Acabei de ler há poucos dias o livro de contos curtos, "A Festa dos Caçadores", de Henrique Manuel Bento Fialho. São mais de cem histórias, quase todas do quotidiano, dele e nosso, onde nos vão surgindo, página a página, "pessoas", "cromos", "acontecimentos", "citações", "teorias", "desabafos"... Quase sempre coisas que tropeçam em nós diariamente e que por falta de talento ou de vontade, não as transformamos em literatura, da boa, como aconteceu com o Henrique.
Estive indeciso, se havia ou não de escrever, sobre este livro, que é a continuação de outro, com menos páginas ("Call Center"), porque estou longe de ser crítico literário. Apenas posso dizer se gosto ou não, sem entrar muito na "desmontagem" das suas histórias, quase sempre bem escritas e imaginadas.
Mas há algo que quero referir. Ainda bem que o Henrique prefere ser, além de poeta, um "velocista" neste mundo das literaturas. Sim, ele começa e acaba as histórias mais depressa que o tempo que o diabo demora a esfregar um olho, e ainda bem. Agarra o momento, escrevendo apenas o necessário (já a minha avó dizia que "a palha é para a burra"...), o que interessa e cabe em cada uma das suas histórias deliciosas. E não esconde nenhuma palavra, mesmo as que alguns "puristas" acham de "mau gosto".
Porque a vida é isso mesmo, uma "casa" cheia de cenas de gosto duvidoso...