A ceifa dos campos está associada ao Verão...
Lembro-me no começo da adolescência de a minha avó me ter ensinado a ceifar. Embora, na verdade, nunca me ajeitasse muito com a foice.
Pouco tempo depois, tive oportunidade de colocar em prática os ensinamentos da avó. Não sei bem porquê, sei apenas que eu, o meu irmão e o meu pai, tivemos de ceifar o pasto que o avô tinha semeado para o gado, na parte superior da Ambrósia.
Claro que aquilo era mais brincadeira que ceifa, ao ponto de o pai, ceifar mais de metade do pasto...
Para não ficarmos muito desanimados, explicou-nos o porquê de ceifar tão bem, contando-nos as suas aventuras no Alentejo, nos tempos de escassez de comida e de trabalho...
O pai e o seu avô, assim que se aproximava a época das ceifas, faziam a trouxa e partiam para da Beira Baixa para o Alentejo, onde passavam dias e dias a ceifar, de sol a sol, atrás do "pão", amassado por algum parente do diabo...
Claro que nem tudo era mau, havia sempre o convívio, a alegria do povo que vinha de várias regiões, para o Sul, e as histórias, que ia ouvindo aqui e ali, sobre outros mundos, além da sua Beira, tão inóspita...
O belo óleo, "A Salmeja", é da autoria de Silva Porto.