terça-feira, março 16, 2021

O Golpe das (minhas) Caldas...

Hoje passa mais um ano do golpe falhado que partiu, com bilhete de ida e volta, das Caldas, que ganhou o seu dia, quase revolucionário: o "16 de Março".

Por ser um dos primeiros actos subversivos que conheci (o pai de um dos meus melhores amigos, assistiu a tudo, de binóculos, numa vivenda do Avenal (área de residência com vista para o então RI nº 5 (regimento de infantaria número cinco), porque o "golpe" foi falado na cidade onde cresci e vivi até aos dezoito anos, até mesmo por "putos" de onze anos, que frequentavam o primeiro ano do ciclo preparatório.

Ao longo dos anos fui escutando várias versões desta tentativa de golpe militar. E cá vez estou mais convencido de que foi de facto um "contragolpe" spinolista. Como o general se sentia "fora do baralho", pois embora tivesse conhecimento do que se passava, estava quase a "leste do paraíso". E como Spínola devia delirar com medalhas, era um daqueles militares com "apetites de herói", não queria passar ao lado da Revolução...

O mais curioso, foi ter sido Marcelo Caetano a trazê-lo para a história da Revolução de Abril, com a quase ameaça de só entregar o "poder" ao general do monóculo, para este não ficar caído na rua...

Esta minha opinião baseia-se em várias conversas que tive com "Capitães de Abril", na leitura de entrevistas com alguns intervenientes e também no meu "sexto sentido" (a intuição vale mais do que se pensa na história...).

Nota: texto publicado inicialmente no "Largo da Memória".

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


1 comentário:

Maria disse...

Partilho da tua opinião. Ainda este ano a Gazeta voltou a falar no 16 de Março como 'balão de ensaio' para o 25 de Abril, quando foi exactamente uma tentativa para que não houvesse o 25 de Abril. Enfim.... na Gazeta saberão a quem servem...
Abraço.