sábado, fevereiro 21, 2015

Caldas SC: O "Garrincha" do Caldas (6)



Durante anos o Caldas teve no seu plantel um jogador, que recebeu (erradamente) como nome de guerra, "Garrincha".

Olhando para os jogadores de hoje, penso que ele seria mais um "Maxi Pereira", pela sua entrega ao jogo e amor à camisola. É uma coisa normal (comigo acontecia o mesmo...), quando temos limitações técnicas, suamos muito mais a camisola que os "artistas da companhia"...

Ainda me lembro que quando se chutava uma bola para as nuvens nos treinos, aparecia logo alguém a aplaudir o "remate à garrincha".

Só mais tarde é que conheci o "Anjo das Pernas Tortas", o verdadeiro Garrincha, que adorava sentar os adversários na relva e dançar "samba" com bola, o craque que tanto brilhou nas selecção do Brasil nos anos 1950 e 1960, campeãs do mundo. 

Este como tantos ídolos, fez quase tudo bem dentro dos relvados e tudo mal fora deles. Ficou o mito e a lenda, de quem provavelmente continua a fintar tudo e todos, lá pelos céus (de certeza que há por lá campos de futebol...).

Ou seja, não havia comparação possível entre os dois jogadores.

Mas que tenho curiosidade em saber o porquê deste baptismo de fogo ao atleta do Caldas, tenho...

segunda-feira, fevereiro 16, 2015

Caldas SC: O "Pelé" do Meu Bairro (5)


Um dos meus primeiros ídolos foi o "Pelé" branco do meu bairro, que era um dos bons jogadores dos juniores do Caldas, contemporâneo do Vital (que entretanto fora contratado pelo Benfica e foi uma das maiores "máquinas de golos" das camadas jovens do clube da Luz, continuando a marcar golos no Riopele, na II Divisão, até ser contratado pelo FC Porto de Pedroto, bi-campeão nacional, onde chegou a internacional A...) e de Dino (que jogou nos seniores do Caldas).

Estou a falar de Luís Rosa, mais um daqueles jovens que passou ao lado de uma bela carreira como futebolista e que morava no Bairro dos Arneiros, da minha meninice.

Nunca esqueci um jogo especial disputado no campo do FC Caldas (ao fundo do Bairro...), em que devia ter uns doze anos e como faltava um jogador no onze contra onze, o "Pelé" acabou por me escolher para a sua equipa.

Mesmo pequenote aceitei o desafio e fiz "miséria", sobretudo nas canelas dos adversários. Destemido, atirava-me de tal maneira aos rapazes maiores (provavelmente com a sua condescendência...), que o "Pelé" acabou por me baptizar ali mesmo do "Esgravulha Batata".

Embora não saiba a razão do seu "nome de guerra", acredito que tenha sido pelos seus pormenores técnicos, acima da média, pelo menos quando comparados com o resto da malta do Bairro...

(Esta fotografia dos verdadeiros, Pelé e Garrincha, não aparece aqui por acaso...)

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

Caldas SC: O Bairro da Ponte era o Bairro do Caldas (4)


Tanta gente do Bairro da Ponte que jogou no Caldas!

Até mesmo da equipa mais famosa, a dos anos 1950, da passagem quase breve pela Primeira Divisão...

Sim, tenho quase a certeza que o Janita e o Anacleto moravam no Bairro. Não sei se o António Pedro sempre morou no bairro, sei apenas que acabou os seus dias quase em frente da sede dos "Pimpões"...

Devem ter sido, seguramente, a inspiração de muitos jovens que acabaram por vestir a camisa alvinegra, desses anos já longínquos até à actualidade. Conheci dezenas deles, que não vou enumerar, para não ser injusto.

Vou falar apenas de um, por ter sido um dos meus melhores amigos da infância, o Paulo Gaspar, companheiro de escola, desde a primária até à secundária e que passou a infância no Bairro que rivalizava com o meu (Bairro dos Arneiros...). Rivalidade de tal forma acesa que muitas vezes depois dos jogos inter-bairros se faziam autênticas batalhas de pedrada, quando o esgoto a céu aberto (o famoso "rio do mijo") era a principal fronteira entre os dois bairros.

Para mim o Paulo Alexandre era um "craque", um dos poucos que eu achava que poderiam ir longe no futebol. Talvez o problema fosse dos meus olhos que até conseguiam fintar a realidade. 

Lembro-me de um episódio engraçado (hoje...), de estarmos os dois no banco de suplentes da equipa de juvenis e de eu lhe dizer (quase em surdina...) que não percebia porque razão ele não jogava e estava ali a meu lado. Ele abanou os ombros, sem me responder. Continuo a pensar que nesta altura eu tinha mais razão que o treinador, porque ele era bem melhor que alguns dos titulares, mas o "mister" é que fazia a equipa...

Pouco tempo depois de eu trocar o futebol pelo atletismo, o treinador deu-me razão e ele nunca mais saiu da equipa. No final dessa época encontrámos-nos casualmente no Estádio de Leiria, eu a competir pelo Arneirense, na pista de atletismo e ele a preparar-se para jogar a final da Taça de Leiria de Juvenis, no relvado.

Não mais deixou de jogar nas equipas do Caldas. Acabou por ser promovido a senior, mas não foi o fora de série que eu pensava que seria...  

A única coisa que sei é que nunca deixou de ser o melhor dos nossos jogos de rua. Para mim até era superior ao "caga-manias"...

terça-feira, fevereiro 03, 2015

Caldas SC: Foste O Melhor de Todos (3)


Não sei muito sobre ti e, sinceramente, não me apeteceu investigar ou ler o que os outros escreverem sobre o teu talento de atleta, fora de série, ou fazer o teu resumo desportivo. Também nunca te vi jogar, quanto muito lembro-me de teres sido treinador do nosso velho Caldas, uma ou outra vez.

Havia duas marcas pessoais que tinhas, uma ligeira corcunda (não sei se te chamavam "marreco"...) e a brilhantina que colocavas no cabelo (também não sei se a substituíste por gel nos últimos anos...).

Foste sempre o ídolo número um das gentes das Caldas. Penso que continua a existir uma unanimidade à tua volta, como existia com Eusébio a nível nacional, graças ao talento que tinhas, de sobra para levares o Caldas "às costas" - podia ser uma explicação para a tua curvatura na coluna, em mais uma daquelas ironias da vida - e conseguires, de mão dada com os teus companheiros, o milagre de manter o Clube durante quatro épocas consecutivas na Primeira Divisão. 

Nesses já longínquos anos 1950 as tácticas eram diferentes, assim como o posicionamento dos jogadores, mas tu eras o "maestro" de uma "orquestra" nem sempre afinada e também marcavas uns golitos, quando te deixavam à solta. O teu talento fazia com que fosses o alvo a abater dos muito adversários caceteiros (nesses tempos parece que havia quem gostasse mais de chutar a canela que a bola)...

Os fulanos agarrados ao passado dizem que se jogasses hoje podias ganhar o dinheiro que querias. E que provavelmente estavas a jogar no estrangeiro. Não sei, mas pelo menos brilhavas na Primeira Liga e não no Campeonato de Seniores.

Sei apenas que envelheceste bem, sem tiques de vedeta e sem perderes o sorriso. Soubeste ser um campeão também fora das quatro linhas.

Já falei de ti aqui, António Pedro. E hoje tenho a certeza que eras mesmo tu, o velho simpático que estava à janela e cumprimentou a minha mãe (que continua a morar naquela que também era a tua rua...) e a mim por acréscimo.