O meu avô materno era um exemplo de trabalho. Tudo o que deixou aos filhos (várias fazendas e vinhas...), foi conquistado com muito suor (e o da sua companheira, a avó Henriqueta e claro de todos os filhos, cinco, numa altura que fazer filhos também representava ajuda no lar..), rigor e uma seriedade que já não há...
Ontem, sem uma explicação plausível, lembrei-me dos difíceis acessos (muito difíceis mesmo...) até ao Vale da Moira, uma das suas vinhas, que ficava quase lá bem para trás do sol posto.
Depois de chegarmos a uma aldeia vizinha de Salir de Matos (Trabalhias), ainda tínhamos de subir "uma montanha" (entretanto deve ter ficado mais pequena, estou a ver estas coisas com o meu olhar de criança...), pois ela ficava praticamente na cota mais alta daquele lugar.
Ainda me lembro da luta que o avô travava com as vacas que puxavam o "carro de bois", que ficavam com o lombo em sangue, com as picadelas que ele lhes dava com a vara.
E o regresso não era menos espectacular, com o carro completamente travado nas zonas mais vertiginosas, para chegar inteiro ao vale, que, ironia das ironias, costumava ficar transformado em pantanal com as primeiras chuvas.
Não foi por acaso que esta vinha logo que foram feitas as partilhas ficou condenada ao abandono...
(Óleo de Balthus)
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