Foi o que aconteceu há pouco, com duas vizinhas que aproveitaram para colocar as "novidades" em dia, sem se aperceberem que as suas vozes entravam nas nossas janelas, como se quisessem falar connosco.
Sorri e recordei o meu pai, que sempre foi avesso à chamada "quadrilhice" ou "coscuvilhice", que ainda continua a fazer mais parte do universo feminino que do masculino. Se havia pessoa que ele não achava muita piada no nosso bairro era à leiteira (uma senhora que passava todos os dias pelas ruas do nosso bairro, com o seu carro metálico com rodas de bicicleta, que deveria ter um sistema qualquer de refrigeração - nem que fosse uma pedra enorme de gelo - e vendia leite do dia em pacote, ao mesmo tempo que também oferecia "notícias fresquinhas" a quem lhe dava dois dedos de conversa...).
"Lá vem o jornal do bairro", dizia ele, por graça.
E ela era mesmo boa, sabia tudo sobre a vida dos outros. Podia inventar algumas coisas, mas era uma autêntica investigadora, especialista em mexericos. Podia assinar muita da prosa das revistas (que são mais da cor de burro quando foge, que rosa...) ou ter uma página de facebook muito visitada e comentada...
Nota: Texto publicado inicialmente no "Largo da Memória".
(Fotografia de Luís Eme - o "Segredo" de Lagoa Henriques, Lisboa)
1 comentário:
Olá Luís!
Até as palavras o " Vento " levou.
Agora só teremos de ter coragem para recomeçar!
Num mundo repleto de regras!
Um abraço esperançoso.🌺
Megy Maia🌈
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