Nas cidades as grandes casas fecham a vista à chave, escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu, tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos podem dar, e tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
- Já vi que a realidade actual chocou-o...
- A espantosa realidade das coisas é a minha descoberta de todos os dias.
- Mantém viva a sua filosofia...
- Eu não tenho filosofia: tenho sentido...
Se falo na natureza não é porque saiba o que ela é, mas porque a amo, e amo-a por isso...
- Pelo menos continua um homem apaixonado...
- O amor é uma companhia. Já não sei andar só pelos caminhos, porque já não posso andar só.
- Foi por isso que voltou com os seus dois filhos, o Pedro e o João? Como olha para eles?
(Antes de responder olhou com satisfação para o Pedro que brincava com o irmão ali ao lado).
- É uma criança bonita de riso natural. Limpa o nariz ao braço direito, chapinha nas poças de água, colhe as flores e gosta delas e esquece-as. Atira pedras aos burros, rouba a fruta dos pomares e foge a chorar e a gritar dos cães.
(Quando começou a falar do João, esboçou um sorriso de orelha a orelha...)
- Corre atrás das raparigas que vão em ranchos pela estrada com as bilhas às cabeças e levanta-lhes as saias.
- Mas aqui vai ser diferente...
- Eu nem sempre quero ser feliz. É preciso ser de vez enquanto infeliz para se poder ser natural...
- Faltam-lhe os rebanhos...
- Eu nunca guardei rebanhos, mas é como se os guardasse. Minha alma é como um pastor, conhece o vento e o sol.
- Pelo menos vão ter o Tejo como companhia...
- O Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia...
(Quando começou a falar do João, esboçou um sorriso de orelha a orelha...)
- Corre atrás das raparigas que vão em ranchos pela estrada com as bilhas às cabeças e levanta-lhes as saias.
- Mas aqui vai ser diferente...
- Eu nem sempre quero ser feliz. É preciso ser de vez enquanto infeliz para se poder ser natural...
- Faltam-lhe os rebanhos...
- Eu nunca guardei rebanhos, mas é como se os guardasse. Minha alma é como um pastor, conhece o vento e o sol.
- Pelo menos vão ter o Tejo como companhia...
- O Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia...
Como tem sido hábito meu, não passo este desafio a ninguém em especial, passo-o antes a toda a gente que o ache divertido e o aceite...
A pintura, "Lisboa e o Tejo", é do genial Carlos Botelho.
sexta-feira, junho 05, 2009
Se a Desonestidade Matasse...
Não consigo ficar indiferente à "mentira" de Vasco Pulido Valente, publicada hoje no "Público".
Ele escreveu o seguinte: «Fui anteontem à Figueira da Foz por uma auto-estrada deserta. Literalmente deserta: um camião ou outro, umas dezenas de automóveis, mais nada. A auto-estrada, claro, vai mudando de nome. Começa por se chamar A8, depois muda para A14 e acaba, salvo erro, em A17.»
Quem não conheça a auto-estrada até pode pensar que é assim. Mas não é. De vez enquanto vou às Caldas de carro e nunca encontrei esta via deserta, como o cronista falacioso diz, até tem movimento a mais para o meu gosto. Claro que não tem a circulação automóvel da A1 (felizmente!), mas está longe de ser o "deserto" que este senhor diz. Sei que ele é useiro e vezeiro em deturpar acontecimentos da nossa história, de qualquer forma não estava a espera de ler uma estupidez deste quilate, tudo para atingir a governação de Guterres. Nem sequer se lembrou (aliás, fingiu...) que a época da "loucura" pelas auto-estradas, data do famoso "cavaquistão", de tão má memória, com gente no governo com a classe de Oliveira Costa, Cadilhe, Loureiro, etc...
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quinta-feira, junho 04, 2009
Caminho de Luz
Foi com grande prazer que entrei no Salão luminoso do antigo Casino das Caldas, depois de Abril, Casa de Cultura e, espaço teatral do "Teatro da Rainha".
Não custava assim tanto, renovar aquela passagem deliciosa, entre o Largo Rainha D. Leonor e o Parque D. Carlos...
Quando os "poderes" de uma cidade andam de costas voltadas, sabemos que é mais difícil acontecerem boas novas. E foi quase assim, durante vinte anos...
Não fiz nenhuma "sondagem" mas tenho a certeza que os Caldenses, os visitantes e a própria história da Cidade gostam de Luz...
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