Estava à procura de uma imagem para um trabalho, quando encontrei este quadro de Mário Fani, que estava guardado para publicar por aqui, um dia destes, com o pensamento no meu pai e no meu sogro, que já não estão entre nós.
Ambos nascidos e criados na Beira Baixa, tinham um fascínio pelos pratos metálicos, com que deveriam ter a maior parte das refeições durante os anos que viveram nas suas aldeias, que ainda continuam quase perdidas no interior.
Digo fascínio, porque pude testemunhar nos dois casos que, quando por uma ou outra razão, almoçavam sozinhos e tinham de tirar os pratos do armário, escolhiam sempre os de metal, quase escondidos e com muito pouco uso (a mãe usava-os apenas para os fritos...).
Só hoje é que pensei na razão pela qual o faziam.
Provavelmente aquele gesto simbolizava o seu regresso à infância, à mesa da casa dos pais. Apesar de terem sido tempos de fome (ambos cresceram durante a Segunda Guerra Mundial...), estava tudo ali, reflectido naqueles pratos...