O 15 de Agosto sempre foi um dia grande nas Caldas da Rainha, com muitos visitantes, que não queriam perder a feira anual.
A feira nesse tempo era uma "instituição" admirável, especialmente quando ocupava o coração da Mata da Rainha, num tempo quase sem lojas de bijutarias e brinquedos.
Tudo aquilo ainda me parece enorme, visto com os pequenos olhos de criança, capaz de se deslumbrar por tudo e por nada.
Uma boa parte das diversões e o circo ocupavam o pelado do campo de futebol do Caldas. Parece que ainda estou a ver os heróis do "Poço da Morte", com as suas motas, que só quando cresci mais um palmo, pude ver ao vivo e espantar-me com uma das suas "avarias": conduzir com os olhos vendados...
Nesta época alguns tios aproveitavam para nos visitar e enchiam-nos a casa, do Bairro dos Arneiros.
Outro atractivo deste dia era a imponente tourada na velha praça da Cidade. O avô, velho aficionado, raramente a perdia. Foi a seu lado que vi pela primeira vez Ricardo Chibanga tourear de joelhos e depois ficar à frente do touro, ainda de joelhos na areia mas com os braços abertos, como se estivessemos a assistir a um número de ilusionismo e não de toureio apeado, pois o animal nem se mexia.
Com o passar dos anos o 15 de Agosto perdeu fulgor, a feira andou por vários sítios. Mas sobretudo cresci e deixei escapar quase todos os toques de magia, que nos povoam o imaginário infantil...
O óleo é de Kandinsky.
8 comentários:
E as farturas, Luís?
as Feiras lembram-me sempre as benditas farturas, mesmo que sejam amigas do colesterol.
beijinho e bom fim de semana
Não faço ideia onde é a feira este ano... nem sei se há.
Já a tourada parece que está esgotada :))))
Beijinho, Luís.
Que recordações me fizeste “viver” agora, Luís! : )
O Poço da Morte... ainda me lembro de ver esses “daredevils” – destemidos? – e temer que algo acontecesse. E o Chibanga... Cheguei a ver o Chibanga na televisão... nos tempos em que eu adorava, simplesmente adorava, a tauromaquia. Ainda gosto mas apenas uns segundos antes de as farpas serem espetadas, sem dó nem piedade, no pobre do animal. Um dia disseram-me (mediante um comentário que fiz num blogue – talvez aqui) que não se pode gostar de uma tourada por metade. É verdade. Mas ainda me sinto fascinada pelo toureio a pé e a cavalo. Os intervenientes são tão elegantes, tão peritos naquilo que fazem! Mas, na verdade, é uma barbaridade!
Tenho neste preciso momento familiares nestas festividades – local onde estaria também não fossem as minhas obrigações familiares!
as farturas estão sempre presentes, sim, Laura.
a feira foi no sitio dos últimos anos, onde penso que se faz o mercado semanal, Maria.
(acabei por escrever sobre a tourada...)
também é para isso que servem os blogues, Catarina. :)
Ainda há poucos dias li uma reportagem sobre o Chibanga, num dos semanários, e fazia essa referência ao momento em que se ajoelhava, a praça emudecia, expectante e atónita, e o touro estacava perante o matador. Nunca fui grande admiradora de touradas mas os restantes elementos da casa eram-no e até tenho sangue de Coruche.
Quanto à feira, ou às feiras, que aqui de semestrais vão passando a anuais, também sentem a crise. Só os miúdos têm direito aos divertimentos. Os graúdos retraem-se porque cada vez mais a crise se impõe quando se mete a mão nos bolsos.Ao contrário das touradas, eu ansiava os momentos da feira. Tudo ali me seduzia.
Bem-hajas!
Beijinho
Enviar um comentário