Estava no meio de uma conversa com "os meus botões" (adoro esta expressão, e se falo com estes companheiros...), quando, apanhei no ar duas palavras que escaparam do diálogo entre duas personagens secundárias, que atravessavam o rio, no mesmo cacilheiro que eu.
Não pude deixar de pensar no conceito que esta gente tem da "figura pública", nem tão pouco de continuar a viajar no tempo...
Tenho a certeza de que quando não havia televisão, nem se vendiam as revistas "cor de rosa foleiro", as pessoas não se tornavam "figuras públicas" por fazerem coisas absurdas e insignificantes, como andar por aí de festa em festa, a comer rissóis e a tirar fotografias, com sorrisos e poses de actores de quarta categoria.
Recuei à minha infância e não foi difícil de concluir que quem deveria merecer esta designação era o barbeiro, o sapateiro, o merceeiro, a cabeleireira, o taxista, etc, esses sim, figuras eminentemente públicas, cuja existência se devia ao facto de servirem a comunidade e não de se servirem de nós...
Mas estamos numa época em que não se mudam apenas os tempos. Está tudo em transformação permanente.
Até os ventos já não são o que eram, estão cada vez mais rebeldes...