segunda-feira, setembro 29, 2014

Setembro no Campo (5)


Com a chegada do Outono começava a escola e quase que perdíamos o rasto dos campos.

Voltávamos alguns fins de semana, mais para matar saudades com os avós, que para visitar as fazendas do avô. Até porque nas aldeias o domingo era mesmo dia santo, com visita à missa e tudo.

Claro que trazíamos sempre qualquer coisa, nem que fosse um saco de fruta e outro de legumes, para não perdermos o perfume e sabor dos campos.

O óleo é de James Borger.

segunda-feira, setembro 22, 2014

Setembro no Campo (4)


Um dos exercícios que tenho feito na fisioterapia é pisar uma cunha de esponja forrada a napa.

Sempre que faço esses movimentos, lembro-me da alegria que era entrar no lagar e ficar ali a pisar as uvas, na companhia do meu irmão e dos primos.

Só quando se começava a fazer o vinho é que éramos convidados a acabar a brincadeira, para não estorvarmos o avô, o pai e os tios.

Claro que depois de crescermos mais de um palmo, também participávamos naquele agradável treino de musculação, em que o nosso suor se misturava com o vinho e em que todo o trabalho era feito de forma artesanal...

sábado, setembro 13, 2014

Setembro no Campo (3)


Volto aos campos, para falar das vindimas, que me lembro desde sempre e que se iniciavam durante o mês de Setembro (normalmente na segunda quinzena).

Fazer vinho era um dos maiores orgulhos do avô, e depois passou a ser do meu pai, quando herdámos uma das vinhas, o Arneiro.

Há quase algo de mágico na arte de fazer, é quase uma quimera que enche de orgulho quem trata de uma vinha desde o seu início, a poda, até ao fim, a apanha das uvas...

Além do vinho que chegava aos lagares, havia a aguardente, o açúcar (e um pó branco, conservante acho eu), que se misturam na pia, que era despejada com o motor para um dos depósitos enormes da adega (que também herdámos...), onde ficava a fermentar.

O avô (e o pai, posteriormente...), iam medindo o grau do vinho, quase tina a tina, não escondendo o orgulho da fortaleza deste néctar, em anos  mais quentes e com menos chuva na Primavera e Verão...

O óleo é de Ernesto Arrisueno.

sexta-feira, setembro 05, 2014

Setembro no Campo (2)



O meu avô podia muito ser a personagem retratada neste quadro do Eustáquio Servelles, junto da sua parelha de vacas mais famosa, a "Borisca" e a "Benfeita" (nunca percebi o porquê destes nomes...).

Quando me recordo do meu avô materno, descubro um homem sábio, com uma enorme bagagem da sabedoria popular, tão útil naqueles tempos, que fazia com que desse a sensação de saber quase tudo sobre a vida.

As suas conversas a caminho de estórias, tinham algo de mágico (devia ser por isso que a avó tinha ciúmes...), deixando os netos sentados sossegados nas escadas que davam para a casa de fora, a beberem cada uma das suas palavras...

A única coisa realmente diferente dele em relação à personagem deste quadro, é o cigarro. Penso que o avô nunca fumou. Pelo menos eu nunca o vi fumar, embora não o tenha conhecido na juventude, espaço de eleição para quase todos os pecadilhos.


quarta-feira, setembro 03, 2014

Setembro no Campo (1)


Em Setembro costumávamos apanhar a fruta das fazendas do avô.

Lembro-me que era uma tarefa realizada antes das vindimas.

Além da alegria do rancho de pessoas, enchiam-se umas dezenas boas de caixas com pêros e maçãs...

O óleo é de  Eustáquio Segrelles.