Tenho bastantes recortes do jornal da minha cidade natal (Gazeta das Caldas), que me fazem perceber o quanto foi nefasta a perpetuação no poder de um senhor com o mesmo apelido do nosso primeiro-ministro como presidente de Câmara. O quanto se perdeu por teimosia, burrice e arrogância política...
Nem a situação geográfica das Caldas, bem no centro do Oeste - com as cidades de Peniche, Nazaré, Alcobaça e Bombarral a pouco mais de vinte quilómetros e as praias da Foz do Arelho e São Martinho do Porto a pouco mais de dez e Óbidos a cinco (manteve com este Município e com o seu presidente uma "guerra" aberrante, desbaratando o muito que foi feito pelo desenvolvimento da Vila, e eram da mesma força política...) -, foi aproveitada para manter e desenvolver a sua notória importância comercial, turística e cultural.
Se fôssemos um país normal, pessoas como este senhor, que se perpetuavam no poder entre os vinte e os trinta anos (abençoada lei que fixou o número máximo de mandatos autárquicos...), não poderiam fugir das suas responsabilidades, do muito mal que fizeram às suas terras. Ou seja, era impossível "empurrarem" a culpa para os outros, porque muitos dos erros cometidos estão fixados no tempo e na história.
Mas como todos sabemos, nem o facto de se conhecer os responsáveis pelos muitos "desmandos", que se fizeram de Norte a Sul, é uma vantagem no nosso país, onde continua a reinar a impunidade (muito graças à nossa justiça e ao nosso poder político...).
Nota: texto publicado originalmente no "Largo da Memória".
(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)