Lembro-me de a avó fazer o almoço para o avô, meter tudo numa cesta, tapadinho por um pano e levá-lo à cabeça, até à fazenda, onde ele estivesse a trabalhar.
Acompanhei a avó algumas vezes, nestas viagens, quase sempre enebriado pelo cheiro dos petiscos que fazia, para dar energia ao seu homem.
Quando chegávamos, eu olhava com enlevo para a comida e o avô sorria e acabava por a partilhar comigo. A avó não achava piada e chamava-me guloso, que já tinha almoçado, etc, mas aquele cheiro do farnel era mais forte que eu...
Recordo-me, que às vezes o meu pai também ia trabalhar para fora e levava almoço. Quando ele chegava adorava rebuscar a sua mala, à espera das sobras. A mãe fazia muitas vezes carne panada, e lá estava eu à espera de um panadinho...
Pois é, os petiscos são uma coisa fabulosa, especialmente os cheiros...
O óleo que ilustra este texto é a "Sesta" de José Malhoa, mas como este momento de descanso, está acompanhado da cesta do farnel, acabei por a escolher...