Fico feliz por a Junta de Freguesia de Salir de Matos se ter lembrado (finalmente...) de homenagear um dos seus filhos mais ilustres, com a atribuição de um espaço topónimo importante, no largo junto da Igreja do Lugar, no próximo dia 10 de Dezembro.
Estou a falar do Padre José da Felicidade Alves (1925 - 1998).
Embora acredite que se trate de uma mera coincidência, fico satisfeito pelas minhas palavras escritas nas "Viagens", no fim de Outubro, tenham surtido algum efeito...
José da Felicidade Alves nasceu no bonito Vale da Quinta, da Freguesia de Salir de Matos, num lar humilde, filho dos tios Joaquim e Maria "Pexinheira". O seminário foi a saída possível para a criança inteligente que se salientou na escola desde bastante cedo.
Ordenado sacerdote em 1948, deu a sua primeira missa na Igreja de Salir de Matos, junto do seu povo, orgulhoso deste filho tão distinto.
A inteligência brilhante e o carácter do Padre Felecidade Alves fizeram com que fosse nomeado professor, primeiro no Seminário de Almada, depois no Seminário dos Olivais.
Posteriormente foi nomeado pároco das Freguesias de Santa Maria de Belém e de São Franscisco Xavier, em 1956, onde desenvolveu uma acção pastoral inovadora e polémica (especialmente na segunda metade dos anos sessenta), falando nas suas homilias de alguns temas tabus, como a justiça social, a guerra colonial e a perseguição política, solidarizando-se com o grupo de católicos progressistas que despontava e abanava as estruturas religiosas do Cardeal Cerejeira, amigo intimo de Salazar.
O resultado da sua coragem foi o afastamento compulsivo da paróquia de Belém por Cerejeira, com o célebre "Caso de Belém"...
Este texto está ilustrado pela capa de um livro, onde um católico salazarista pretende defender o indefensável, segundo a cartilha da Igreja de Cerejeira...
(Continua)
9 comentários:
Lembro-me bem de teres falado nele... até comentei!
Luís,
Ainda bem que voltas a este tema. O Padre Felicidade Alves foi um lutador e um resistente ao fascismo.
É importante os mais novos conhecerem a nossa história, acredito que este blogue contribua para isso.
Fico a aguardar a continuação do texto...
Um abraço e bom domingo
Não fazia a mínima ideia da sua naturalidade.
Salir de Matos tem toda a razão no orgulho que sente por este seu filho!
Exacto, MFC...
Espero continuar amanhã, Maria...
Claro que tem, "Rosa dos Ventos"...
Até porque o Padre Zé sempre se manteve fiel ao seu "Vale da Quinta"... onde retemperava energias, com os ares saudáveis do campo...
Olá Luís!
Foi com surpresa que encontrei o seu blog. Eu também sou de Salir de Matos, apesar de não ter nascido lá. É a terra natal de minha mãe e fomos para lá viver tinha eu 14 anos. Desde então que criei raízes em Salir. Hoje tenho 31 anos.
Sou directora de um pequeno jornal paroquial e encontrei este blog quando fazia pesquisa sobre o Pe José da Felicidade Alves. Depois de ter lido os vossos comentários posso dizer que esta homenagem foi realmente muito importante porque as pessoas da minha geração não faziam a mais pálida ideia de quem ele fosse,ou mesmo, que tivesse existido, e esta homenagem veio refrescar a sua imortalidade.
Fico feliz por existirem pessoas longe que se importam com esta pequena aldeia.
Votos de um feliz 2007!
Estela Costa
Obrigado pela visita, Estela.
Num dos primeiros textos que escrevi neste blogue, explico a minha ligação a Salir de Matos, aldeia onde fui nascer (na casa da minha avó), embora vivesse nas Caldas da Rainha.
Um bom Ano Novo também para ti.
olá a todos ainda bem, que alguém se lembra de não deixar morrer o que é imortal.Embora tardiamente a gentes da sua terra fizeram-lhe alguma, mas pouca justiça, no entanto, devo lembrar que até o salão onde está a placa denominada largo Padre José da Felicidade Alves, foi em tempo da sua construção por si ajudado, bem como muitos dos seus conterraneos. pagou caro por não ter vivido de cabeça baixa e defender os seus ideais. descanse em paz. Padre felicidade. Maria
e
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