Sei que posso não ter os dados todos, por estar afastado do desporto (pelo menos muito mais que há 20 anos em que fazia jornalismo desportivo...) e por não viver nas Caldas.
Mas quando vejo que Almada se candidatou a "Cidade Europeia do Desporto 2018" e as Caldas da Rainha a "Cidade Europeia da Criatividade 2020", ficou com a sensação que bem poderiam trocar de candidaturas.
Almada, embora possua melhores infraestruturas que em 1996 (para recuar apenas os tais 20 anos...), tem muito menos "vida desportiva", menos clubes e menos gente a praticar desporto, pelo menos com vocação e qualidade competitiva.
Nessa época os clubes mais representativos da Cidade estavam no auge (Ginásio Clube do Sul e Almada Atlético Clube), além de terem as suas equipas de andebol nas divisões principais, praticavam outras modalidades com sucesso. A Naide Gomes, por exemplo, fez atletismo no Ginásio. E também existiam mais competições populares (mais corridas de estrada por exemplo...) e os "desaparecidos" Jogos Desportivos de Almada (penso que era assim que se chamavam...), e como seria normal, mais clubes populares.
O desporto ainda não se tinha "burocratizado", dificultando a vida aos chamados "clubes pobres" (e também aos "ricos", o Almada e o Ginásio que o digam...), com uma série de obrigatoriedades, que embora fossem necessárias, a já habitual desresponsabilização do Estado, fez com que a factura final fosse endereçada aos clubes...
Mudando de Cidade, as Caldas é uma "terra onde quase não se passa nada" no campo cultural, e a única criatividade que salta à vista é a dos alunos da Escola Superior de Arte e Designe, mas distante dos caldenses. Exactamente o contrário de Almada, onde há quase um "criativo" por lar...
Mas os "inteligentes" de cada uma destas duas cidades é que sabem com que linhas se cozem...
Nota: Repeti pela primeira vez um texto (também foi publicado no "Casario"), por pensar que os leitores dos dois blogues são diferentes...)
(Fotografia de Luís Eme)